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Como afastar as pessoalidades que interferem na evolução das empresas?

É extremamente comum profissionais acrescentarem ao seu discurso frases de impacto que já estão incorporadas ao mundo dos negócios e são usadas como um mantra libertador, um carimbo de politicamente correto, como “não misturo relações pessoais e profissionais”, “trabalho com pessoas e não com números”, e por aí segue uma longa lista. Isso sem mencionar as infindáveis citações acerca do líder modelo. Não discuto a veracidade dessas declarações, mas sim a sua efetividade. Mais do que nunca a sociedade como um todo vive uma era de merchandising em que a propaganda pessoal é prática em todos os âmbitos da vida.
O objetivo disso é divulgar a própria marca, com cada profissional tentando fazer o seu próprio branding para elevar seu status para um patamar único e criar uma imagem tão positiva que o fará destacar-se em meio a um grupo de pares desatentos à sua propaganda pessoal. Nada contra o marketing pessoal, pelo contrário, é fundamental ser visto no ambiente de trabalho, no entanto, isso não pode se tornar uma verdade absoluta quando o assunto é medir desempenho.
No Brasil, especialmente, é comum enaltecermos a figura do salvador da pátria, um único homem que vai colocar tudo nos eixos e alcançar os tão sonhados resultados, unicamente por suas qualidades pessoais e esforço diário. Essa figura mítica no mundo dos negócios é impetrada em cada organização na pessoa de um manager. A atenção dispensada ao marketing pessoal, ao conhecimento adquirido, sua bagagem e experiência são considerados a tábua de salvação para a maioria dos problemas. As companhias se impressionam com o discurso e quando começam a ver os resultados enaltecem a figura desse executivo. Obviamente, os profissionais de valor e qualidade merecem crédito pelos feitos de seu time, mas quanto mais atenção é dada ao colaborador por ele mesmo, menor é a atenção dispensada ao processo e sua eficiência.
Por isso, acredito que no mundo corporativo é preciso substituir a figura do herói e salvador pela figura do fluxo eficiente e bem definido, pois apenas assim será possível medir o real desempenho de cada trabalhador em suas respectivas funções, ao invés de creditar as melhorias ao discurso perfeito de um único profissional. Ser efetivo na medição dos resultados significa enxergar que as relações são parte da construção de um processo eficaz e não fatores determinantes na tomada de decisão.
Afastar a pessoalidade é um desafio diário nas companhias, bem como evitar o favorecimento, o julgamento por afinidade e a decisão por impulso emocional. Ser mais racional no âmbito profissional é fazer uso de uma ferramenta, inserida em um contexto processual, para enxergar oportunidades e avanços de maneira científica e lógica, ao invés de optar pelo caminho indicado pelo herói da semana.
*Por Walter Soares da Silva Júnior, gerente sênior de Operações na Concentrix Brasil, companhia global especializada em outsourcing e em prestação de serviços.

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