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CEO da Mastercard explica por que empresa desistiu da criptomoeda Libra

Há quase dez anos no comando da multinacional de pagamentos Mastercard, Ajay Banga acredita firmemente que não há mais espaços para soluções de pagamentos locais dentro de um mundo globalizado. 

“O custo econômico da construção de sistemas isolados em um mundo onde os cidadãos viajam globalmente é realmente estúpido; [dentro de um contexto] onde o crime viaja globalmente é ainda mais estúpido; e [numa realidade] onde a tecnologia é completamente global é [algo] três vezes mais estúpida”, afirmou o executivo em entrevista ao Financial Times publicada nesta segunda (3). 

Apesar da pré-disposição de seu principal executivo, a Mastercard foi uma das empresas que, em outubro, anunciaram a saída do projeto Libra, iniciativa liderada pelo Facebook para criação de uma moeda capaz de unificar pagamentos globais.

Segundo Banga, foram dois os principais motivos que o fizeram reconsiderar a participação da empresa dentro do novo projeto: preocupações com o compliance do serviço e dúvidas sobre o modelo de negócios. 

Clima de incerteza

Para a reportagem do Financial Times, o CEO informou que os principais membros da iniciativa não se comprometeram de nenhuma forma jurídica a assegurar que todo o projeto seguiria as legislações financeiras de cada país. 

“Toda vez que eu falava com os principais defensores de Libra [sobre questões de compliance], eu dizia: ‘Você colocaria isso por escrito?’ Eles não colocavam. ” 

Outro receio apontado por Banga reside na dificuldade de identificar o modelo de negócio que sustentaria todo o investimento na Libra. E, de acordo com as palavras do empresário, “quando você não entende como o dinheiro é ganho, ele é ganho de uma maneira que você pode não gostar”. 

À parte dessas duas principais preocupações, Banga afirmou ter fica “alarmado” quando o Facebook nomeou a Libra uma ferramenta de inclusão financeira para depois incluí-la dentro da sua carteira digital, a Calibra. 

“Dizia a mim mesmo: ‘isso não parece certo’. . . Para inclusão financeira, o governo precisa pagar você com isso [moeda], você precisa recebê-la como um instrumento que possa entender e precisa poder usá-lo para comprar bens. Se você for pago em Libra [moeda]. . . elas vão para a Calibra, que voltam para as moedas para comprar bens, não entendo como isso funciona. ” 

Prudência ou medo da concorrência?

Pode-se argumentar, como fizeram os analistas ouvidos pelo Financial Times, que o “temor” expressado por Banga venha de uma fonte totalmente diferente: do entendimento de que, a longo prazo, essa solução tem chances de executar de forma mais eficiente o trabalho realizado pela Mastercard de conecta  todos os envolvidos dentro de uma operação de compra e venda. 

Ao ser confrontado com essa hipótese, o CEO utiliza como argumento o tamanho da estrutura montada pela companhia: “Temos mais de 30.000 bancos em todo o mundo, conectados com 60 milhões de comerciantes, com bilhões de pessoas em 200 países, registros legais de todos os países integrados ao sistema. Todo mundo, até os gigantes digitais, percebe que é pesado montar [essa estrutura] e que é ‘melhor, mais rápido e mais barato’ fazer parceria com a Mastercard.” 

A firma de pagamentos se encontra como um player forte no mercado: fechou 2019 com uma US$ 17 bilhões em receita (mais do que o triplo do registrado há dez anos) e perspectivas de crescer a receita entre 7% a 8% este ano. Desde que se Banga se tornou CEO da companhia, o preço das ações subiu de US$ 20 para US$ 320. 

E sobre o futuro? Mesmo sendo difícil definir vencedores a médio e longo prazo dentro do mercado de pagamentos, o executivo já adiantou que sua empresa estará aberta para acordos.

“Um banco maior negocia [condições mais agressivas] do que um banco menor. Um comerciante maior negocia mais do que um comerciante mais pobre. Um governo maior negocia mais do que um governo menor. Então a China negocia de maneira diferente do Vietnã. É apenas realidade. ” 

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