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Cultura tóxica e práticas duvidosas fazem parte da rotina da Oyo, diz NY Times

Fundada em 2013 por Ritesh Agarwal, a Oyo é uma startup indiana que conecta quartos de hotéis com turistas ou empregados procurando uma estadia em um local próximo, seguro e barato. Nascida na Índia, um país que ainda enfrenta grandes problemas de logística e infraestrutura, a empresa conseguiu proporcionar uma certa ordem nesse setor e, por conta do seu sucesso, alcançou no ano passado um valor de mercado de US$ 10 bilhões. 

 Mas essa história, aparentemente de sucesso, conta com alguns pontos delicados que podem comprometer tanto sua expansão internacional como sua existência na própria Índia. Após terem acessos a documentos fiscais, processos e entrevistas com atuais e ex-empregados, jornalistas do The New York Times publicaram uma matéria na qual afirmam que a empresa compactua com práticas antiéticas para manter seus negócios e o interesse de investidores. 

Acomodações inexistentes

De acordo com entrevistas, o time do NY Times descobriu que, por exemplo, a Oyo coloca oferece dentro da sua plataforma quartos de hotéis que não fazem mais parte da sua rede de parceiros. 

Os motivos para isso variam da pressão que os empregados sofrem para incluir novos quartos dentro do site como discussões e quebras de contrato. De acordo com um ex-funcionário da empresa, responsável pela captação de novos hotéis, ele e mais oito empregados passaram um mês inteiro criando “parceiros fake” para dar a impressão de que a base da firma é maior e, assim, causar uma melhor impressão para os investidores. 

Mesmo nos casos em que os hotéis cadastrados são verdadeiros, as fontes que conversaram com o jornal americano afirmaram que em diversas situações incluíram hotéis com infraestrutura bastante precária, sem água quente ou ar-condicionado.  

Em suas comunicações, a Oyo sempre informa que todos os quartos disponíveis em seus sistemas são compatíveis com os padrões normais que se encontra em hotéis. 

Atrasos em pagamentos

Além de oferecer quartos “fantasma” ou sem a estrutura necessária, a equipe do NY Times descobriu vários casos em que a startup aumenta sem aviso o percentual de retenção dos hotéis e muitas vezes nem repassa para esses estabelecimentos o preço da diária paga. 

Saurabh Sharma, ex-empresado da Oyo que concordou em falar para o jornal, explicou que empresa atrasava os pagamentos de propósito como forma de deixar esses estabelecimentos sem recursos e, assim, renegociar contratos mais vantajosos. Ou mesmo para utilizar o dinheiro de outra forma até que as empresas solicitassem o pagamento. Mas nem todos recebiam o valor devido 

“Se 1 mil reclamassem, nós pagávamos 200”, Sharma disse ter ouvido de gerentes da Oyo. 

Para evitar que a empresa fosse alvo de processos ou denúncias, os gerentes da Oyo estariam oferecendo quartos gratuitos para policiais e outros oficiais do governo. Além de depoimentos dos entrevistados, a equipe do NY Times afirma ter visto a troca de mensagens de um grupo de WhatsApp que confirmaria a prática. 

Até o fechamento dessa matéria, nenhuma das empresas citadas havia publicado um posicionamento. 

Expectativa do negócio

Uma possível falência ou redução agressiva dos negócios da Oyo não seria prejudicial apenas para a empresa em si. A marca foi a primeira empresa indiana a conseguir destaque internacional, e o mercado do país teme que um tropeço da firma acabe comprometendo todo o ecossistema, que começa a chamar atenção de investidores externos. 

Outra empresa que levaria um baque coma queda da Oyo seria o SoftBank: um dos principais investidores da marca, o banco controlado por Masayoshi Son tem esperanças de recuperar nesse negócio o dinheiro (e o reconhecimento) retirados após a WeWork, até então menina dos olhos da empresa, entrar em uma crise na qual envolveu mudanças na alta liderança, demissão de funcionários e fechamento de negócios paralelos. 

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