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Como um gestor de TI pode enfrentar a escassez de profissionais

O crescimento do mercado de tecnologia, acelerado globalmente nos últimos meses, teve como efeito imediato o aumento expressivo da demanda por profissionais especializados. De acordo com relatório da consultoria Gartner, 64% dos executivos de TI (Tecnologia da Informação) consideram a falta de mão de obra a barreira mais significativa para a adoção de tecnologias emergentes, bem à frente de questões como custo de implementação (29%) e riscos de segurança (7%).

Em um cenário tão desafiador, o que os gestores devem fazer para que a escassez de talentos não prejudique o desenvolvimento do setor e, em última instância, atrase a aplicação de soluções capazes de facilitar o dia a dia da sociedade?

A competição por profissionais, que envolve desde as chamadas big techs até startups em estágio inicial, torna-se cada vez mais acirrada, e não diz respeito apenas a desenvolvedores e cientistas de dados, mas se estende por todas as atividades que formam uma equipe de tecnologia: da infraestrutura de computação à segurança de dados. A abrangência do problema torna fundamental o envolvimento de todos, capitaneados pelos líderes, que devem criar um ambiente propício para fornecer aos colaboradores ferramentas e autonomia suficientes para a participação ativa na captação e formação dos times.

Para ser bem-sucedido no processo, é importante envolver os recrutadores e estabelecer claramente o que cada etapa deve revelar sobre os postulantes às vagas. Procurar candidatos ativamente nos meios adequados, estabelecer um canal aberto de comunicação com eles e se manter disponível para aprimorar entrevistas ou testes tornam essa busca ainda mais eficiente.

Também é primordial se posicionar como parte integrante da comunidade de tecnologia, organizando eventos dedicados aos desafios do setor e se mostrando disponível para conselhos de carreira e mentorias, além de promover ações práticas de fomento à educação, ao desenvolvimento e aperfeiçoamento desses profissionais.

Ainda em 2019, a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) divulgou um estudo em que previa que seria necessária a contratação de 70 mil pessoas por ano para suprir a demanda prevista até 2024.

Nesse contexto, investir em programas educacionais se mostra mandatório: oferecer parcerias com universidades para envolvimento de alunos em projetos de Pesquisa & Desenvolvimento, garantir bolsas para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica e promover iniciativas de capacitação para grupos ainda sub-representados (como mulheres, negros e comunidade LGBTQIA+). Esse leque de ações é determinante não só para atrair talentos já inseridos no ecossistema, mas também para captar profissionais dos demais segmentos interessados em migrar para o setor tecnológico.

Outro fator-chave para tornar a empresa mais atraente é a flexibilidade em relação ao modelo de trabalho: pesquisa feita pela plataforma de recrutamento de desenvolvedores GeekHunter mostra que 78% dos colaboradores de TI preferem seguir trabalhando remotamente no pós-pandemia.

Otimizar o uso remoto de documentação e fluxos, garantindo que 100% dos seus funcionários possam seguir com responsabilidades e entregas independentemente do local, é um diferencial na captação e retenção de talentos, principalmente considerando que a escassez de mão de obra é global e a competição por profissionais extrapola os limites do território nacional. A flexibilidade na política de férias e horários e a destinação de parte do tempo da jornada para o desenvolvimento pessoal também são cada vez mais valorizados por quem trabalha no setor.

A escassez de força de trabalho no segmento de tecnologia permanecerá pelos próximos anos. Nós gestores devemos assumir um compromisso na busca por soluções, que envolvem não só o estabelecimento de estratégias internamente, mas sobretudo o relacionamento permanente com todos os membros do ecossistema.

É preciso entender seus anseios e inquietações, disponibilizar caminhos para a progressão na carreira e criar garantias de um equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional. Só assim será possível enfrentar esse enorme desafio e seguir trabalhando em prol do nosso propósito: proporcionar a melhor experiência aos consumidores, por meio da tecnologia.

* Paulo Monçôres é diretor de engenharia na VTEX

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