Com IA, Odontoprev inova auditoria e avança conceito phygital

Com projeto de automatização liderado por Renato Costa, Odontoprev conseguiu otimizar custos. Executivo foi reconhecido como Executivo de TI do Ano

8:05 pm - 22 de abril de 2021

Ainda muito jovem, Renato Alves Costa percebeu a importância que ultrapassar as fronteiras do back end teria em sua carreira. Aos 21 anos, cursava Tecnologia da Informação quando foi promovido a diretor de TI da Alcatel-Lucent. Recorda que o CIO que ocupava anteriormente o cargo havia mudado de área na empresa e lhe aconselhado a ir além dos bits & bytes e compreender como a tecnologia gera impacto no negócio.

Desde então, passou por empresas como LATAM, AES Brasil, Eletropaulo e BRK Ambiental, sempre buscando imprimir tal sinergia nesses diferentes setores ao liderar projetos de digitalização e inovação por quase 15 anos. O convite para assumir a TI da Odontoprev aconteceu em 2019 para liderar um processo de digitalização com influência direta na experiência do cliente.

A modernização da arquitetura da empresa do segmento de planos de saúde odontológico avançava rapidamente sob o comando de Costa. Até que no fim de 2020, veio um novo desafio: acumular também o cargo de CMO. Um carimbo que chancelou sua jornada orientada a se tornar um executivo de negócios. “Esse é o grande trunfo da minha carreira”, reconhece.

A combinação entre TI e marketing lhe trouxe um olhar multidisciplinar que motiva a modernização tecnológica com viés potencializador do negócio, tendo o usuário como protagonista. Essa aliança é traduzida no conceito de ‘phygital’, que guia a inovação na Odontoprev. “Mesmo que o front end de vendas e o back end de agendamento e atendimento seja digital, o consumo do serviço será sempre físico na cadeira do dentista”.

Melhorar os processos da área de Auditoria era uma etapa essencial para uma experiência ‘phygital’ mais fluida. Com o projeto “Classificação de Risco das Fichas Odontológicas a partir da Inteligência Artificial”, responsável pela implementação de uma rotina automática de qualificação, o executivo foi reconhecido com o Prêmio Executivo de TI do Ano 2021, na Categoria Produtividade.

Digital orientado à experiência física

A Odontoprev garante uma segunda opinião de um especialista para cada um dos tratamentos realizados. Em média, são 800 mil serviços prestados pelos dentistas credenciados mensalmente aos beneficiados da rede. Esses atendimentos, então, são encaminhados para um time de auditoria composto por mais de 120 cirurgiões dentistas que avaliam cada tratamento para garantir assertividade e qualidade do serviço.

Esse processo era feito manualmente, quando se identificou uma oportunidade grande de adicionar a inteligência artificial na rotina de auditoria a fim de diminuir erros, evitar possíveis fraudes, agilizar a operação e dar suporte ao cirurgião dentista com a segunda avaliação.

O sistema cruza 12 campos de dados das fichas com intuito de classificar a operação e calibrar a avaliação dos auditores, sendo o score de risco uma informação adicional sinalizada nas guias de tratamento odontológicos. “O objetivo é atuar como uma segunda opinião simulando a inteligência humana, com um nível de competência equivalente ou superior ao de um especialista”, explica o CIO e CMO. Para tanto, a IA utiliza mais de 30 variáveis que analisam os tratamentos realizados e classifica-os diariamente.

Em 2020, a inovação conseguiu uma economia de mais de 100 mil horas de trabalho manual, sem contar o aumento da qualidade nível de qualidade das avaliações. Além disso, a implementação da IA também permitiu manter a qualidade e produtividade do trabalho dos auditores remotamente, devido às restrições da pandemia. A otimização também engloba a parceria com o A. C. Camargo Cancer Center, hospital referência em oncologia, que audita os diagnósticos de câncer bucal da Odontoprev.

Abertura para erros

A tecnologia foi desenvolvida 100% em casa, a partir da expertise em inteligência artificial da Odonto System Planos Odontológico, empresa cearense adquirida pela Odontoprev em 2018. “A equipe de TI tem feito um trabalho fantástico e se superado, e agora esse conhecimento antes centrado em Fortaleza está sendo disseminado na companhia com um todo”.

Assim como o case vencedor, toda inovação na companhia passa pela aprovação de um comitê antes de entrar para uma fila das 18 esteiras desenvolvimento ágil, que trabalham com sprints de três meses e meio. Os projetos são desenvolvidos tanto pela equipe de mais de 90 profissionais de TI, como por parceiros externos.

De acordo o executivo, um dos pilares dessa cultura de inovação é a abertura ao erro, o que possibilitou uma série de projetos inovadores, como atendimento por chatbot, teleorientação odontológica (onde os beneficiários conseguem falar com os dentistas por vídeo-chamada, sem precisar sair de casa) e o lançamento de um novo portal e aplicativo.

“Quando você proíbe o erro, mata a inovação. Para isso, o papel do líder é ser um escudo”. Daí a importância dos sprints pequenos, que permitem a dinâmica de testar e corrigir erros com agilidade – modelo que tem como benchmark o Bradesco, detentora da Odontoprev.

Diante de tantas possibilidades e ondas tecnológicas, o valor potencial para os negócios deve orientar os investimentos e os esforços da equipe. “Mais uma vez, o CIO deve estar próximo do negócio para definir os rumos da inovação, buscando formar profissionais dentro de casa”, conclui Costa.