CEOs devem compartilhar planos de longo prazo com investidores

Muitas pessoas sugeriram afastar-se dos relatórios de ganhos trimestrais como forma de reduzir a visão de curto prazo. Mas tal mudança provavelmente não mudaria como os recursos são alocados ou as empresas operam. Em vez de exigir menos informações de curto prazo, a chave para combater a visão de curto prazo poderia ser encorajar as empresas a compartilhar mais informações sobre seus planos de longo prazo.

Quando perguntados por que as empresas não falam mais sobre o longo prazo, os CEOs costumam reclamar da orientação de curto prazo dos investidores. Da mesma forma, os investidores reclamam que as empresas não divulgam informações suficientes de longo prazo para trabalhar com elas. Esse enigma está finalmente sendo abordado pela Iniciativa de Investidores Estratégicos do CECP, organização que engloba CEOs.

Segundo Christina Rehnberg, George Serafeim e Brian Tomlinson, que escreveram para a Harvard Business Review, o CECP criou uma estrutura para que os CEOs apresentem os planos estratégicos de longo prazo para suas empresas e os hospedem nos Fóruns de Investidores dos CEOs. Até o momento, 19 CEOs das 500 maiores no mundo – como Becton Dickinson, AETNA, 3M, PG&E e Unilever – apresentaram seus planos a investidores institucionais que representam mais de US$ 25 trilhões em ativos sob gestão.

Em pouco tempo, outras três empresas – IBM, NRG Energy e GSK – estarão apresentando seus planos de longo prazo. As expectativas para um plano efetivo de longo prazo são descritas na Carta aos Diretores-Executivos da SII. Assinada pelos principais investidores institucionais, o documento descreve os componentes de um plano de longo prazo que permite a um CEO tratar questões duradouras de interesse do investidor e ajudar a suprir uma necessidade de mercado não atendida com um horizonte temporal de longo prazo.

Os CEOs mostraram liderança ao apresentar esses planos de longo prazo. Entretanto, até o momento, não há evidências sobre as consequências do mercado de capitais que a apresentação de um plano de longo prazo possa ter. Empresas e outras partes interessadas pediram para demonstrar os impactos reais da entrega desses planos, ou seja, argumentos que expliquem por que uma empresa deve entregar um plano de longo prazo.

Diante disso, o CECP firmou parceria com a KKS Advisors, empresa de consultoria e pesquisa para explorar o conteúdo informativo desses planos, criar uma estrutura analisando o conteúdo dos relatórios e examinar como os participantes do mercado de capitais respondem a eles.

A amostra, contudo, é limitada os resultados ainda são preliminares. No entanto, fornecem importantes evidências iniciais e podem ser usados no futuro como âncora na análise de ainda mais empresas, bem como os efeitos de longo prazo das apresentações desses planos.

Foram encontradas reações do mercado de capitais tanto para os preços das ações quanto para o volume negociado entre três e cinco dias após a apresentação do plano de longo prazo, comparado às reações típicas nos outros dias, sugerindo que os planos de longo prazo comunicaram novas informações que os participantes não tinham antes.

Longo prazo: por que ele importa?

Esses dados também sugerem que planos de longo prazo não são meras apresentações de marketing ou “conversas baratas”. No entanto, não foi observada maior propensão de que os analistas de Wall Street revisariam suas previsões em resposta a um plano de longo prazo. Apesar deste último achado, as maiores reações do mercado de capitais, tanto nos preços das ações quanto nos volumes negociados sugerem que as informações apresentadas são novas e relevantes para os investidores.

Os analistas viram, também, o conteúdo de cada um dos planos estratégicos de longo prazo entregues de acordo com uma estrutura analítica baseada na Carta de Investidores da SII para CEOs. Em seguida, classificaram a qualidade da divulgação com base no fato de não haver divulgação, divulgação genérica, métricas voltadas para trás ou métricas voltadas para o futuro de uma categoria.

Um bom plano de longo prazo fornece ao investidor métricas prospectivas sobre vários assuntos – não uma narrativa genérica baseada em informações retrospectivas. As categorias incluem 22 temas específicos agrupados em nove categorias: desempenho financeiro, alocação de capital, indústria e mega-tendências, posicionamento competitivo, riscos e oportunidades, governança corporativa, propósito corporativo, capital humano e parcerias estratégicas para criação de valor em longo prazo.

Essa estrutura ajuda a analisar o conteúdo de cada plano de longo prazo apresentado até o momento – e fornece a base para a análise de planos futuros. Por exemplo, os planos da Becton Dickinson e da Medtronic estão no topo da distribuição. Eles oferecem dados ricos, específicos e acionáveis.

As empresas parecem achar mais fácil divulgar métricas mais voltadas para o futuro em temas como posicionamento competitivo (direcionadores de valor de longo, médio e curto prazo), tendências (fontes de vantagem competitiva) e desempenho financeiro (eficiência de capital e lucratividade).

Por outro lado, métricas voltadas para o futuro raramente são fornecidas para questões subjacentes ao tema de governança corporativa. De fato, 58% das empresas não forneceram informações sobre remuneração de executivos e como isso está ligado ao longo prazo, e 53% das empresas não divulgaram nada sobre a composição do conselho.

A análise sugere que as empresas que divulgam informações mais acionáveis em torno do posicionamento competitivo, do propósito corporativo e das parcerias estratégicas em seu ecossistema corporativo tiveram reações de mercado significativamente maiores do que outras empresas que compartilharam seus planos de longo prazo. Isso sugere que, até certo ponto, o conteúdo planejado correlaciona-se com as reações do mercado de capitais.

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