Como os satélites podem impulsionar o uso da nuvem no Brasil

Experiência completa dos serviços baseados na nuvem depende da capacidade de nos prepararmos para as demandas do amanhã

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9:21 am - 03 de fevereiro de 2022
satélite

O mercado de computação em nuvem no Brasil tem sido apontado como aquecido e promissor há muito tempo, impulsionado pela crescente transformação digital nos setores público e privado. No estudo IDC Latin America IT Investment Trends 2021, por exemplo, 39% dos entrevistados disseram que investiriam em computação em nuvem. Além disso, CEOs e empresários brasileiros estão entre os que mais atentam para a inovação tecnológica no setor, dando mais importância ao tema do que CEOs americanos, japoneses ou franceses, segundo a consultoria McKinsey.

Se mesmo antes da pandemia, softwares e serviços em nuvem já cresciam significativamente no Brasil (segundo dados da pesquisa TIC Empresas 2020), o futuro parece ainda mais promissor: a Associação Brasileira das Empresas de Software (Brasscom) estima que, neste ano, impulsionado pela chegada do 5G, o mercado de computação em nuvem movimentará 2,7 bilhões de dólares no País, que já ocupa a 9ª posição como maior mercado de TI do mundo. Esse crescimento tem potencial para ser muito benéfico para todos e um aliado para o desenvolvimento local, atendendo desde grandes empresas até a população usuária final.

Vale ressaltar que a computação em nuvem, do ponto de vista comercial, é atrativa por seu preço competitivo, agilidade, facilidade de uso e escalabilidade na implantação. Para quem consome ou oferece soluções de infraestrutura como serviço (IaaS), software como serviço (SaaS) e plataforma como serviço (PaaS), por exemplo, esses recursos são essenciais. No entanto, essa tecnologia aumenta sua importância se considerarmos pessoas e empresas estabelecidas em regiões mais remotas, que nem sequer têm acesso mínimo a serviços “fora da nuvem”.

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O valor crescente desse mercado se justifica, pois o acesso à conectividade permite a melhoria dos serviços públicos aos cidadãos, expansão dos negócios e melhores serviços em áreas-chave como educação e saúde. No entanto, é preciso considerar que a criação e entrega de conteúdo e desses serviços requer um ecossistema de parceiros, cada um deles desempenhando um papel para melhorar a entrega de soluções e a experiência do cliente.

Para quem mora em grandes áreas urbanas, a digitalização de empresas, serviços online e acessibilidade a arquivos remotamente com conexão rápida já são uma realidade. A infraestrutura existente nas cidades confirma essa tendência de transformação tanto na vida cotidiana quanto no trabalho, com amplas aplicações de computação em nuvem. Contudo, dados divulgados na pesquisa realizada em 2020 pela Embrapa, Sebrae e Inpe a respeita da agricultura digital no Brasil mostram que menos de 20% das propriedades rurais usam sistemas de localização por GPS e menos de 8% delas utilizam mapas digitais ou informações geograficamente localizadas. Ou seja, ainda há um longo caminho a percorrer para que a transformação digital realmente se popularize e afete significativamente a sociedade.

Felizmente, os serviços habilitados por satélite, que há muito tempo oferecem alto rendimento e conectividade confiável, são um dos impulsionadores dessa realidade mais digital e baseada em nuvem. Por meio deles, as transmissões de TV e rádio chegaram com sucesso às áreas mais remotas do planeta, além de garantir conectividade a indústrias com ativos subconectados ou móveis, como a aérea, de energia e marítima, e, no cenário atual, operadoras de satélite no Brasil projetam novas oportunidades para o setor nos próximos meses.

As mesmas redes de satélite que fornecem banda larga com qualidade de fibra hoje estão sendo aproveitadas para estender o alcance da nuvem, permitindo que os usuários se conectem e tenham ótimo desempenho para os aplicativos de que precisam para capitalizar a produtividade, escalabilidade e agilidade operacional que a computação em nuvem permite, independentemente das barreiras de localização geográfica.

A Microsoft é um grande exemplo entre as empresas que fizeram uso dessa inovação. A companhia usa satélites geoestacionários e de órbita terrestre média, bem como gateways em todo o mundo e backbone IP terrestre para conectar usuários finais aos data centers do Azure. Além disso, por meio de serviços de streaming de vídeo gerenciados, a Microsoft abre caminho para emissoras e empresas de mídia oferecerem uma experiência inovadora de visualização em qualquer tela, de qualquer lugar.

Ainda assim, segundo relatório divulgado pela Business Software Alliance, o Brasil tem uma pontuação muito inferior aos líderes tecnológicos mundiais em computação em nuvem – o que significa que há muito espaço para investimentos nessa tecnologia e em outras soluções de conectividade no País, e a potência dos satélites aproxima as pessoas de forma rápida e dinâmica, além de garantir que a internet chegue a regiões que a infraestrutura de cabos não alcança.

O potencial das plataformas de computação em nuvem para contribuir com a nova economia digital é inquestionável; no entanto, as redes via satélite podem garantir o pleno aproveitamento desse potencial, trabalhando para ampliar o alcance e melhorar os fluxos de trabalho das empresas que já investem nessa tecnologia. As redes baseadas em satélite oferecem a escala e o desempenho necessários para promover a verdadeira inclusão digital em todo o País, reduzindo a latência das trocas de tráfego e nos conectando ao futuro.

* Ruy Sarmiento é gerente sênior de Fixed Data da SES nas Américas

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