‘Contar histórias de pessoas LGBTQIAP+’ é ferramenta para promoção da diversidade em empresas

Autor e designer de produtos na RD Station, Patrick Cassimiro falou ao IT Forum sobre importância da visibilidade como estratégia de diversidade

Author Photo
3:55 pm - 30 de junho de 2022
Patrick Cassimiro, autor do livro 'Fabulosas - Histórias de um Brasil LGBTQIAP+' e designer de produtos sênior da RD Station (Imagem: Divulgação/Renato Parada)

Contar histórias de pessoas LGBTQIAP+ é um passo importante para iniciativas de promoção da diversidade e inclusão dentro empresas no segmento de tecnologia. É isso que defende Patrick Cassimiro, autor do livro ‘Fabulosas – Histórias de um Brasil LGBTQIAP+‘, lançado no último dia 22 de junho pela Paralela, selo da Companhia das Letras.

Hoje designer de produtos sênior da RD Station, onde trabalha junto aos times de engenharia em projetos de UX/UI, Patrick destaca a importância de se criar espaços onde pessoas com marcadores de diversidade possam compartilhar suas vivências com colegas de empresa – uma ferramenta importante para a promoção da empatia no ambiente corporativo.

Quando você conta uma história, você consegue trazer a empatia das pessoas. Elas conseguem se ver no seu lugar”, disse em entrevista ao IT Forum. “[A pessoa LGBTQIAP+] que está do seu lado também está pensando no trabalho, ela também tem que bater metas. Mas, fora isso, ela tem que lidar com outras coisas lá fora que você não faz ideia. Isso humaniza o processo”.

Com uma trajetória que já passou pelos segmentos da educação, terceiro setor, comunicação social e design, Patrick vê com bons olhos o avanço do debate de inclusão de pessoas LGBTQIAP+ dentro da indústria e áreas de tecnologia. Apesar da uma prevalência grande de uma maioria de homens brancos e heterossexuais entre equipes de TI, o designer de produtos celebra a expansão de grupos de afinidade dentro dessas organizações.

Leia mais: Dia do Orgulho: 3 empresas de TI reconhecidas pela inclusão

Segundo ele, experiências como o grupo PrideToBe, da RD Station, são ferramentas importantes para ações que vão desde o recrutamento de pessoas LGBTQIAP+ até a promoção de ambientes com segurança psicológica para que elas desempenhem suas funções corporativas da melhor forma possível.

“Toda empresa precisa ter grupos de afinidade. Grupos onde nós possamos discutir nossas vivências”, narra o designer de produtos. “Eu percebo que sempre que nós fazemos alguma fala nos colocando como protagonistas – eu ou outras pessoas com marcadores de diversidade –, nós temos mais discussão. A gente retém o público, consegue colocar as pessoas para prestar atenção”.

Além da criação e manutenção grupos de afinidade, Patrick reforça também a importância de que empresas levem outros dois fatores em consideração em suas estratégias de diversidades: a participação de lideranças e o estabelecimento de metas que sejam embasados na realidade da diversidade da população brasilera.

“A gente precisa ter diretores e pessoas em cargos mais altos como aliados da gente. Quando um diretor fala alguma coisa, há um peso diferente”, pontua. Sobre metas, complementa: “A gente está em uma empresa privada e a gente olha para números. Quando a gente fala de diversidade, a gente precisa falar na linguagem das empresas, precisamos falar de números”, reforça. “A gente tem que fazer um trabalho intencional, isso não vai ser do dia para a noite”.

Ícones LGBTQIAP+

A história do livro Fabulosas – Histórias de um Brasil LGBTQIAP+ começa a partir de um trabalho voluntário realizado por Patrick na Casa 1, centro de acolhida para pessoas LGBTQIAP+ em São Paulo. Durante a experiência, o designer entrou em contato com nomes de pessoas que tinham histórias importantes dentro da comunidade LGBTQIAP+ brasileira, mas sobre as quais nunca havia ouvido falar. “A gente falava de muitos nomes que são grandes na comunidade, mas que eu não conhecia. Comecei a me sentir meio ameba”, brinca.

Leia também: Comunidade LGBTQIA+ sofre mais com retorno ao trabalho presencial

Para que as histórias destes ícones de diferentes épocas não fossem esquecidas e alcançassem mais pessoas, Patrick começou a ilustrá-las em um projeto em seu perfil pessoal no Instagram. Em 2021, esse projeto virou o almanaque ilustrado ‘Bichas Brasileiras: A história de 30 ícones LGBTQIA+’, que virou realidade através de um projeto de financiamento coletivo e narra a trajetória de figuras históricas, como Caio Fernando Abreu, Roberta Close e Leci Brandão, e contemporâneas, incluindo Linn da Quebrada, Banda Uó e Leona Vingativa, e suas contribuições para a comunidade.

Neste mês, o livro foi republicado em uma versão repaginada, o ‘Fabulosas – Histórias de um Brasil LGBTQIAP+’, que traz ainda mais personagens e que expande a pesquisa biográfica sobre cada uma delas. “São 33 personagens que aparecem ali, mas o livro pulou de 96 para 340 páginas. Eu conto mais sobre a história da nossa população LGBTQIAP+: eu falo sobre livros, músicas, personagens – desde 1500 até aqui”, conta.

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.