Conheça a brasileira Flapper, que busca democratizar voos privados em solo nacional

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11:32 am - 23 de agosto de 2016
Conheça a brasileira Flapper

O russo erradicado no Brasil Sergei Terentev era CEO da empresa de pagamentos Qiwi e tinha de lidar com uma rotina insana de viagens internacionais. Toda semana, ele fazia as malas e partia para algum destino em busca de novos negócios ou reuniões com executivos da empresa. Essa demanda o fez pensar na criação de uma startup que permitisse o agendamento de voos particulares a um custo competitivo, tudo pelo smartphone.

Foi quando surgiu a Flapper. Terentev, então, convidou o colega de trabalho Arthur Virzin, também russo, mas mora no Brasil desde criança, para fazer parte da empresa, sendo responsável pela parte técnica, fundamental para dar vida ao empreendimento. “Aceitei o desafio e vi que havia muita oportunidade no setor de aviação, em termos técnicos, especialmente, com sistemas avançados e formas de capturar o comportamento do consumidor em busca de assertividade no relacionamento”, conta Virzin.

A estrutura começou enxuta, com quatro profissionais e conta com um investidor-anjo de peso: Paul Malicki, CMO da Easy Táxi. Ele e os demais sócios, juntos, investiram R$ 1 milhão para viabilizar o negócio. “Sou observador de tendência da economia compartilhada. Quando conheci a Flapper me interessei, pois ninguém está fazendo algo parecido no Brasil. É um mercado com potencial enorme”, comenta.

De acordo com ele, a demanda por esse tipo de serviço é grande. Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado do mundo em aviação privada. No entanto, apenas uma fração de voos, realizados por cerca de 200 empresas de jatos no País, é oferecida a um público maior. Além disso, dos 2 mil aeroportos no Brasil somente cem deles são comerciais. Pesquisa realizada pela Flapper demonstrou o grande potencial desse segmento, no qual mais de 20% de passageiros de aviação comercial poderiam se tornar usuários do serviço. Hoje, no Brasil, há 100 milhões de viajantes aéreos.

No mercado há dois meses depois de quase um ano de desenvolvimento, o aplicativo da Flapper permite que pessoas busquem e agendem suas viagens e paguem pelo celular usando cartão de crédito. Por enquanto, o app está disponível para iOS e já foi baixado por mais de 3,5 mil pessoas, mas nas próximas semanas, garante Virzin, poderá ser usado por donos de dispositivos Android.

O passageiro pode comprar assentos disponíveis em um voo privado fretado ou “revender” os que não foram ocupados para outros usuários. Assim, por exemplo, um voo de São Paulo para o Rio de Janeiro com nove lugares pode ser comprado por cerca de R$ 12 mil por uma pessoa e os assentos disponíveis revendidos por ele para interessados.

Além disso, a plataforma oferece maior economia ao contar com a funcionalidade “Voos de última hora”, monetizando diversos voos “de volta” com 50% de desconto ou, até mesmo, de graça para os membros do Programa de Fidelidade de Usuário Frequentes da Flapper, funcionalidade que estará disponível em breve.

“Voos de última hora do RJ para SP em empresas que comercializam passagens custam em torno de R$ 1,4 mil. Conseguimos oferecer por menos e com mais conforto”, esclarece, completando ainda que para quem o problema é tempo, a Flapper é a alternativa.

Para levar seus passageiros até o destino, a Flapper mantém parceria com quatro empresa empresas de táxi aéreo, que somam cerca de 40 aeronaves, entre jatos e helicópteros. Até o momento, mais de 30 voos foram realizamos pelo app. Os destinos disponíveis até o momento são (ida e volta): São Paulo – Rio de Janeiro; São Paulo – Belo Horizonte; São Paulo – Angra; Campos do Jordão; São Paulo – Paraty – Ubatuba; Ilhabela e Juquehy.

A ideia, de acordo com Virzin, é ampliar esse leque, promovendo personalização das ofertas. “Nossos clientes têm pedido a inclusão de Brasília e Goiânia e em breve adicionaremos essas cidades”, adianta, acrescentando que até o momento Rio de Janeiro, Angra e Campos do Jordão têm sido as rotas mais buscadas. Malicki ressalta, no entanto, que caso o usuário queira um voo que não está listado, basta entrar em contato com a empresa, que providenciará a viagem.

Segundo explica Virzin, a Flapper fica com um pequeno percentual sobre o valor dos assentos vendidos nos voos de ida. Sua margem, no entanto, é maior nos voos de volta, porque normalmente eles voltam vazios. “Para as empresas de táxi aéreo, somos uma excelente parceira, porque ajudamos em sua atuação no varejo.”

Apesar de as Olimpíadas terem sido momento propício para ampliar o número de voos, Virzin aponta que a Flapper teve de cessar as atividades para o Rio de Janeiro no período em razão das obrigatoriedades impostas pela regulamentação. “Tivemos muitas restrições em função da segurança na cidade. Além disso, em São Paulo, todos os voos tinham de sair de Congonhas ou Guarulhos e em determinados horários. O risco de não seremos bem-sucedidos nas Olimpíadas era grande, então optamos por não voar no período e voltamos com a programação normal ontem (22/8)”, comenta.

Próximas paradas
Além de incluir novos trechos, a Flapper está em busca de nova rodada de investimento com fundos em 2017 para focar em ações de marketing, estabelecer parcerias e aprimorar sua tecnologia. Está nos planos da startup, ainda, incluir mais rotas personalizadas e atingir a marca de um voo por dia. A companhia conta com um lounge para receber seus passageiros no Campo de Marte, em São Paulo, mas pretende também construir outro no Rio de Janeiro.

Tecnologicamente, Virzin destaca um desafio a ser superado: a integração com outros serviços para prover ao cliente uma experiência completa desde quando ele sai de casa, até o destino final. “Quando uma pessoa compra nosso serviço, não compra apenas um voo. Ele vai para algum lugar par alguma razão. Assim, queremos integrar toda a viagem, desde quando ele pega um táxi até o momento que ele chega ao hotel”, adianta.

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