Black Friday ainda assusta equipes de TI do varejo on-line?

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1:53 pm - 22 de novembro de 2017
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Consolidada como importante data para varejistas, a Black Friday deste ano (nesta sexta-feira, 24/11) deve registrar faturamento de R$ 2,2 bilhões para o comércio eletrônico no Brasil. O número é 19% maior do que o último ano, segundo previsão do idealizador do evento no País, o Blackfriday.com.br. Em sete anos, o volume cresceu quase vinte vezes no Brasil, saindo de R$ 105 milhões em 2011, na primeira edição, e batendo a casa dos bilhões.

Ricardo Bove, diretor da BlackFriday.com.br, comenta que, com a queda nos preços de produtos que pesam no orçamento familiar dos brasileiros, como alimentos, o consumo de bens de maior valor agregado, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos, volta a ser prioridade. Levantamento do E-bit, por exemplo, aponta que cerca de 81% dos brasileiros pretendem comprar pela internet na data.

Mesmo diante do período de início de retomada econômica do país, com grande parte da população ainda com o freio de mão puxado em relação a gastos, a Black Friday tem todo um cenário positivo.

Toda essa expectativa – criada sobretudo por fortes campanhas de marketing – exige uma mobilização especial para que a infraestrutura possa suportar os picos. As plataformas tecnológicas do e-commerce são peças fundamentais. Mas será que as equipes de TI ainda temem a Black Friday? Quais são os principais desafios e o segredo para uma estratégia de sucesso?

Testes com antecedência

Julio Duram, diretor de TI da Via Varejo – administradora das marcas Casas Bahia, Pontofrio e do e-commerce do Extra – comenta que o desafio da Black Friday vai muito além do aumento da quantidade de itens vendidos. A questão é a concentração em um período muito curto. “Começamos as promoções na quinta-feira à noite e terminamos na sexta-feira, com rescaldo sábado e domingo. Se você comparar com o fim de ano por exemplo, nesse caso os pedidos são espalhados em três ou quatro semanas. O problema da Black Friday é a alta concentração em poucas horas”, conta Duram, em entrevista ao IT Forum 365.

Para suportar o pico, a equipe de TI da Via Varejo aposta no planejamento no longo prazo e, sobretudo, no reforço da sua infraestrutura.

Segundo Duram, o planejamento sobre os investimentos e as ações a serem efetuadas começaram em março e, desde maio, as áreas de TI da companhia se reúnem periodicamente para discutir os próximos passos e executar testes de carga simulando uma quantidade de compras por minuto até sete vezes acima do observado em dias comuns no e-commerce.

O executivo destaca que essa estratégia permite corrigir falhas de sistema que possam comprometer o desempenho dos sites durante a data comercial. “O foco dos testes é simular o tráfego algumas vezes maior concentrados nas poucas horas. Fazemos todos de madrugada, quando o portal tem pouco acesso, simulando o período da Black Friday”, explica.

Para este ano, a Via Varejo aumentou em 30% a infraestrutura tecnológica, composta por servidores de alta densidade, armazenamento de dados de última geração e conectividade de larga escala. “Ano passado passamos ileso e conseguimos manter tudo em pé com tranquilidade. Ainda assim, decidimos ampliar a infraestrutura”, pontua.

Multicloud

Outra aposta da Via Varejo para este ano é o uso de soluções multicloud para armazenamento de informações. São plataformas distintas que estarão integradas e permitirão aumentar ou encolher o tamanho da infraestrutura sem necessidade de novos equipamentos, possibilitando flexibilizar a operação em nuvem para se adaptar conforme a demanda, sendo ela acima ou abaixo do esperado.

“Tínhamos uma estratégia muito baseada em colocar tudo dentro de servidores nosso adicionais. Dessa vez adotamos a estratégia multicloud, com uma série de plataformas em nuvem que integramos para termos capacidade mais elástica. É muito mais fácil ter elasticidade na nuvem do que em servidores físicos”, comenta.

Força-tarefa

Mais do que o reforço em infraestrutura, a Via Varejo também prepara uma estratégia especial para sua força de trabalho. Além das equipes internas, a empresa contará com a participação dos principais parceiros tecnológicos in loco (entre eles, IBM, Oracle e Microsoft), além de promover contratações pontuais para a data.

Juntando todo o quadro de colaboradores e prestadores de serviço somente no setor de tecnologia, são 1,5 mil pessoas envolvidas durante a realização do evento, atuando 48 horas durante o evento em rodízio de turnos. “Todo esse pessoal precisa estar disponível. O nível de SLA é diferente de um dia normal. É uma operação estilo NASA, em que nada pode dar errado”, conclui.

Confiança em alta

Quem também tem planos ambiciosos para a data é o Mercado Livre, que projeta a maior Black Friday de sua história. Serão mais de 30 mil produtos à venda e o marketplace terá mais de 500 lojistas participantes da campanha, aumento de 38% em relação a 2016.

Segundo Daniel Aguiar, gerente sênior de marketing do Mercado Livre no Brasil, houve aumento de 120% em termos de acesso em 2016 para a data em relação ao ano anterior. “Para 2017, esperamos dobrar este índice”, projeta, em conversa com o IT Forum 365.

No Mercado Livre, a confiança está lá em cima. Aguiar comenta que a infraestrutura da empresa já é muito robusta, capaz de processar milhões de transações por segundo. “A Black Friday significa um volume maior de transações, mas não chega a exigir mais infraestrutura do que a que já temos. Diante do alto índice de acessos diários que uma empresa como nós precisamos ter, a nossa infraestrutura já está preparada para atender a demanda da Black Friday e não precisa realizar qualquer preparação diferente do habitual”, garante.

O executivo conta que, a cada segundo, nove compras são realizadas na plataforma e são mais de 191 milhões de usuários cadastrados, por isso a equipe já está habituada a atender com excelência o alto fluxo de compradores que visitam o site todos os dias. “O Mercado Livre participa da Black Friday há três anos, e neste período não tivemos problemas em nenhum momento em termos de estrutura e tecnologia.”

Se a infraestrutura está preparada, o quadro de colaboradores também não exigirá nenhum reforço. “Não há necessidade. O Mercado Livre mantém um quadro de colaboradores habituado a lidar com um alto número de demanda diariamente”, completa.

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