Como manter o cérebro 100% conectado

Neurocientista lista seis passos indispensáveis para que o cérebro de pessoas adultas siga aprendendo

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12:02 pm - 09 de março de 2019

Diferente do que se pensava anos atrás, o cérebro adulto também consegue se conectar e aprender novas tarefas. Não exatamente como o cérebro de uma criança, explica Carla Tieppo, professora e pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O cérebro mais velho consegue absorver novas habilidades por permanecer plástico até o fim da vida.

“A capacidade de plasticidade do cérebro tem variações ao longo da vida. Durante a infância e a adolescência, a neuroplasticidade flui. Na vida adulta, surgem vários freios moleculares e fisiológicos que agem para desligar essa neuroplasticidade, mas isso não acontece totalmente”, afirma a neurocientista.

Diferentemente de um bebê que tem um cérebro que experimenta “plasticidade para tudo”, o adulto precisa de um esforço a mais. Um bom exemplo disso são os atletas, cirurgiões, músicos e grandes nomes da literatura e da arte que, além do talento inato, também investem horas praticando.

“Se pudéssemos mapear os cérebros dessas pessoas, poderíamos ver um excepcional desempenho que é adquirido durante aproximadamente dez anos de prática. E essa prática não é um simples treinamento. É uma atividade altamente estruturada em que a pessoa se envolve com o objetivo específico de melhorar sua performance. E isso envolve repetições, esforço e feedback do treinador ou mentor”, diz Carla Tieppo.

Aliados à prática, existem outros fatores que ajudam a pessoa a aprender uma nova habilidade, como motivação, pensamento positivo e visualização do objetivo.

Confira os seis passos para conectar o cérebro e aumentar sua plasticidade e domínio:

1 – Encontre um motivação

– Qual é seu objetivo? Qual habilidade, comportamento ou mentalidade que você quer aprender, mudar, dominar ou aperfeiçoar?

–  Ter clareza em torno do seu objetivo gera confiança, motivação e excitação ao invés de medo e incerteza;

– Saber qual é o seu objetivo permite estabelecer “metas mínimas”;

– Essas metas mínimas te preparam para algumas vitórias fáceis iniciais. Vitórias fáceis que fecham um ciclo de feedback e disparam os caminhos de recompensa da dopamina no cérebro. Recompensa aumenta o aprendizado e ativa motivação.

2 – Envolva-se com a tarefa

– Foque em aprender uma nova habilidade;

– Determinação em uma tarefa é vital (multitarefa leva ao esgotamento cognitivo);

– Tenha um professor, treinador ou guia para te fornecer um feedback;

– Um aviso para professores, treinadores ou guias: você deve agir como um recurso e não como um microempresário do processo. Motivação vem da autonomia e do domínio. Nós todos respondemos a recompensas internas e não externas;

3 – Encontre o ponto principal entre o tédio e o medo

– Encontre seu fluxo. Do ponto leve ao moderado de ativação, o cérebro está em ótimo estado para aprender. Em níveis muito baixos ou muito altos de estimulação, a aprendizagem é inibida. Nós vemos isso em todos os níveis neurobiológicos desde a sinapse até o comportamento;

– Tédio é um sintoma de subexcitação – talvez a nova tarefa não esteja testando você. Tente preparar um objetivo maior, mudar alguns pontos do objetivo ou mudar o ambiente em que você está treinando;

– Medo é um sintoma de excesso de excitação – talvez a tarefa esteja muito difícil. Isso supera seu nível de habilidade? Talvez você não tenha “mirado” seu desafio em partes ou projetos viáveis;

4 – Imagine

– Pensar e fazer estão no mesmo cérebro. As mesmas áreas do cérebro são ativadas quando você completa uma atividade motora e quando você ensaia mentalmente a mesma tarefa;

– Músicos e atletas comumente usam ensaio ou visualização mental para ajudar a ativar o domínio;

– Você pode ensaiar mentalmente como você vai responder emocionalmente a um evento. Tente ensaiar como você vai responder emocionalmente se você acertar um obstáculo ou falhar;

– O ensaio mental pode ser pensado como prática quando você não consegue praticar

5 – Repita

– Pratique (pratique e pratique) sua nova habilidade, comportamento e mentalidade;

– Neurônios que “acendem” juntos, ficam ligados. Neurônios que estão fora de sincronia falham ao se conectar;

–  A prática supera o talento. O gênio não nasce gênio. Em vez disso, ele constrói sua capacidade de dominar o que quer fazer;

– É aqui que a determinação entra. Detalhe, a prática nem sempre é divertida.

6 –  Amplie. Saia da sua zona de conforto

– Repetir a mesma tarefa várias vezes não é o suficiente para melhorar. Você deve praticar no limite da sua capacidade;

– Amadores praticam até fazerem tudo corretamente. Profissionais praticam até que não possam errar.

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