BP usa tecnologia cognitiva para transformar prontuário eletrônico

Vencedora da categoria Saúde, a BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo obteve mais qualidade das informações de diagnósticos e terapias, gerando mais qualidade de vida aos pacientes

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9:15 pm - 17 de outubro de 2018

Em meio a um cenário cada vez mais inovador, movido pela transformação digital em curso no planeta, vários setores vivem revoluções com aplicações disruptivas, muitas delas em áreas essenciais da vida em sociedade, como a de saúde. O digital tem permitido a entrega de melhores serviços aos pacientes com descobertas e novos recursos que promovem mais qualidade de vida.

A BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo deu um passo à frente no setor, contribuindo para sua evolução, aprimorando o prontuário eletrônico do paciente (PEP) com o Watson, tecnologia cognitiva da IBM, em um projeto que consumiu dois anos e foi concluído no ano passado. Ele é resultado de uma iniciativa de inovação da área de TI da BP, para responder à necessidade de exploração e utilização de dados contidos no PEP.

Fundada em 1859, a instituição é hoje o maior polo privado de saúde da América Latina em número de leitos. Reúne em seu complexo mais de mil leitos, 7 mil colaboradores e 3 mil médicos. Atende a mais de 1,8 milhão de pessoas por ano, em diversas especialidades como cardiologia, oncologia e neurologia. Entre suas inúmeras atividades, como transplantes de coração, fígado e medula, por ano, realiza nada menos do que 5 milhões de exames e 24 mil cirurgias de alta complexidade.

Para aprimorar ainda mais esses procedimentos, a evolução do prontuário eletrônico, possibilitou a identificação do diagnóstico em tempo real, propiciando a criação de análises preditivas de tempo de permanência e a possibilidade de novos modelos de negócio que levem em conta todas as comorbidades dos pacientes.

Esse avanço tecnológico em prol da qualidade e da preservação da vida concedeu à BP o prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI, promovido pela IT Mídia, na categoria Saúde, fruto do empenho de um time formado por profissionais de TI, técnicos, médicos e enfermeiros codificadores.

Para Lilian Quintal Hoffmann, superintendente-executiva de TI da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a implantação do PEP é mais uma iniciativa de inovação da BP, que contribui para seu avanço na jornada de se transformar em uma instituição totalmente digital.

“Fizemos um trabalho multidisciplinar, envolvendo não só profissionais da área de TI, mas também gestores, médicos e equipes assistenciais. Isso nos ajudou a eliminar possíveis resistências, porque todos entenderam a importância daquele projeto para o futuro, para a continuidade da instituição no mercado”, disse.

Foram muitos os ganhos obtidos com a evolução dos prontuários eletrônicos, considerando se tratar de uma base para inovações tecnológicas, uma plataforma com infinitas possibilidades. “A visibilidade dos dados do paciente, seja para oferecer uma assistência ainda mais personalizada, para realizar uma gestão mais eficiente ou até mesmo para fins de pesquisa, são ganhos reais que a ferramenta proporciona.”

De acordo com Lilian, o Watson reduziu erros e liberou tempo que a equipe assistencial dedicava para processos que passaram a ser automatizados a partir da adoção da ferramenta para que estejam disponíveis, permitindo um cuidado ainda mais próximo do paciente. O principal objetivo desse projeto, ela destaca, foi entender o potencial do uso da inteligência artificial sobre o ativo de informação mais rico de uma instituição hospitalar, que é o prontuário eletrônico.

O PEP, associado à incorporação da inteligência artificial, abriu novos horizontes para a BP e passa a ser natural, na avaliação da executiva, a incorporação de outras soluções que realmente façam sentido no dia a dia da BP e tragam melhoria no atendimento prestado, no apoio à decisão, nas informações preditivas e, consequentemente, ganho real dos clientes.

A evolução com tecnologia cognitiva

O Watson cria o “entendimento” de um texto não-estruturado, de forma a extrair insights dos dados dos pacientes, de forma automatizada. É possível, por exemplo, criar anotadores para a plataforma entender o que são medicamentos, doenças, sintomas e a correlação existente entre eles. A tecnologia identifica e classifica diagnósticos associados, a partir das evoluções clínicas registradas em formato de texto pelos médicos no PEP.

Por meio do uso do processamento de linguagem natural e de machine learning, a tecnologia cognitiva identifica as comorbidades dos pacientes, auxiliando a instituição na codificação, na precisão e na predição de informações.

A BP treinou as capacidades de entendimento de linguagem natural do Watson para ler a informação médica dentro do prontuário, em português. Além disso, é possível ensinar também que um conjunto de sintomas pode corresponder a uma doença, que essa doença corresponde a um código Classificação Internacional de Doenças (CID) e que determinados medicamentos têm efetividade ou não para os pacientes com a patologia em questão.

Superando desafios

Construir um modelo que permitisse avaliar a potencialidade da aplicação da inteligência artificial foi um dos grandes desafios da BP no projeto. “Por ser o primeiro, foi importante que fosse simples, com custo e tempo reduzidos, em que os resultados pudessem ser palpáveis, tanto para a área de TI quanto para a área assistencial”, destacou.

O treinamento de cerca de 9 mil pessoas, entre colaboradores e médicos para a implantação do prontuário eletrônico, foi mais um desafio superado. Para vencer essa etapa, que consumiu dois anos, foi criada uma infraestrutura especial a partir de containers, totalmente adaptados para a realização dos treinamentos.

De acordo com Lilian, a BP optou pelo modelo de multiplicadores, ou seja, os profissionais de tecnologia eram treinados e depois treinavam os multiplicadores que, por sua vez, treinavam os usuários finais, criando assim um efeito cascata de transmissão do conhecimento.

O Watson também foi desafiado. Isso porque o desenvolvimento de uma solução que utiliza essa tecnologia não é feito por meio de programação ou criação de regras como em sistemas tradicionais. Ele precisou ser treinado em diversos exemplos do histórico médico, oriundo do prontuário eletrônico e de especialistas, para aprender vocabulários específicos utilizados em um texto médico livre e as possíveis correlações entre eles.

Em evolução

Os próximos passos da BP na jornada digital incluem ampliar o potencial de informações apuradas no prontuário eletrônico, especialmente os diagnósticos associados, proporcionando uma gama maior de indicadores, que permitirão melhorias na gestão, planejamento e atendimento nas três unidades do polo de saúde.

Ao utilizar dados não estruturados existentes, a BP também irá obter insights sobre a classificação de diagnósticos e procedimentos. A solução cognitiva irá garantir a qualidade da leitura dos prontuários, extraindo os diagnósticos primários e secundários dos pacientes, com a associação aos diferentes códigos de CIDs de forma automática.

Segundo Lilian, hoje, é possível extrair as informações de comorbidade dos pacientes em tempo real. À medida em que a evolução, a anamnese ou o sumário de alta são digitados, o Watson pode fazer a leitura e sugerir ao médico as patologias encontradas, sem a necessidade de modificar a maneira como o médico trabalha.

“Entre as expectativas da BP está a expansão do uso do modelo atual, executando a integração direta com o prontuário eletrônico do paciente (PEP). Além disso, também a correlação e a análise dos dados identificados na codificação, propiciando a criação de algoritmos preditivos de tempo de permanência, custo previsto da internação, entre outros avanços que certamente irão proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes e melhores prognósticos”, antecipou a vencedora do prêmio As 100+ Inovadoras no Uso da TI, na categoria Saúde.

Finalistas da categoria Saúde

1º lugar – BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo – Lilian Quintal Hoffmann, superintendente-executiva de TI
2º lugar – Unimed São José do Rio Preto – Edilson Chiqueto Junior, gerente de TI
3º lugar – OdontoPrev – Marcelo Galvão, diretor de TI

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