Como os líderes podem ajudar os colaboradores durante o trabalho na pandemia?

Planejamento, comunicação e a adoção de uma postura empática são algumas medidas adotadas por gestores durante o momento

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6:00 pm - 09 de abril de 2020

A principal orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para atrasar o contágio em massa do novo coronavírus é o isolamento social. Especialmente a partir de março, governos de todo o mundo têm tomado medidas restritivas para evitar aglomeração e, assim, diminuir a curva de contágio.  

Com isso, milhões de pessoas que estavam habituados à rotina no escritório, precisaram levar suas coisas para casa e montar home offices improvisados para manter o trabalho à distância. 

Essas mudanças causaram uma grande pressão sobre a infraestrutura de TI, mas também na produtividade dos funcionários. Ao tomar decisões rápidas e adaptar os negócios e as atividades quanto à viabilização do trabalho remoto, muitas empresas, entretanto, esqueceram de olhar para a adaptação dos próprios colaboradores.  

Muitas dessas pessoas vivem a experiência do trabalho remoto pela primeira vez, e além disso, dividem agora o espaço com a família o dia inteiro. Antes de exigir produtividade, as empresas precisam olhar para os colaboradores para equilibrar as demandas adaptadas também à realidade do colaborador. 

Segundo artigo da SearchCIO.com, nas semanas seguintes à transição global para o trabalho remoto, o veículo entrevistou com mais de 60 executivos e o resultado dessa pesquisa mostrou que, embora suas tecnologias suportadas em nuvem e VPN ajudem a fornecer alguma normalidade ao trabalho, eles esperam que suas mensagens inspiradoras, demonstrações de empatia e tentativas de estreitar os laços dê estrutura ao trabalho. 

Comunicação durante incerteza 

“A transparência é fundamental. Os líderes de muitos países estão no escuro sobre os impactos reais, a linha do tempo e os riscos de longo prazo que o COVID-19 cria. Minha abordagem é compartilhar o que sabemos e o que não sabemos, tanto sobre a situação global quanto a perguntas específicas relacionadas aos negócios”, disse ao SearchCIO.com, Todd Greene, CEO e Fundador da PubNub, empresa de IaaS com sede em São Francisco, que tem 120 funcionários. 

Greene e outros executivos de alto escalão contam que a prioridade é manter os clientes e parceiros satisfeitos, como sempre foi, porém agora pretendem dar aos funcionários maior flexibilidade para equilibrar as demandas do trabalho e do lar.  

“Você precisa ser realista sobre o que está diante deles. Você precisa ter a mente clara e se concentrar na tarefa em questão. Todo mundo está realmente com medo agora, e as pessoas estão se olhando com bondade e compaixão, e isso é um longo caminho”, disse Nicole Sahin, CEO e Fundadora da Globalization Partners, empresa de serviços de emprego com sede em Boston, ao SearchCIO.com. 

Empresas que planejam uma nova maneira de trabalhar 

Segundo a reportagem, nenhum executivo de alto escalão entrevistado reconheceu ter problemas de tecnologia que o incapacitassem de migrar para o trabalho remoto completamente.

Muitos citaram ter políticas robustas ou, pelo menos, algum tipo de políticas de trabalho remoto, enquanto outras informaram que atuavam predominantemente de forma virtual.  

 A ADTRAN, fornecedora de equipamentos de rede de telecomunicações, não teve problemas de larga escala na configuração da nuvem e acesso de administrador, de acordo com o CTO da empresa, Ray Harris. 

A empresa de Huntsville, Alabama conta com mais de 2.000 funcionários e teve suas equipes de crise e continuidade de negócios (BC) planejando o trabalho em massa no final de fevereiro de 2020, quando o COVID-19 começou a chamar a atenção do mundo.  

A ADTRAN “avaliou a capacidade da VPN, a disponibilidade da nuvem, o treinamento para quem normalmente não trabalhava remotamente e todos os aspectos técnicos relacionados ao trabalho remoto” antes de muitos estados exigirem o distanciamento social, contou Harris ao SearchCIO.com. 

Paul Rubenstein, Diretor da Visier, empresa de tecnologia de RH de Vancouver, com 450 funcionários, contou ao site que à medida que a doença se espalhava a empresa se organizava para analisar tudo que poderia ser feito. Dessa forma, estavam mais preparados quando as medidas foram adotadas no país.  

Outra empresa que está se adaptando ao momento é a Stampli, uma fornecedora de serviços de contabilidade digital da Califórnia, que em 2019 teve que passar todo o escritório de Israel para escritórios remotos, pois o país estava sob ataques de mísseis.  

Para esta recente crise, os 66 funcionários da Stampli nos EUA e Israel “estavam equipados com laptops e já [usavam] todos os aplicativos baseados em nuvem, como G-Suite, Slack e Zoom para colaboração entre escritórios, Intercom para comunicações com clientes, Jira para colaboração com o desenvolvimento, Stampli e QBO para finanças, Qlik para análises e Hubspot e Gong para vendas e marketing “, disse ao site Eyal Feldman, Co-Fundador e CEO da empresa.  

Elizabeth O’Day, CEO e fundadora da Olaris, startup de biotecnologia, contou à reportagem que, diferente das outras empresas citadas, não tinham uma cultura de home office. Com a maior parte do trabalho consistindo em testes práticos em laboratório, bem como análise de dados no local em todos os escritórios das instalações da empresa em Waltham, Massachusetts, os funcionários normalmente não levavam trabalho para casa.  

A operação enxuta permitiu que parte do trabalho fosse adaptado com o auxílio de aplicativos na nuvem, porém eles não podem duplicar experimentos destinados apenas ao laboratório. 

Tecnologia que gera conexões próximas 

As incertezas sobre saúde e finanças pessoais e a necessidade de conciliar o cuidado de crianças e pais idosos podem estar desafiando os funcionários no novo ambiente de trabalho. O bem-estar emocional a longo prazo não pode ser esquecido. Mas, apesar da separação física, os executivos da suíte C estão usando ferramentas de colaboração digital para romper o isolamento e gerar um senso de comunidade, diz a SearchCIO.com. 

Com alguns estados sob bloqueios restritivos e os EUA como um todo observando restrições rígidas no trabalho e nas viagens até pelo menos 30 de abril de 2020, é necessário mais do que nunca carinho e compaixão em um ambiente de trabalho on-line, disseram os executivos. 

Por exemplo, a Propeller, uma empresa de consultoria de gestão com sede em Portland, reconhece que a flexibilidade no agendamento é uma obrigação para seus 130 funcionários.

“Agora que eles estão em casa e equilibrando uma série de demandas, vimos muitos ajustes no cronograma. Temos alguns membros da equipe que iniciam seus dias mais cedo (e) alguns que estabelecem uma programação on-off com parceiros, para que cada pai tenha meio dia dedicado ao trabalho e a outra metade dedicada às crianças”, disse Jeff Foley, COO da empresa.

A Propeller também criou um programa de “amigos”, combinando funcionários que têm mais tempo para lidar com o trabalho e podem pegar a folga de colegas que têm muitas responsabilidades parentais e profissionais, disse ele à publicação. 

Kira Systems, uma empresa de tecnologia de Toronto que ajuda as empresas a descobrir informações relevantes de contratos e documentos não estruturados, está tentando inserir diversão no trabalho o máximo possível, disse o CTO e Co-Fundador Alexander Hudek. 

“É claro que, à medida que o mundo desacelera e se fecha à nossa volta, todos estão mais nervosos e ansiosos”, disse Hudek. “Algumas pessoas acostumadas a entrar no escritório estão tendo dificuldades para se adaptar a trabalhar em casa. Enquanto isso, nossos trabalhadores puramente remotos estão, de certa forma, mais engajados em ajudar todos os outros a se ajustarem, compartilhando dicas e rituais que funcionam para eles”.  

O GitLab,  que cria aplicativos para DevOps, possui mais de 1.200 funcionários em 65 países e não possui sede física. Darren Murph, chefe da empresa, disse que “a família e os amigos estão em primeiro lugar, trabalho em segundo”. Um símbolo de parada no Slack significa que é necessário cuidar de crianças ou fazer uma pausa na saúde mental 

Paige Arnof-Fenn, CEO da Mavens & Moguls, consultoria de marketing em Massachusetts, já sente falta de feiras do setor e reuniões pessoais com clientes. Ela não tem funcionários, mas trabalha com quase 50 contratados independentes e todos estão se comunicando on-line; não apenas sobre trabalho, mas também sobre como lidar com a ansiedade e criar filhos durante um período difícil. 

 “Talvez o ponto positivo seja que essa crise nos lembrou que a tecnologia não precisa ser isolada, mas também pode ser usada para construir comunidades e relacionamentos do mundo real”, disse Arnof-Fenn. 

Próximos episódios:

  • 14 de abril – Quando tudo passar, teremos um novo normal? O que esperar? com Silvio Meira, cientista (Inscreva-se)
  • 15 de abril – Sociedade 5.0: em breve um futuro além da inovação, com Gil Giardelli, futurista. (Inscreva-se)
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