AWS aposta na nuvem como base para a evolução da IA generativa

Na visão de Cleber Morais, diretor-geral da AWS Brasil, a IA generativa traz inovação, mas para que isso seja possível é preciso da nuvem

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8:34 am - 03 de dezembro de 2024
Cleber Morais, diretor-geral de vendas da AWS no Brasil (Imagem: Divulgação)

Em meio ao vertiginoso avanço da inteligência artificial (IA), a Amazon Web Services (AWS) Brasil, sob a liderança de Cleber Morais, intensifica seus esforços para democratizar o acesso à IA generativa, tendo a nuvem como pilar fundamental dessa evolução. Em entrevista durante o re:Invent 2024, evento da companhia que acontece nesta semana em Las Vegas* (EUA), o executivo destaca os investimentos da empresa em programas como o AWS Generative AI Accelerator e na capacitação de milhões de pessoas em IA generativa.

Morais relembra os 13 anos de investimento da AWS no Brasil, ressaltando que a adoção inicial da nuvem enfrentou desafios semelhantes aos que a IA generativa passa hoje, devido aos altos custos de entrada e à necessidade de infraestrutura robusta.

“Construímos uma base, investimos em infraestrutura e capacitação. Na nossa cultura, o cliente vive um novo ciclo que já experimentou no passado”, afirma. Agora, a empresa direciona seus esforços para a IA e a IA generativa, oferecendo desde chips que reduzem custos até plataformas que visam democratizar seu uso.

Nuvem como alicerce da IA generativa

O executivo enfatiza que a nuvem é indispensável para o desenvolvimento e a escalabilidade da IA generativa. “A IA generativa traz inovação, mas a base da IA é a nuvem. Não tem como escalar processamento, trabalhar com grandes volumes de dados, sem que isso esteja na nuvem”, destaca Morais.

Ele reforça que a capacidade de processamento e a flexibilidade oferecidas pelos serviços em nuvem são essenciais para treinar modelos de IA em larga escala e torná-los acessíveis a empresas de todos os tamanhos.

Inovação setorial

O programa AWS Generative AI Accelerator, anunciado neste ano, é citado por Morais como um dos pilares dos esforços da empresa. Com investimentos de US$ 1 milhão, o programa, que recebeu inicialmente 250 interessados, apoia 80 empresas em todo o mundo, 20 na América Latina e 10 no Brasil.

Entre as escolhidas está a Amadeus AI, que oferece serviços e soluções de IA para o mercado corporativo, ajudando negócios a otimizar processos e tomar decisões mais inteligentes. Já a Avra fornece soluções sob medida de IA para a indústria e empresas do mercado financeiro, focando em eficiência operacional e análise preditiva. A Base39 utiliza IA para fornecer soluções de crédito mais inteligentes, rápidas e personalizadas, facilitando o acesso a financiamentos.

A Lastro é uma empresa de tecnologia financeira e imobiliária que utiliza IA para ajudar imobiliárias a crescerem mais rapidamente e aumentarem a taxa de conversão de vendas. No campo jurídico, a Lexter emprega IA para aumentar a produtividade em escritórios de advocacia, automatizando tarefas repetitivas e complexas.

A Magie, o primeiro banco no WhatsApp, utiliza IA para permitir pagamentos de contas e transferências via Pix diretamente no aplicativo, simplificando transações financeiras. A Pupila AI utiliza tecnologia e IA para desenvolver identidade visual e outras soluções ligadas ao branding e marketing das empresas, aprimorando a presença de marca.

A Rocketmat oferece soluções de IA para recrutamento e seleção de talentos, auxiliando empresas a encontrar os candidatos ideais de forma mais eficiente. A Talisman AI utiliza IA para defesas judiciais, interpretando evidências e gerando contestação em minutos, além de respostas a advogados oponentes. Por fim, a Winnin emprega IA para produzir insights valiosos para empresas que buscam ganhar relevância cultural, analisando tendências e comportamentos do público.

“Essas companhias estão na vanguarda da inovação, aplicando IA generativa para resolver problemas reais em diversos setores. Nosso objetivo é acelerar essas iniciativas e mostrar a força que o Brasil tem na área de tecnologia”, comenta Morais.

Capacitação para impulsionar a IA

Morais ressalta a meta ambiciosa de capacitar 2,5 milhões de pessoas em IA generativa na América Latina, em parceria com instituições de renome como Insper, Fundação Lemann e Itaú. “Para usar a tecnologia de forma eficaz, é preciso saber utilizá-la. A IA generativa é a mesma coisa”, afirma. Ele acredita que a educação tecnológica é fundamental para impulsionar a adoção da IA e preparar profissionais para as demandas do mercado.

Transformação digital

Durante a conversa, Morais menciona que empresas de diversos setores estão aproveitando a nuvem e a IA generativa para transformar seus negócios. “Vemos que todas as empresas têm a oportunidade de usar a IA em seu core e transformar seus negócios. Todas as empresas passam a ser empresas de IA”, diz.

Ele cita exemplos de clientes que estão inovando com o uso da nuvem e da IA, desde startups até grandes corporações nos setores financeiro, varejista e de saúde. “Os bancos vieram num momento em que o diferencial competitivo via tecnologia é muito forte. O varejo também. Nascemos no varejo para o varejo, e todos os exemplos usados dentro da Amazon levamos como serviço para eles, trazendo vantagens competitivas”, explica.

Desafios e oportunidades

Apesar do otimismo, Morais reconhece os desafios que ainda persistem, especialmente em relação à infraestrutura e à capacitação. “A desmistificação [da tecnologia] acontece especialmente nas startups. Não podemos esquecer que Vtex, Nubank começaram inovando e agora são gigantes. Oferecemos as mesmas tecnologias de segurança e IA generativa que grandes bancos usam para clientes menores. Isso é democratizar o serviço também. O cliente tem oportunidade de inovar”, afirma.

Ele destaca que a AWS continua comprometida em auxiliar clientes na jornada de transformação digital, desde ajudar startups a criar um negócio até acelerar a produção de vacinas. “Isso nos ajuda a ser importante no Brasil e a ser visto de uma forma relevante”, conclui.

*A jornalista viajou a convite da AWS

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Déborah Oliveira

Editora-chefe e diretora de Conteúdo do IT Forum, Déborah Oliveira é jornalista com mais de 17 anos de experiência na área de TI. Tem passagens pelas redações da Computerworld, CIO e IDG Now!. Bacharel em Jornalismo, com graduação executiva em Marketing, e MBA em Marketing. Em 2018, foi vencedora do prêmio de melhor Jornalista de TI no Brasil, do Cecom. Em 2019 e 2020, foi destaque do mesmo prêmio na categoria Telecom. É uma das autoras do livro “Da Informática à Tecnologia da Informação – Jornalistas Contam Suas Histórias”, pela editora Reality Books, lançado em 2020.

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