Cuidado com a neblina gerada no esforço de trazer a nuvem para terra
Ao passo em que o mercado de TI e as tendências para o setor se renovam a cada minuto, precisamos falar sobre a aplicação de soluções de Cloud Computing. Ainda que a tecnologia seja uma realidade consolidada para milhares de companhias no mundo, a nuvem está em constante mudança e, com ela, as possibilidades para ganhar agilidade e otimizar as operações das empresas.
Atualmente contamos com três principais modelos: 1) nuvem privada, a mais tradicional e com operação interna, próximo ao modelo tradicional de TI; 2) nuvem pública, operada exclusivamente por prestadores de serviço terceirizados; e, por fim, 3) nuvem híbrida, que une as características dos formatos anteriores, possibilitando o controle e segurança do ambiente privado com a flexibilidade do público.
Não é de supreender, portanto, que pesquisas recentes apontem que 71% das empresas que investiram no modelo estejam em nuvens híbridas. A novidade se dá em outro estudo, no qual observa-se que a cada dez empresas que optaram pela nuvem pública, sete voltaram a usar algum modelo privado. Os números refletem o operacional complexo e dinâmico das empresas, que dificilmente é aderente a apenas uma solução. Depois da implementação de um modelo, a adaptação é um esforço constante, assim como a avaliação de resultados.
Neste contexto, há a influência dos fornecedores de soluções de TI, em sua missão de desmistificar o uso da nuvem para grandes, médias e pequenas empresas. Uma cruzada em busca de cenários possíveis com alternativas de customização de acordo com o porte dos seus clientes e suas necessidades. Porém, no esforço de “trazer a nuvem para a terra”, muitos acabam por gerar uma “neblina”. Há requisitos pouco considerados por grande parte dos players. O principal deles é a cultura da empresa e dos interlocutores de TI. No mercado brasileiro, há muitas organizações conservadoras, no que diz respeito à adoção de tecnologias novas.
Também importantes são as questões regulatórias do país, as quais podem ter aplicações e pesos bem distintos para os tomadores de decisão em um mesmo segmento de mercado (por exemplo, telefonia tradicional vs VOIP, que oferecem o mesmo serviço ao cliente final).
Uma vez determinado do modelo de entrega (deployment) de infraestrutura, dentre os três mencionados acima, há ainda uma definição a ser feita: a escolha da infraestrutura em si. Esta decisão possui relação direta com o cumprimento de KPIs estratégicos de TI, como performance, disponibilidade, pós-venda e segurança contra invasões. Cada modelo de cloud entrega um nível de serviço distinto para cada um destes indicadores.
No modelo de cloud pública, incorre-se em um baixo custo de aquisição inicial com rápido crescimento de OPEX. Já no de cloudprivada, os custos iniciais de aquisição permitem economias de escala através de densidade de utilização do hardware. O controle e a contingência dos ambientes recai sobre a governança de processos da área de TI. Para a efetivação de qualquer que seja o modelo de nuvem, seja pública ou privada ou os dois, os principais drivers de decisão para contratações de serviços e aquisições de ativos são: os custos operacionais, custos marginais, time to market, disponibilidade de recursos, criticidades, competências da equipe e spill overs.
Uma decisão fundamentada e uma implementação estruturada permitem ganhos de eficiência. Um processo de avaliação constante do modelo e a rápida mudança quando necessário traz diferenciais competitivos ao seu negócio. A diferença entre ter uma solução de fato eficiente ou mais um problema a ser solucionado é a quantidade de neblina no datacenter.
(*) Daniel Goldener é gerente Sênior de produtos e soluções para Data Center da Lenovo