As smart grids, ou redes inteligentes, apresentam-se como uma das fortes tendências mundiais quanto à modernização do sistema elétrico. No entanto, o Brasil enfrenta algumas barreiras para sua evolução. As principais são a limitação dos recursos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), especialmente no aspecto da inovação; o esgotamento do modelo regulatório; a baixa maturidade do mercado; a ausência de uma política industrial vertical (com linhas específicas para REI); a dificuldade de sinergia com as telecomunicações; e a falta de formação de mão de obra qualificada.
Para o consultor em energia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcelo Pelegrini, o modelo de negócios no setor regulatório não suporta adequadamente tanto o mercado quanto a indústria de redes inteligentes. “Como uma base de inovação e um modelo de negócios mais consolidado, ou seja, um plano que dê diretrizes claras e utilize os instrumentos de apoio adequados, teremos seguramente a indústria participando desse processo”, avaliou durante Workshop Smart Grid Brasil 2014 realizado em Brasília.
O consultor apresentou dados de um relatório, resultado do mapeamento nacional da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e dos Diálogos Setoriais, ação realizada entre o governo brasileiro e a União Europeia, que apontam que no Brasil existem 200 projetos na área, com investimento aproximado de R$ 1,6 bilhão em P&D, envolvendo 450 instituições.
Desse total, 126 centros pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil estão relacionados ao fornecimento de energia. Entre as motivações para o investimento em P&D nesta área está a expectativa de melhoria da qualidade do fornecimento, a redução de custos operacionais e de se ter uma maior gerenciamento e visibilidade do que acontece no fornecimento de energia.
Entre as informações apresentadas pelo consultor do MCTI está a classificação dos projetos das 63 empresas concessionárias de distribuição. Os dados revelam que 45% delas estão iniciando estudos de adoção de tecnologias de smart grid. Quinze por cento das companhias são consideradas investigadoras e trabalham com uma gama variada de áreas. Além disso, 27% das empresas estão em fase de demonstração dos projetos. Já as concessionárias pioneiras nos projetos de smart grids equivalem a 12% do total.