Contactless, mais do que nunca

Organização Mundial da Saúde ressaltou que a inteligência artificial e o big data são chave na resposta ao vírus na China

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6:00 pm - 08 de abril de 2020
contactless contactless

Historicamente, são as crises que criam as grandes evoluções, e o Covid-19 está aqui para provar a imensa gama de oportunidades e soluções que podem vir da tecnologia durante este período delicado. As startups, por exemplo, costumam olhar setores grandes e ineficientes para criar soluções escaláveis, inovadoras e tecnológicas. Esses empreendimentos cada vez mais vencem barreiras científicas para lançar produtos e serviços.

No último mês, a Organização Mundial da Saúde ressaltou que a inteligência artificial e o big data são chave na resposta ao vírus na China. Por lá, scanners termais foram instalados nas estações de trens das principais cidades. Os dispositivos conseguem identificar aqueles que os atravessam e apresentam febre.Inclusive, algumas companhias na China planejam atualizar o sistema de detecção de temperatura para incluir um de reconhecimento facial. A tecnologia ajuda funcionários de estações de trem e aeroportos na tarefa de monitorar passageiros, a fim de rastrear aqueles que, potencialmente, foram expostos ao vírus para, depois, conter a expansão do mesmo.

Aplicativos com funções distintas foram adaptados para ajudar no rastreio de possíveis infectados e passar orientações médicas à estas pessoas, para que hospitais não fiquem saturados. Na China, esse monitoramento é feito através do Alipay, um aplicativo de pagamento operado pelo Alibaba, que usa códigos QR coloridos que mostram a saúde das pessoas no país.

Esse código QR vincula o usuário a um questionário solicitando que ele relate viagens recentes para fora da cidade, sintomas de gripe, alta temperatura corporal ou tosse intensa.Após o preenchimento do questionário, os usuários recebem uma mensagem de telefone celular que inclui um código QR baseado em cores relacionado à condição de saúde que eles descreveram.

Um código vermelho significa que eles devem ficar em quarentena por 14 dias e continuar relatando seu status. Usuários com código amarelo devem ficar em quarentena por sete dias, enquanto aqueles com código verde podem viajar livremente.

Outra inovação que está sendo bastante explorada neste momento são as antenas de 5G. Os equipamentos estão em uma espécie de hospital de campanha em Wuhan, cidade que concentra maior número de infecções pelo vírus. Os esforços devem levar a redes ultravelozes para transmissão de dados, consultas remotas, monitoramento e outros serviços.
As aplicações para o 5G no hospital como esse são diversas. Recentemente, um hospital conectado feito pela Samsung demonstrou várias capacidades, tais como a conexão entre aparelhos, áreas do hospital e outros hospitais no mundo permitindo desde consultas remotas, monitoramento remoto e até mesmo cirurgias realizadas por médicos que estão em outros países em pacientes localmente.

Em alguns países da Europa e da Ásia, governos vêm usando drones para acelerar providências contra o coronavírus em espaços públicos. Na Espanha, a polícia usa os equipamentos para sobrevoar áreas onde pessoas ainda circulam e emitir um aviso sonoro para que todos fiquem em casa.

Os drones ajudam especialmente na capital Madrid, cidade mais populosa e foco de infecção no país. Os drones também tem sido usados como transporte de pequenas cargas na China. Chamados de táxis voadores, são usados para transportar medicamentos de armazéns até hospitais sem a necessidade de um piloto ou do intermédio de humanos para receber os itens.

Ainda na China, robôs são utilizados para evitar o contato entre as pessoas, especialmente entre pacientes e equipes de médicos e enfermeiros. Em um hotel onde mais de 200 pessoas ficaram isoladas em Hangzhou, no leste do país, um robô circulava pelos corredores para entregar comida na porta dos quartos.

Pensando em outras verticais que foram impactadas positivamente pela pandemia, temos os meios de pagamento. Os pagamentos contactless (por aproximação) estão em uso mais do que nunca por uma grande parte da população. O método de pagamento via NFC evita troca de mãos que pode facilitar o contágio.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu que as pessoas deixassem de usar notas físicas para pagar por produtos e recomendou o uso de meios de pagamento contactless sempre que possível. Ninguém precisa encostar no seu dispositivo ou cartão além de você, proporcionando mais segurança para todas as partes: cliente e atendente.

Não é muito difícil entender a lógica da recomendação da OMS. As notas passam por muitas mãos diariamente, e algumas delas podem ter tido contato com o vírus, mesmo que nenhuma delas apresente sintomas da doença. A recomendação vem na esteira de algumas ações tomadas por China e Coreia do Sul, que começaram a queimar ou desinfetar notas em circulação para que não pudessem passar o vírus adiante. Essa novidade pode e deve ser explorada por aqui, uma vez que temos uma grande gama de bancos digitais e também muitos dos tradicionais que oferecem essa modalidade aos seus clientes.

Agora, mais do que nunca, somos contactless.

*Thiago Saldanha é CTO da Sinqia

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