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Aos 50 anos, mainframe está vivo e muito ativo

Há 50 anos
atrás, em 7 de abril de 1964 a IBM anunciava o /360, considerado hoje o ícone e
sinônimo do conceito de mainframes, 
apesar de outros fabricantes terem entrado e depois saído deste setor. O
/360 foi uma revolução no conceito da computação na época. Os sistemas dos
próprios fabricantes eram incompatíveis entre si e uma nova versão  obrigava a um imenso trabalho de
reprogramação. A proposta do /360 era ser uma linha de sistemas de computação
que garantisse compatibilidade entre todos os seus modelos e com as futuras
evoluções.  O software escrito para um
modelo poderia ser utilizado em modelos maiores e em futuras versões. Funcionou,
apesar de alguns percalços, como a necessidade de criar pelo menos três
ambientes operacionais, o DOS e os OS/MFT e MVT. Mas, no todo, o /360 se
manteve até hoje, evoluindo, passando pelos /370, 43xx, 308x, 3090 e chegando
aos atuais system  Z.

O sucesso do
/360 foi imediato e em apenas um mês depois de seu lançamento mais de 1100
pedidos foram feitos à IBM. Depois de cinco meses, a quantidade havia dobrado e
já respondia por um quinto  de todas as
máquinas IBM nos EUA. Com os mainframes a IBM dominou o mercado de computação
por muitos anos e em meados dos anos 70 a indústria de computação era metade
IBM e a outra metade ficavam todos os outros fabricantes. Interessante que o
conceito de uma linha de sistemas única e compatível que nos parece óbvio pela
nossa perspectiva atual, à época não o era. 
A base desta compatibilidade era um recurso inovador, chamado
microprogramação. Com a microprogramação os projetistas poderiam desenhar suas
máquinas sabendo que o conjunto de instruções delas seria o mesmo, implementada
no microcódigo, armazenado em uma memória read-only.

O /360 foi a
base de crescimento da IBM. Claro que precisou de muita evolução ao longo do
tempo. Por exemplo, ele tinha sido criado para operar na modalidade batch e a
IBM acabou ficando para trás no inovador conceito de time-sharing que começava
a se popularizar. Para recuperar o atraso, a nova versão, chamada de /370 já
foi orientada a time-sharing.

Sobrevivente
A sobrevida
dos mainframes é comprovada quando ele chega aos 50 anos. Nos últimos 20 anos
falou-se muito na morte do mainframe, com a chegada de novos modelos de
computação como a cliente-servidor e a Internet. Mas eles persistem e são
bastante utilizados. Os números provam isso. Dos 100 maiores bancos do mundo,
92 usam mainframes. Hoje existem mais MIPS (um conceito tradicional de medir
capacidade computacional dos mainframes, que significa milhões de instruções
por segundo) instalados que em qualquer outra época. É uma máquina voltada ao
ambiente de grande volume de transações como exigido pelos sistemas
financeiros, além de serem equipamentos de alta confiabilidade.

Ao longo do
tempo os usuários de mainframes, se por um lado usufruem de um equipamento que
os atende muito bem, por outro lado acabam ficando em um aprisionamento
forçado, pois o custo de sair de seus ambientes operacionais de softwares é
muito alto. Na verdade, quando se avalia o custo de propriedade ou TCO dos
mainframes vemos que  sua maior parcela é
justamente o software.

O futuro
Mas, e nos
próximos anos, como ficarão os mainframes? 
É um cenário desafiador. A IBM continua a evoluir o sistema, agregando
mais tecnologias. A cada dois ou dois anos e meio é lançado um nova linha, com
mais capacidade. Cada ciclo de evolução é naturalmente acompanhada por
incentivos, como redução do custo por MIPS. 
Novos recursos como processadores auxiliares, específicos para
determinadas tarefas, geram também um aumento no uso do mainframe com novas
aplicações. Estima-se que pelo menos 25% dos MIPS de mainframes instalados hoje
são consumidos pelo ambiente Linux e seus processadores IFL (Integration
Facility for Linux). 

Mas há um
senão no horizonte.  Talentos. Muitos
profissionais da velha guarda estão se aposentando e não existe muito entusiasmo
por parte das universidades e da nova geração em trabalhar com mainframes. A
IBM tem feito muito esforço para diminuir este impacto, fazendo acordos com
universidades ao redor do mundo para criar uma nova geração de profissionais,
mas ainda demanda muito trabalho pela frente.

Analisando o
cenário atual observamos que enquanto bancos e grandes instituições privadas e públicas
usam mainframes, as novas empresas da Internet como Amazon, Google, Facebook,
eBay, PayPal e outras não os utilizam. O mercado mostra um lento decréscimo na
sua base instalada, mas com aumento da capacidade na base que se mantém. Uma
analogia seria como a razão de planeio de um planador, que para  cada 50 metros voados, perde um metro de
altitude. Resumindo, os mainframes não vão acabar, mas existe uma lenta erosão
da base instalada e uma concentração maior de capacidade nos clientes que já o
utilizam.

O mainframe
sobreviveu 50 anos, enfrentando muitos desafios e varias mortes anunciadas. Vem
evoluindo ao longos das décadas nos seus atributos de alta confiabilidade e
capacidade de processar grande volume de transações. O hardware de hoje é muito
diferente do /360 original. Não se reconhece no system Z um /360… Continua
sendo um negócio de alta margem para IBM, principalmente pelo software, mas o
mundo de hoje é bem diferente do que era há 50 anos.

Assim, prever
os próximos 50 anos é impossível. Nos próximos dez anos eles estarão
processando muitas informações críticas, mas ao longo dos anos continuarão a
perder espaço e um dia,  como os
planadores, pousarão. Mas, não significa que os mainframes desaparecerão, mas
se diluirão como servidores nas nuvens. Os serviços que eles prestam
dificilmente, nos próximos dez anos, pelo menos, poderão ser substituídos por
outras máquinas.

 

(*) Cezar Taurion é
consultor sênior, sempre envolvido em discutir e prever os impactos de
TI nos negócios, com experiência em grandes corporações como IBM, PwC e
Shell. Autor de seis livros, sobre diversos temas como Open Source,
Inovação, Cloud Computing e Big Data. Atuou em projetos de grande porte e
transformadores de negócios e constantemente palestra em eventos de
renome.

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