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Opinião: caso da Cambridge Analytica dá espaço para rede social da Apple

O recente caso envolvendo o Facebook e a consultoria Cambridge Analytica, em que os dados de diversos usuários da rede social teriam sido usados para fins indevidos, mostra o perigo da vigilância on-line e a necessidade de uma nova abordagem para as redes sociais – e é isso o que a Apple pode fornecer. 

Entenda a história, mas não a repita.

A história mostra que a Apple nunca conseguiu criar uma rede social bem-sucedida. O Ping, lançado em 2010, por exemplo, foi fechado em 2012 por conta da falta de interesse.

O Apple Music esconde a sua própria “mini rede social), mas ela também possui uso e engajamento limitado.

Mas por que a Apple falhou nesta tarefa? Você pensaria que uma empresa tão grande e com uma base de clientes tão fieis quanto a Apple teria facilidade para lançar uma rede social que fosse apreciada pelos seus usuários, certo?

No entanto, esse não é o caso. A história mostra que outros serviços de rede social mais focados conseguiram entregar recursos de forma mais rápida do que a Apple neste segmento.

A história também mostra que a Apple sempre teve dificuldades em deixar o controle tempo suficiente para permitir que as pessoas usem qualquer ferramenta de rede social que forneça para auto-expressão. Uma das minhas principais reclamações sobre o Ping é que era uma rede que não fazia nada – não tinha personalidade. 

Em parte, isso pode refletir uma decisão cultural da Apple. O CEO Tim Cook afirmou o seguinte recentemente: “Não tenho filhos, mas tenho um sobrinho em quem coloco alguns limites. Há algumas coisas que não permitirei; não quero ele em uma rede social.”.

Super proteção?

Talvez sim, talvez não – o escândalo da Cambridge Analytica mostra como os dados e (potenciais) crenças das pessoas podem ser abusados nas redes sociais.

Entenda o caso

As notícias sobre o escândalo em questão ainda estão aparecendo, com investigações acontecendo em jornais e redes de TV conhecidas. 

De forma resumida: a Cambridge Analytica é acusada de reunir informações pessoais de dezenas de milhões de usuários para passar essas informações para terceiros – neste caso, as campanhas de Trump nos EUA e UK Leave EU no Reino Unido.

Essa informação então aparentemente foi usada em uma tentativa de ajustar alguns votos em determinados lugares chaves. A história ainda está evoluindo, com informações surgindo (e advogados envolvidos) – mas esse é um bom resumo dos eventos até o momento.

Enquanto o Facebook está tentando se distanciar da responsabilidade, penso que é difícil para uma pessoa razoável não ver que se uma companhia pode ter acesso a esse tipo de conhecimento ao coletar dados na rede social, outras também podem fazer o mesmo.

Em que momento torna-se uma responsabilidade do Facebook efetivamente proteger os seus usuários de um abuso de privacidade desse tipo?

Privacidade

Ainda aguardando a revelação completa dos fatos, essa crise deve servir como um alerta para qualquer um que tema que a livre coleta de dados dos usuários tenha implicações que cheguem ao âmago da sociedade em que vivemos. O caso levanta questões importantes como essas abaixo:

– É realmente apropriado que terceiros possam coletar dados a partir de redes sociais como o Facebook, e usar essas informações para descobrir seu padrão de voto, ideologia política ou sexualidade?

-Quem controla para quem esses dados são vendidos?

-O que acontece com um usuário LGBT do Facebook quando informações sobre a sua sexualidade são vendidas para um governo reacionário que persegue pessoas LGBT?

Também há a questão do equilíbrio. Apesar de a privacidade ser muito importante, essas necessidades precisam ser equilibradas com o potencial para tais informações destravarem novas oportunidades e eficiências em um futuro inteligente, automatizado e impulsionado pelo Big Data.

Isso coloca a seguinte questão: Qual empresa já tem uma posição declarada de colocar proteções e garantias em torno dos dados dos usuários? E qual companhia busca a conveniência da inteligência da máquina e da análise de dados ao mesmo tempo em que quer proteger seus usuários do abuso de informações privadas? A Apple.

A oportunidade da Apple

Os aparelhos da Apple já possuem mais poder do que a maioria dos outros no mercado. A empresa só precisa conectar todos eles.

Imagine um espaço em que links de notícias verdadeiras e curadas pela Apple pudessem ser compartilhados e comentados por usuários do iCloud por meio da suas contas verificadas. A Apple já afirmou anteriormente que há uma “responsabilidade” para as grandes empresas se responsabilizarem pelas fake news.

Não apenas o fato de que as identidades precisariam ser verificadas pelos usuários do iCloud já cortaria uma parte dos trolls abusivos que estragam tanto as redes sociais, mas as decisões da Apple em torno da proteção de privacidade dos usuários e de manter as redes de anúncios foram do quadro deveriam permitir que os usuários realmente se comuniquem em uma atmosfera de relativa segurança e confiança/

Isso significaria que você só compartilharia o que você quer com as pessoas em quem confia. Isso seria realmente…

Um lugar para amigos

Apesar de a popularidade das redes sociais provarem a demanda para serviços desse tipo, não temos uma rede social realmente privada. 

Mesmo que a Apple tenha a vontade de criá-la, a sua construção exigiria um investimento substancial de dinheiro sem um retorno garantido, o que diminui consideravelmente as chances disso acontecer.

Uma alternativa seria comprar uma rede social existente (Twitter?), acabando com as suas contas falsas e os tópicos de anúncios, além de melhorar as tecnologias de segurança e privacidade (e lançar alguns apps gratuitos para usuários que não estejam no ecossistema da Apple). Mas os investidores ficariam questionando: “Onde está o dinheiro?”.

O escândalo envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica mostra que a abordagem com princípios da Apple à privacidade dos usuários vai se tornar mais importante (e não menos) à medida que as implicações completas da inteligência conectada sejam mais bem entendidas.

A falta desses princípios agora parece ameaçar a própria democracia.

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