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Como o uso de dados pode impactar o avanço da tecnologia?

Falar sobre dados virou algo batido, principalmente quando se trata do protagonismo deles no mundo dos negócios, bem como nas empresas de todos os portes e nos segmentos que enxergam cada vez mais valor nas informações dos clientes e nas evidências extraídas delas. Em meio a tantos dados e a toda a inovação tecnológica dos últimos anos, por que as mudanças na sociedade e nos serviços são tão pequenas? A resposta não é simples, mas pode ser resumida em três fatores:

  1. estratégia ineficaz de dados;
  2. políticas e parcerias público-privadas não definidas;
  3. pouco enriquecimento dos dados internos das organizações.

Estratégia

O primeiro fator é que o dado por si só não significa nada. As organizações precisam ter uma estratégia que permita aumentar a maturidade das plataformas de dados e, ao mesmo tempo, ofereça maneiras de extrair insights, seja pela tomada de decisão a partir de dados, seja pela automação de tarefas complexas, seja usando machine learning.

O segundo fator é que são necessárias parcerias concretas entre os setores público e privado que fomentem soluções inovadoras a partir dos dados. Por exemplo, você consegue imaginar a quantidade de dados anonimizados que uma grande empresa de telefonia pode coletar dos usuários? Ligações, posicionamento em tempo real, duração, cobertura de dados móveis…

Agora, imagine o impacto positivo desses dados na gestão de crises que envolvem a população. No caso de catástrofes climáticas, seria possível estimar o número de pessoas em uma área atingida e auxiliar nas buscas e nos salvamentos.

O terceiro fator é que poucas organizações conseguem enriquecer os dados internos a partir de dados públicos já disponíveis. O setor de seguros, por exemplo, há muito tempo coleta dados de clientes, o que vem ajudando as seguradoras a estabelecer o próprio nível de preço, mas isso deixou de ser suficiente.

Revolução digital

Atualmente, as seguradoras têm muitos dados disponíveis e podem usar até mesmo informações públicas de satélites. Isso pode auxiliar a prever enchentes que afetam regiões metropolitanas, proporcionando melhor precificação dos seguros de veículos e residências.

Nas regiões rurais, além de ajudar a precificar o seguro de lavouras, seria possível criar novos serviços que alertassem do risco de tempestades e queimadas ou monitorassem o crescimento da safra.

Os dados que permitiriam tais feitos existem e estão disponíveis para uso comercial. O Programa Copernicus e a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) fornecem esses dados, incluindo informações quase em tempo real. Entretanto, poucas empresas são capazes de usar os registros para melhorar o nível de serviço e se tornar mais competitivas.

Há bastante tempo os dados desempenham um papel muito importante nas jornadas de inovação, e não é por acaso que as tecnologias mais avançadas têm sido desenvolvidas para lidar com eles.

Existe um número crescente de soluções para processamento de grandes volumes de dados (big data) e, mais ainda, técnicas avançadas de machine learning e deep learning capazes de aprender por meio de dados e automatizar tarefas complexas.

Mercado global

De acordo com um estudo realizado pela CI&T, o mercado de serviços de data analytics é visto como parte de grande relevância no mix de tecnologias e serviços que compõem as iniciativas de transformação digital.

Com isso, a tendência é gerar diferenciais competitivos como agilidade e maior qualidade da informação, bem como dashboards e reports que podem auxiliar na tomada de decisões. Um exemplo dentro desse recorte é de que 57% dos entrevistados ainda não contratam, mas pretendem contratar serviços de Data Analytics nos próximos 12 meses.

Além disso, uma análise encomendada em 2021 pela Dell Technologies mostrou que uma pequena parte das empresas consegue trabalhar os dados de forma adequada, adotando uma estratégia capaz de extrair insights e aprimorar as próprias soluções. O estudo foi gerado a partir de uma pesquisa que envolveu mais de 4 mil tomadores de decisão em empresas de 45 países.

No Brasil, 73% dos executivos entrevistados consideram que dados são essenciais para os negócios, mas apenas 28% conseguem transformá-los em informação relevante e tirar proveito disso.

Apesar do cenário pouco animador, 76% das empresas brasileiras pretendem implementar soluções baseadas em machine learning nos próximos anos; 59% esperam adotar um modelo em que o dado passe a ser um serviço; e 65% desejam remodelar os ambientes tecnológicos para melhorar o processamento e o uso dos dados.

Definitivamente, precisamos mudar a forma de pensar se quisermos dar um passo adiante na qualidade dos serviços prestados e no impacto social gerado. As organizações que forem protagonistas nesse processo terão maior chance de desenvolver o conhecimento necessário para se manter competitivas, com rápida resposta às mudanças e aptas a extrair benefícios do uso de dados.

*Everton Gago, head of data na CI&T

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