B3, Microsoft e Oracle anunciam parceria de migração para a nuvem

Empresas farão projeto conjunto de dez anos que inclui desenvolvimento de novos produtos para a nuvem

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8:00 am - 11 de maio de 2022
Rodrigo Galvão, Rodrigo Nardoni e Tania Consentino Rodrigo Galvão, Rodrigo Nardoni e Tania Consentino Crédito: Antonio Carreiro

A B3 (Bolsa do Brasil) anunciou nessa quarta (11) uma parceria estratégica com a Microsoft e com a Oracle para migração de sistemas para a nuvem num prazo de dez anos. Em entrevista em primeira mão ao IT Forum, Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia e Segurança da Informação da B3, explicou que a parceria focará em levar agilidade, flexibilidade e inovação para os serviços e produtos da empresa.

O processo de olhar para a transformação digital começou em 2019 com o apoio de uma consultoria. Ao estudar os sistemas da B3, a companhia entendeu que alguns sistemas têm afinidade com a nuvem e outros possuem mais desafios, inclusive tecnológicos. Por isso, a parceria tem como estratégia dois horizontes: um que acontecerá nos cinco primeiros anos e outros até os dez anos.

Na primeira fase, com horizonte de até cinco anos, serão migrados para a nuvem sistemas que atualmente têm maior adaptabilidade a esse ambiente como o gravame de veículos, a Clearing de câmbio, Banco B3, seguros, balcão, entre outros.

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Na segunda fase, após os primeiros cinco anos, a parceria da B3 com a Microsoft e Oracle terá como foco o desenvolvimento de novas tecnologias para migração de sistemas onde hoje não há soluções já construídas e prontas no mercado. Além disso, a parceria muda a forma de a B3 desenvolver novos sistemas, passando ser sempre cloud first.

Além disso, o estudo mostrou que ter parcerias seria positivo financeiramente e ajudaria a B3 a ter escala – foi quando a Microsoft e a Oracle se tornaram a opção mais atrativa. “Eles trouxeram a proposta de parceria no começo do processo [início de 2021] de uma maneira que nos surpreendeu porque foi uma iniciativa trazida por eles e não era trivial saber que essa parceria seria possível e nos agradou por abrir muitas possibilidades”, comenta Nardoni.

Tania Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, explica que a decisão do que será migrado em um primeiro momento depende do legado. Ou seja, serão priorizadas as aplicações em que haja benefícios em curto prazo, aumentando a segurança e gerando insights por meio, por exemplo, de Inteligência Artificial. “O que é bastante interessante é a mentalidade de inovação da B3, onde os novos aplicativos nascerão na nuvem, permitindo que seja mais orientado ao cliente e com tempo de lançamento bastante reduzido”, resume.

Ao serem questionados sobre o papel da Microsoft e da Oracle no projeto, Rodrigo Galvão, vice-presidente sênior de Tecnologia da Oracle América Latina, explicou que, principalmente na primeira fase do projeto, o foco é usar a Oracle para aquilo que já rodar na tecnologia Oracle e o mesmo com as aplicações Microsoft. “Na primeira fase, vamos buscar o melhor dos dois lados. Na segunda fase, que será um processo de criação, as engenharias estarão juntas para criar tendências e tudo será construído a seis mãos”.

Um dos diferenciais, nesse sentido, é a conexão entre os data centers das companhias. Com o uso do Microsoft Azure de forma interconectada com a Oracle Cloud Infrastructure (OCI), infraestrutura de nuvem de próxima geração da Oracle, a B3 terá uma das mais abrangentes soluções em certificações de segurança do mercado.

Outro ponto levantado é a sustentabilidade. “As três empresas estão super conectadas no quesito do futuro. Dentro do projeto, a gente está falando da questão de sustentabilidade e temos todas as metas de ESG. Nossas culturas trazem um pacote de metas que levam a B3 junto com a Oracle e a Microsoft para essa responsabilidade”, diz Galvão.

A parceria entre as três empresas também inclui ações de capacitação de times por meio de workshops, treinamentos, acesso a laboratórios e certificações de mercado, que contribuirá para retenção e atração de novos talentos nessa área.

“Em resumo, nós temos quatro pilares: escala; investimento; desenvolvimento de novas tecnologias; e treinamento e educação. Nesse último caso, a nossa expectativa é treinar a nossa equipe, gerar conhecimento para o mercado para que possamos beneficiar o ecossistema e gerar atratividade”, comenta Nardoni.

Para o executivo da B3, o projeto poderá mudar não apenas a B3, mas o mercado financeiro. Segundo ele, a possibilidade de criação de novos produtos e serviços será bastante benéfico, além da conectividade ajudar a conectar, também, os sistemas entre as empresas.

“Além disso, ajudará a democratizar o acesso a diferentes produtos. Quando a gente olha o Brasil que ainda tem muitas pessoas desbancarizadas, imagina falar de investimento. Quando você tem a tecnologia, você tem a possibilidade de oferecer mais produtos de forma mais simples e mais barata”, complementa Tania.

Por outro lado, o projeto também tem um valor estratégico muito grande não só no Brasil, mas globalmente, para a Microsoft. Tania comenta que o mercado financeiro é complexo, com muitas regulações e, por isso, a companhia tem um grupo de executivos no Brasil com foco em desenvolver tecnologias para esse mercado. Segundo ela, esse projeto oferece referência, reputação e permite acelerar muito a inovação.

“O impacto na Oracle é gigantesco. A B3 é uma das maiores empresas do Brasil e essa parceria é um ganha-ganha para todos os lados. Nós entendemos, como empresa, que vamos gerar mais valor para o mercado, para as pessoas e vamos cocriar inovações”, concorda Galvão.

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