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5 erros (e 5 acertos) cometidos pelo Google ao longo de 2019

Por muito tempo, a companhia fundada por Larry Page e Sergey Brin foi conhecida como a “mais amigável” das grandes empresas de tecnologia, por não ter enfrentado problemas similares aos de marcas como Facebook ou Uber. 

Esse cenário mudou nos últimos anos, tanto por conflitos entre a alta liderança e funcionários ou a participação da firma em mercados como os de saúde. Mesmo com os novos questionamentos levantados pela empresa, a firma também apresentou avanços significativos tanto no ponto de vista do negócio como a forma como ela se posiciona para com seus usuários. 

 Seguindo o ritmo de retrospectiva, apresentamos cinco erros e cinco acertos apresentados pela Google durante este 2019 

Acerto | Passagem de bastão concluída com sucesso

Os fundadores da gigante de tecnologia pegaram o mercado de tecnologia quando, em 2015, a dupla anunciou a criação da Alphabet, holding que separa o negócio da Google, empresa responsável pela maior parte do lucro, de outras iniciativas experimentais da marca, como o negócio de carros autônomos Waymo.  

Ao longo dos anos, Pichai conseguiu trabalhar com autonomia e imprimir um ritmo pessoal dentro da empresa, investindo em produtos como a linha de smartphones Pixel e a unificação da marca Nest.  

Recentemente, a empresa deu mais um salto rumo à uma visão separada da vida de seus fundadores após Sergey e Page anunciarem que estão deixando o comando da Alphabet e dando o controle da organização para Pichai.  

Apesar de incomum dentro do mundo do setor de tecnologia, em que os fundadores costumam reter o controle da sua organização, esse tipo de movimento já é visto em outros ramos, no qual a transição entre fundadores e liderança executiva é pensada de forma estratégica e planejada para que o negócio não se prejudique.  

Erro | Problemas relacionados à cultura interna

Apenas em 2018, a empresa precisou lidar com denúncias de assédio sexual vindas de profissionais no alto escalão e a participação da empresa em projetos feitos em parceria com o Departamento de Defesa americano e que iriam contra a política “Don’t Be Evil” (não seja mau), que a empresa enfatizou desde a sua criação. Tanto que os colaboradores realizaram uma série de protestos pedindo mais transparência dos C-Levels. 

 Na época, Pichai e os diretores da marca apresentaram mudanças no regulamento interno para facilitar as denúncias de assédio e garantir a proteção dos colaboradores, mas ainda é forte a percepção de que muitos profissionais que trabalham na empresa discordam de algumas decisões tomadas pelos cargos mais altos. 

Um exemplo é a demissão de quatro funcionários da empresa,  ocorrida em novembro. Enquanto o grupo dispensado afirma que a medida foi tomada como forma de desestimular debates sobre temas sensíveis, a Google afirmou que a decisão ocorreu porque eles estavam realizando atividades fora do escopo de trabalho e que poderiam comprometer a segurança da informação.   

Acerto | Consolidação da venda de produtos “Made by Google”

Por questão de estratégia, a Google iniciou sua presença dentro do mercado de smarpthones como fornecedora de um sistema operacional, sem um aparelho para chamar de seu. Com a presença consolidada do Android, a empresa fez o lançamento da marca de aparelhos Pixel, como substituta da linha Nexus. 

Desde seu lançamento, os novos smartphones se destacaram pela capacidade de processamento de hardware e pela alta qualidade da câmera, rivalizando e, em alguns aspectos, superando os recursos dos iPhones da Apple. Mas os primeiros aparelhos da linha eram voltados para um público com maior poder aquisitivo e, como os produtos só eram distribuídos por uma operadora, a compra acaba de certa forma sendo limitada. 

Esses aspectos foram superados com a chegada dos modelos Pixel 3a e 3a XL: com preços a partir de US$ 399 e distribuídos pelas principais empresas de telefonia, os aparelhos se tornaram acessíveis a um público maior de pessoas e, apesar de menos potentes que as soluções anteriores, conseguiram entregar um serviço de qualidade pelo preço proposto. 

Outro destaque da Google foi para a unificação da marca Nest, comprada em 2014 e especializada em produtos inteligentes para a casa. Mesmo com a aquisição, as marcas passaram um bom tempo atuando de forma separada, mas em 2019 iniciaram um processo mais forte de junção, que pode ser visto até mesmo aqui no Brasil com o lançamento do Google Nest Mini, a nova linha de alto falantes inteligentes da marca. 

Erro | Lançamento precoce da plataforma Google Stadia

Mirando o potencial financeiro da indústria de games, tanto Apple como Google anunciaram (e lançaram) soluções para o setor ainda neste ano. Mas, enquanto a proposta da Apple se consistia em criar uma central de jogos voltados para o usuário casual e títulos com complexidade de desenvolvimento mais baixa, a companhia de Mountain View apresentou o Stadia

Anunciado como uma plataforma que usa a tecnologia de streaming para enviar jogos de qualidade para todos os tipos de dispositivos, o Stadia conta com uma assinatura mensal de US$ 10 (o dobro do valor da Apple) e ainda o investimento em separado de um hardware de US$ 130. Sem falar nos valores à parte para quem desejasse comprar jogos que não estavam inclusos na assinatura. 

Acontece que a realidade não conseguiu cumprir as expectativas formadas pelos usuários: lançado no início de dezembro, a solução ainda é vista pelo mercado quase como um protótipo e ainda com muitos (mesmo) pontos a serem melhorados. Para um serviço que implica em um pré-investimento considerável, a recepção não foi das melhores. 

Acerto | Novos recursos de privacidade para usuários

 Após o caso envolvendo o uso de dados de usuários do Facebook pela consultoria Cambrigde Analytica, a sociedade ficou mais atenta à quantidade de dados coletada pelas companhias e, mais ainda, como é possível controlar a quantidade de infos que essas empresas podem ter acesso. 

Nesse quesito, o Google divulgou nos últimos meses funcionalidades capazes de atender às novas necessidades dos usuários. Destaque para a criação de um modo anônimo no Maps e recursos que, quando configurados, apagam automaticamente o histórico de dados de serviços como YouTube e as informações de localização. 

Erro | Falta de detalhamento sobre iniciativas de saúde

A Google não é a primeira empresa de tecnologia a voltar seus esforços para a área de saúde nos últimos anos. Porém, surpreendeu a notícia divulgada pelo jornal Wall Street Journal que a parceria que a empresa já havia anunciado com a rede de atendimento de saúde Ascension se encontrava em um estágio tão avançando, com funcionários da empresa tendo acesso históricos médicos de milhares de pacientes sem que esse fato tivesse sido comunicado de forma mais clara.  

Não se discorda que a aplicação da tecnologia dentro desse ramo pode trazer ganhos capazes de significar a mais qualidade de vida para as pessoas. Porém, ainda existe muito (e justificável) receio de como as empresas utilizarão essas informações de forma a não prejudicar o elo mais fraco, que são as pessoas.  Por isso, a companhia teria se poupado de muitos questionamentos caso tivesse sido mais específica sobre o status atual desse acordo. 

Acerto | Políticas de conteúdo mais efetivas para o YouTube

A empresa atuou neste ano para criar medidas que possam limitar a divulgação e compartilhamento de conteúdos tóxicos e/ou falsos dentro da plataforma de vídeos. Em dezembro, a companhia divulgou um post apresentando as novas políticas e ferramentas criadas para evitar a propagação de assédio e ataques pessoais feitos a YouTubers. 

Antes, a empresa já havia divulgado uma nova política chamada “Os 4 Rs de Responsabilidade”, em que mostra  as iniciativas criadas para diminuir o nível de desinformação presente no espaço. 

Erro | Os desafios para eliminar conteúdos tóxicos persistem

Ainda há um trabalho muito longo a ser feito para tornar o YouTube um lugar majoritariamente seguro e tranquilo, especialmente quando falamos da parcela da audiência composta por crianças: em abril, a companhia foi multada em US$ 170 milhões por órgãos reguladores dos EUA, devido ao fato de ter coletado informações pessoais de jovens de forma ilegal, direcionando os espectadores para anúncios para benefícios financeiros. 

Em paralelo, a empresa está sendo investigada pelo governo sob a acusação de não conseguir proteger de forma consistente o público infantil. A empresa até estaria considerando deixar todo o material desse segmento disponível apenas no YouTube Kids, mas essa solução é encarada como paliativa.  

Acerto | Maior cuidado a respeito da ética de inteligência artificial

O desenvolvimento de Inteligência Artificial é uma das grandes apostas das empresas de tecnologia, mas ainda é um tema que precisa ser lidado com cuidado por conta dos riscos que precisam ser resolvidos antes de se confiar totalmente nesse tipo de abordagem , como um viés prejudicial a uma determinada parcela da população. 

O Google apresentou medidas que podem ajudar no desenvolvimento unificado desse recurso, como a IA Platform, solução apresentada neste ano para auxiliar desenvolvedores, cientista de dados ou engenheiros a compartilhar modelos pré-prontos de machine learning, além de treinamentos e escalonamento de cargas de trabalho no mesmo painel de nuvem.  

Além dessa plataforma, a empresa está investindo em iniciativas paralelas e que envolvam diversos setores da indústria para a criação capaz de tomar decisões éticas e justas  

Erro | O conturbado início do seu conselho de IA

Junto com as ferramentas de IA, a Google anunciou em março a criação de um conselho composto por especialistas da área e que não trabalham na empresa, para ajudar na tomada de decisões mais sensíveis sobre os rumos que as tecnologias desenvolvidas dentro da empresa precisam tomar.  A ideia, a princípio muito boa, acabou sendo ofuscada devido à conduta de alguns dos membros escolhidos para compor o board. 

Funcionários da gigante de buscas protestaram contra a inclusão do presidente da instituição conservadora Heritage Foundation e o CEO de um fabricante de drones com aplicações militares. Além disso, não estava claro como o conselho agiria caso apresentasse uma decisão que não fosse acatada pelo Google. Por isso, o conselho acabou sendo dissolvido antes mesmo de ser iniciado de fato. 

*Com informações da Fast Company 

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