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Apple Card vs outros cartões: existe diferença no quesito privacidade?

Lançado recentemente, o Apple Card tem como ponto apelativo o comprometimento de não divulgar os dados dos seus clientes com firmas terceiras, que poderiam usar essas infos para criar publicidades melhor direcionadas aos usuários e, assim, incentivar o consumo. Mas esse aspecto realmente faz diferença na vida real?

O jornalista Geoffrey Fowler, do Washington Post, resolveu fazer um teste: comprou duas bananas e pagou cada uma com o cartão da Maçã, que promete mais sigilo, e a outra com um cartão comum, emitido em parceria com a Amazon e a Visa.

Após estudar os termos de privacidade das operadoras e discutir com especialistas em segurança, Fowler fez um guia explicando quais entidades recebem seus dados e de qual forma eles são compartilhados com outras empresas:

1. Bancos

Para Fowler, o supreendente não foi o banco ter acesso aos seus dados, mas com quem os bancos os compartilharam.Os dados da compra feita com o cartão da Chase, Amazon e Visa poderiam ser compartilhados com qualquer outro parceiro de marketing da firma. E tanto a companhia bancária como a Amazon não responderam se a empresa de Jeff Bezos tem acesso a outras compras feitas com o cartão que leva o seu nome mas feitas em outras empresas.

Já no caso da Apple, o Goldman Sachs, banco que viabilizou a produção do plástico, afirmou que não compartilha dados de compra com subsidiárias e empresas parcerias — as únicas infos sobre as compras dos usuários que saem do sistema da instituição são confirmações de pagamento que precisam ser transmitidas para órgãos que regulam o crédito.

A empresa comandada por Tim Cook também afirmou que não tem acesso a nenhum informação sobre transações financeiras feitas fora do ambiente da companhia.

2. As bandeiras

A mesma restrição de informações não acontece com as empresas como Visa e Mastercard, que  vendem os dados de forma anônima para empresas parceiras.

De acordo com o jornalista, a base de dados da Visa é tão grande que é posição selecionar  audiências de até 50 pessoas, muitas vezes atreladas com o mesmo CEP. Apesar da Mastercard não compartilhar esse tipo de informação, a Bloomberg publicou uma notícia dizendo que a companhia trabalhava em parceria com o Google para que a companhia consiga enviar publicidade relacionada com as compras realizadas no cartão.

3. A loja

As bananas utilizadas nesse experimento de privacidade foram compradas na varejista Target, que pode utilizar os dados para realizar campanhas de marketing em plataformas como Facebook ou mesmo compartilhar os dados (e  não vendê-los) com outras companhias que “possam usar a informação compartilhada para oferecer ofertas e  oportunidades especiais.”

4. Sistemas de pontos de venda e parceiros

Os donos das máquinas de cartão também podem ter acesso a algumas informações do seu perfil, como nome e email. Mas, segundo Fowler, ele não conseguiu contato com as empresas que trabalham nessa atividade e esse foi o grupo que menos informou sobre a forma como lida com os dados dos consumidores.

5. Carteiras digitais

Apesar de ter pago as frutas com um cartão físico, Fowler também aproveitou para olhar as restrições de segurança das carteiras digitais. No caso do Google Pay, a companhia afirmou que os anunciantes não podem criar publicidade com base nas compras realizadas com essa forma de pagamento. Porém, é possível ajustar as configurações de privacidade para permitir que os seus dados sejam usados para apresentar propagandas mais ajustadas com o seu perfil.

No caso do Samsung Pay, a empresa informou que não armazena as transações de pagamento em seus servidores, apesar de detalhea as 20 últimas compras feitas pelos usuários. Já a Apple declarou que não retém informações
“que possam ser conectadas ao seu perfil” ao utilizar o Apple Pay.

6. Apps de finanças

Existem aplicativos de finanças que, para exercer um controle mais preciso sobre a sua renda, pedem para ter
acesso direto à sua conta bancária e, assim, monitorar seus gastos. Para resumir: é bem provável que seus dados sejam compartilhados. De forma anônima, vale frisar

Conclusão

Ao final da análise, Fowler informou que pretende continuar utilizando o Apple Card pelo fato do cartão oferecer mais opções de privacidade do que a maioria dos que existem na área. Porém, o jornalista se mostrou decepcionado porque a empresa não apresentou novas formas de proteção à privacidade. O jornalista citou até o trabalho de uma startup chamada Privacy, que emite um número diferente de cartão para cada compra on-line, que atua como uma camada extra para garantir a privacidade do consumidor.

Ao final do texto, o profissional explicou que todas as empresas fornecem (porém não divulgam) canais de atendimento nos quais os clientes podem solicitar a remoção de suas infos dessas bases de dados. E ressalta que, em um futuro muito próximo (quando mais usuários entenderem com mais profundidade como seus dados são usados para incentivar determinados comportamentos) as companhias precisarão ser mais abertas e transparentes para se manterem no mercado.

 

 

 

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