Notícias

LGPD pode tirar o Brasil da estaca zero frente aos outros países

O Senado Federal rejeitou nessa quarta-feira (26) o artigo 4º da MP, que visava adiar a Lei Geral de Proteção de Dados para o início do ano que vem. Com a rejeição do artigo, a LGPD passa a vigorar a partir de hoje, quinta-feira (27), com aplicações de multas a partir de agosto de 2021.

Criada em agosto de 2018, a LGPD tinha previsão original de entrar em vigor no último dia 14 de agosto de 2020. Contudo, o artigo 4º da MP 959, editada pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro em abril de 2020, previa a prorrogação da vigência da lei para maio de 2021. Após emenda ao texto original da medida, o prazo foi alterado para esta quinta (27).

O primeiro adiamento certamente foi muito comemorado por empresas que não tinham feito qualquer adaptação à LGPD e fariam em cima da hora. Mas, postergar a vigência é retroceder em todos os âmbitos, seja no tocante a área de TI, saúde, economia e educação. Prorrogar a Lei significa deixar para depois uma obrigação das empresas entenderem que os dados pessoais de seus bancos de dados, na verdade, não podem ser compartilhados a terceiros sem consentimento.

Entre os principais argumentos utilizados para o adiamento foi o fato de que as empresas não teriam orçamento para iniciar ou continuar a adaptação a Lei devido a pandemia. No entanto, como a proliferação do coronavírus ainda está acontecendo sem qualquer perspectiva concreta de queda, é difícil imaginar uma data para que os orçamentos retomem a sua integralidade. Além disso, as empresas realmente preocupadas em se adequar – mesmo que menos da metade delas – já investiram todos os esforços e valores nesse processo e já estão praticamente 100% preparadas para o novo formato de trabalho.

Com a decisão anterior, o Brasil ficou com um baixo nível de proteção de dados em comparação ao padrão internacional. Isso significa que as empresas nacionais tiveram mais dificuldades em manter e desenvolver relacionamento com fornecedores de outros países em meio a pandemia, além de diminuir o nível de competitividade e credibilidade dos negócios com companhias internacionais.

A partir de agora, a expectativa é de que a antecipação da vigência da LGPD traga a possibilidade para que as empresas, que ainda engatinhavam no processo de adequação, busquem por soluções visando se adequar o mais rápido possível à norma. Já as companhias que estavam mais avançadas na jornada devem persistir nos seus projetos com ainda mais empenho, analisando as melhores práticas e ferramentas disponibilizadas pelo mercado. No final, o objetivo é fazer com que a privacidade de dados seja encarada com a importância e seriedade que o tema exige.

*Carla Prado Manso é DPO e gerente responsável pela área jurídica da Compugraf, formada em direito pela Universidade Paulista e advogada certificada pela OneTrust – Privacy Management Professional

Recent Posts

Nova IA promete revolucionar a biomedicina ao prever comportamento de moléculas

O Google DeepMind e a Isomorphic Labs revelaram o AlphaFold3 nesta quarta-feira (8), uma inovação…

10 horas ago

TikTok lança sistema de rotulagem automática para conteúdo gerado por IA

O TikTok anunciou nesta quinta-feira (9) que implementará um sistema de rotulagem automática para identificar…

11 horas ago

Convênio entre Unicamp e Inmetrics quer acelerar uso de IA generativa

A Inmetrics e o Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), gerido…

11 horas ago

IA facilita reencontro de animais e tutores no RS após enchentes

As recentes enchentes no Rio Grande do Sul não afetaram apenas pessoas, mas também milhares…

12 horas ago

13 oportunidades de ingressar na área de tecnologia

Toda semana, o IT Forum reúne as oportunidades mais promissoras para quem está buscando expandir…

12 horas ago

EXCLUSIVO: Konecta Brasil fatura R$ 650 mi em 2023 e quer chegar a R$ 1 bi em 2025

A Konecta Brasil, unidade brasileira do grupo espanhol especialista em relacionamento e experiência do cliente,…

13 horas ago