CIO por um dia: do esporte à tecnologia

CIO Magazine Brasil levou Gabriel Bomfim, bolsista do Instituto IT Mídia, para conhecer a rotina do CIO da Schneider Electric, Djalma Carvalho

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9:08 am - 01 de agosto de 2019

Aos 18 anos, Gabriel Bomfim de Oliveira é o filho mais velho de uma família de cinco pessoas que reside em Osasco, São Paulo. Não faz muito tempo que concluiu o ensino médio na Fundação Bradesco para dar início a uma formação em tecnologia. Aluno bolsista do Instituto IT Mídia, Gabriel atualmente cursa Gestão em Tecnologia da Informação na FIAP. Numa manhã gelada de julho, Gabriel se vê lado a lado de Djalma Carvalho, CIO da Schneider Electric para América do Sul, que soma cerca de 30 anos no mercado de TI. É na unidade de Jurubatuba, zona sul de São Paulo, no escritório da Schneider, que os dois se encontram, pela primeira vez, para que Gabriel possa experienciar a rotina de um grande executivo de tecnologia, uma iniciativa da CIO Brasil Magazine.

Entre reuniões globais orquestradas à distância em um laptop e aquelas que podem ser feitas localmente, em uma sala reservada no escritório da Schneider, Gabriel escuta atentamente as experiências de Carvalho e não hesita perguntar sobre suas tarefas e aprendizados. Do outro lado, o executivo pausa suas conversas com times que estão na China e na Índia para contextualizar o estudante. Da comunicação global estabelecida em inglês, Gabriel leva a certeza de que precisa se dedicar para atingir a fluência do idioma. “Vou pagar um curso para aprender para ontem”, conta Gabriel mais tarde em uma entrevista à CIO Brasil. “Neste encontro tudo ficou claro”, complementa. “Ele me deu um suporte, na área de tecnologia, além de suporte como humano. Compreendi como ele já vivenciou e o que tenho que passar, ficou muito mais claro depois do encontro”, reflete o estudante.

Nascido em Guarulhos, Djalma Carvalho encontrou na Análise de Sistemas a primeira porta que abriria para uma carreira orientada para a tecnologia e negócios. Não fosse seus pensamentos pragmáticos na juventude, talvez Carvalho teria dedicado mais tempo e as chuteiras aos gramados. Até os 18 anos de idade, Carvalho foi jogador profissional de futebol. O executivo lembra que a tecnologia veio por meio de uma oportunidade, algo providencial em sua vida. “Nada é por acaso”, conta em entrevista à CIO Brasil.

“Meu primeiro cursinho de tecnologia, eu devia ter uns 12 anos de idade”, lembra. “Na época era um cursinho de Basic, que ganhei como uma bolsa em um colégio público. Foi aí que vi que mexer com uma tecnologia era um desafio, não tinha noção”, revela. Para além da oportunidade, Carvalho lembra que sempre foi movido pela curiosidade de como as coisas funcionam, como são feitas. “Fábricas me chamavam atenção. Então, eu me perguntava como fazia para se fabricar um carro, fazer uma roupa, essas perguntas”. Antes de chegar a Schneider Electric, Carvalho trabalhou para grandes nomes do mercado como JP Morgan Chase & Co, Nestlé Nespresso, Cadbury PLC e Comsat Telecommunications.

Gabriel e Carvalho dividem também um ponto em comum: o esporte. Se o executivo decidiu deixar o futebol para se dedicar a uma carreira corporativa, Gabriel se viu há pouco fazendo o mesmo, só que, em seu caso, com o basquete. Para Carvalho, há no esporte uma metáfora prática para o dia a dia do mundo dos negócios. “Diferente de jogar tênis, nadar, esportes que são solitários, no futebol e no basquete, você está em um grupo. E é algo que você conecta diretamente com o ambiente corporativo. Depois que você começa a ganhar experiência com o campo corporativo, assusta a aderência que tem ao futebol. Acho que por isso que nos conectamos. O ambiente do qual ele veio, o cenário que ele pinta é o mesmo que eu vim”, conta Carvalho.

O que vão levar da experiência?

Gabriel conta que antes de conhecer Carvalho estava até receoso. “Eu estava com um pré-julgamento, por se tratar de um CIO, com toda essa responsabilidade, eu achava que ele seria uma pessoa muito reservada”, confessa. “Mas quando cheguei, quebrou todo meu paradigma. É um cara como eu, mas com vasta experiência, super inteligente, humilde”.

O jovem estudante diz que do encontro ficou a lição de não desistir. “Eu vi todos os desafios que ele enfrentou”, conta. Ao mesmo tempo, a conversa serviu de orientação para Gabriel buscar o que ele precisa aprender neste momento. “A TI é parte do negócio, mas ele tem o fundamento de como funciona e hoje aplica isso ao negócio. E eu procuro isso. Eu tive essa reflexão no momento. Apesar de estar em gestão de TI, penso que ainda não é o momento de eu lidar com isso. Eu aprendi que eu preciso conhecer o desenvolvimento e entender a base da tecnologia, para futuramente conseguir administrá-la”, pondera o jovem.

Para Carvalho, foi uma oportunidade de também refletir sobre o próprio trabalho. “O simples fato de estar com alguém no dia a dia te observando, dá também a oportunidade de se entender, de se avaliar de como eu me comunico, como eu me administro no dia a dia”, diz o CIO.

O executivo reforça o conselho ao estudante: “No começo de carreira, é importante ter uma visão generalizada da tecnologia. Até porque, a área de TI é como a área de medicina, não tem mais uma quantidade limitada de especializações. Se antes eram três pilares, hoje são 50. É importante que a gente tenha essa visão mais ampla para também gerar insights”.

 

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