Cenários para a computação quântica geram otimismo e medo

Simone Lettieri, da Base Digital, e Claudio Pinheiro, da IBM, discutem possibilidades, desafios, aplicações e até limites da nova tecnologia, que já é realidade

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1:44 pm - 18 de outubro de 2018
Simone Lettieri e Claudio Pinheiro Simone Lettieri e Claudio Pinheiro, em debate no palco High Tech

Para onde a computação quântica vai levar a humanidade no futuro próximo? Para responder a essa pergunta, o IT Forum Expo colocou, no mesmo palco, na manhã desta quinta-feira (18/10), dois especialistas da área: Claudio Pinheiro, senior data scientist da IBM, e Simone Lettieri, COO da Base Digital.

Pinheiro, com a palestra “Data Science e Computação Quântica aplicados a descoberta de conhecimento e extração de insigths”, apresentou princípios e detalhes técnicos sobre a computação quântica, que se baseia no Qbit (o bit quântico).

“A característica principal de um computador quântico é que, para cada bit quântico que se agrega, há ‘2 elevado a n’ respostas simultaneamente. Esse é o ponto de virada. O computador quântico vai evoluir para oferecer respostas simultâneas. Já existem computadores quânticos de mais de 30 Qbits”, afirmou o especialista.

Entre as especialidades de um computador quântico estão a rapidez no cálculo de algoritmos e na busca de dados. “Por exemplo, para buscar 1 milhão de documentos e se cada análise durar 1 segundo, a probabilidade de encontrar o meu documento é de 800 mil segundos. Ao usar algoritmo no computador quântico, vai demorar no máximo 1.000 segundos. Reduz para uma escala infinitamente menor”, diz Pinheiro.

Simone Lettieri, que abordou o tema “Qbit e vida exponencial”, citou uma série de aplicações para a nova tecnologia, como na química (otimização da energia, desenvolvimento de novas drogas), no clima (previsões mais acuradas para prevenção de desastres), na logística (sistemas de transporte mais otimizados) e na economia.

Na área da tecnologia, segundo ela, a criptografia quântica vai ajudar na segurança cibernética, e haverá um processo de aprendizagem acelerado na inteligência artificial, por exemplo.

Medo

Simone também fez um overview sobre as quatro revoluções industriais pelas quais já passou a humanidade para mostrar que é normal a população ter medo de mudanças e que ainda há muitos desafios a serem vencidos, não só tecnológicos, como humanos. “Apesar do entusiasmo, há o lado do ceticismo: e se não der certo? Continua-se investindo, mas há um risco de a computação quântica não dar certo.”

Apesar disso, a especialista se diz otimista. “Vivemos uma nova era. Se será a quinta revolução, não sabemos. O que sabemos é que todas as revoluções trouxeram medo, medo do novo, o que é normal”, afirmou Simone, exemplificando que um dos medos atuais reside na questão das mudanças nos paradigmas de emprego com o advento da tecnologia. “Sou uma otimista de nascença. Temos visto, na evolução da humanidade, muito mais ganhos do que perdas. E acredito que será assim se a computação quântica conseguir se estruturar.”

Pinheiro também prevê um futuro positivo na área. E revela que essa tecnologia está mais próxima de nós do que muitos podem imaginar _já há sites gratuitos que permitem essa aproximação e prática. “Hoje qualquer pessoa pode começar a usar a computação quântica, já trazendo resultados e algum diferencial para o seu trabalho. O futuro é o quantum. Vamos ter computadores quânticos em menos de dez anos que vão ser mais poderosos que todas as máquinas que existem hoje no planeta”, afirma Pinheiro.

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