5 chaves para uma estratégia de API bem-sucedida

Para empresas que buscam reformular suas operações e ofertas, as interfaces de programação de aplicativos (APIs) tornaram-se os principais facilitadores da transformação digital, especialmente à medida que as organizações movem cada vez mais dados e aplicativos para a nuvem.

Antes amplamente vistas como um meio técnico para um fim, as APIs são agora uma preocupação estratégica de alto nível, com o desenvolvimento, gerenciamento, manutenção e proteção desses recursos se tornando uma consideração importante – e um grande desafio – para os líderes de tecnologia.

Mais do que apenas componentes vitais para habilitar a automação ao fornecer comunicação entre aplicativos e serviços, as APIs agora também agregam valor comercial a várias empresas por meio de uma variedade de esforços de monetização.

Um relatório de abril de 2022 sobre APIs da empresa de pesquisa 451 Research, patrocinada pela Noname Security, afirma que, após a onda de transformação digital, as APIs da Web experimentaram “crescimento exponencial à medida que o aumento de ofertas integradas baseadas na Web e em dispositivos móveis exige significativamente mais dados compartilhados entre produtos”.

O estudo, baseado em uma pesquisa de janeiro de 2022 com especialistas em TI em 350 empresas globais em vários setores, mostra que uma organização média está usando 15.564 APIs – um aumento de 201% nos últimos 12 meses.

“Quando se trata de definir uma estratégia de API bem-sucedida, não existe um caminho único para o sucesso”, diz Scott Hanawait, Vice-Presidente Sênior da consultoria Booz Allen Hamilton. “O design da API não é fácil, e cada projeto tem seus próprios requisitos, partes interessadas e recursos exclusivos, [juntamente com] os resultados desejados. O uso de uma determinada tecnologia, estilo de arquitetura ou suporte para um tipo de API específico não garante o sucesso”.

Em sua essência, as APIs devem resolver um problema real e facilitar a aplicação dessa solução para outros, diz Hanawait.

Aqui estão algumas das chaves para criar e manter uma estratégia de API bem-sucedida, de acordo com especialistas.

Codifique a propriedade dos dados

As APIs passaram por ampla inovação desde que o conceito se originou na década de 1940, diz Chris McLellan, Diretor de Operações da Data Collaboration Alliance, uma organização sem fins lucrativos dedicada a ajudar organizações e indivíduos a obter controle total de suas informações para avançar na inteligência colaborativa global.

“É por isso que essa tecnologia aparentemente simples é tão crítica hoje para quase todas as interações digitais”, diz McLellan. “No entanto, as APIs são fundamentalmente sobre extração e acesso a dados, e essa última função quase não teve progresso em talvez quatro décadas. Ainda fazemos cópias infinitas de dados confidenciais, assim como fizemos quando as ferramentas de TI se materializaram, no processo, minando protocolos de segurança, violando restrições de conformidade e criando complexidade”.

As APIs têm acesso e alcance extraordinários, diz McLellan, “mas isso não deve violar direitos fundamentais. A maioria dos dados pertence a partes específicas, e só deve estar nas mãos do legítimo proprietário ou de guardiões temporários devidamente nomeados. Os dados representam as joias da coroa de uma organização – o acesso fácil por meio de APIs e outros mecanismos não deve tirar esse direito de controle”.

Derivando mais dados de mais APIs acessando mais aplicativos e mais sistemas provavelmente aumentará os negócios, mas definitivamente aumentará os custos e a complexidade, diz McLellan. “É por isso que uma estratégia abrangente de API não deve se limitar apenas a aplicativos que trocam dados”, diz ele. “Separar os dados do aplicativo usado para criá-los e armazená-los e garantir que eles existam e floresçam fora desses sistemas permite um controle mais forte e uma melhor governança”.

Simplifique por ‘des-siloing’

Um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações é a enorme complexidade de seu cenário de gerenciamento de dados, diz McLellan.

“Seja comprado ou construído, agora é comum que as empresas mantenham centenas, até milhares de aplicativos, cada um armazenando dados”, diz McLellan. “Acrescente a isso uma infinidade de bancos de dados legados, um cluster de data lakes e armazéns e um número desconhecido de planilhas operacionais, e os números aumentam rapidamente”.

Muitos dos silos baseados em aplicativos dentro das empresas também estão trocando cópias de seus dados por meio da integração de dados ponto a ponto, algo que muitos CIOs consideram uma “taxa de inovação” que adiciona atrito cada vez maior aos projetos, diz McLellan.

“No entanto, por meio do uso tático de APIs, uma estratégia de descomissionamento de muitos desses silos pode ser estabelecida conectando-os a ambientes mais seguros e colaborativos, como malha de dados e plataformas de dataware que tornam os dados acessíveis em toda a empresa”, diz McLellan . “Uma vez conectados e protegidos, os silos legados – começando com planilhas – podem ser avaliados para descomissionamento”.

A empresa de pesquisa Gartner colocou recentemente a categoria de malha de dados em sua lista de principais tendências tecnológicas estratégicas para 2022, observa McLellan. “Uma das razões é que as malhas de dados podem aproveitar as APIs para conectar dados de sistemas legados, armazenamentos de dados e ferramentas de [inteligência artificial/machine learning] e permitir que sejam combinados, estendidos e atualizados por meio de colaboração de dados”, diz ele. “Os conjuntos de dados ‘atualizados’ resultantes podem ser usados ​​para impulsionar novas análises, aplicativos da web e automações sem realizar a integração ponto a ponto tradicional”, potencialmente economizando meses de tempo e milhões de dólares na entrega desses projetos.

Apoie a inovação inclusiva e colaborativa

À medida que o acesso aos dados se torna cada vez mais essencial para a solução de problemas, os usuários de negócios estão encontrando maneiras de acessar e usar dados organizacionais fora dos limites das políticas sancionadas de governança de dados e segurança cibernética, diz McLellan.

“A resposta dos CIOs não deve ser sufocar a criatividade e a paixão inerentes a esses projetos de TI paralelos, mas permitir uma abordagem mais federada à inovação”, diz McLellan. “O uso de APIs é fundamental para estabelecer ambientes colaborativos como malhas de dados”.

Nesses ambientes, “todos, de usuários de negócios a cientistas de dados, podem trabalhar lado a lado em dados operacionais reais para criar conjuntos de dados e modelos de dados que podem ser usados para acelerar a entrega de novas soluções, incluindo aplicativos da Web, painéis e automações”, diz McLellan.

Uma API só pode ajudar a resolver um problema se os usuários souberem que a solução existe, diz Hanawait. “Tornar as APIs detectáveis, por exemplo, por meio de um catálogo ou portal do desenvolvedor, ajuda a evitar trabalho duplicado dentro de uma organização e ajuda a comercializar soluções para terceiros”.

As organizações também precisam fornecer os recursos para que os consumidores de API sejam bem-sucedidos, idealmente de forma self-service, diz Hanawait. A documentação, incluindo guias de introdução, uma especificação legível por homem/máquina, informações de esquema e assim por diante, ajuda os desenvolvedores a entender como a API funciona, diz ele.

Crie uma mentalidade de “reutilização”

Ao criar uma estratégia de API, as empresas devem estabelecer uma mentalidade e uma metodologia de reutilização de objetos, diz Al Liubinskas, Vice-Presidente e Líder de Prática de Integração em Nuvem da empresa de consultoria global Capgemini Americas. “Isso [é] fundamental para acelerar o tempo de lançamento no mercado e reduzir o custo de entrega para fornecer os serviços necessários para o negócio”, diz Liubinskas.

Por exemplo, quando os clientes de restaurantes da Capgemini precisaram adotar rapidamente diferentes provedores de serviços de entrega para apoiar a mudança no mercado durante a pandemia, a reutilização de objetos ajudou significativamente a apoiar esses objetivos de negócios, diz Liubinskas.

“A reutilização de APIs para integrar seus serviços de atendimento de restaurantes e serviços de cardápio local e regional foi essencial para que nossos clientes incorporassem diferentes opções de fornecedores”, diz Liubinskas. “Através de vários níveis de reutilização, a Capgemini conseguiu aproveitar a reutilização completa de executáveis de API, reutilização de trechos de código-fonte, reutilização de design de padrão de API e reutilização de design de padrão de integração”.

As empresas devem se concentrar em aproveitar o código pré-existente, “o que acabará por melhorar a eficiência e reduzir os custos”, diz Liubinskas.

Na Pitney Bowes, fornecedora de equipamentos de correio e remessa, a estratégia tem sido alavancar a “codificação no estilo de estrutura”, armazenando recursos de proxy reutilizáveis nos repositórios de código-fonte da empresa que podem ser reutilizados nos esforços de desenvolvimento. “Dessa forma, componentes de código proxy frequentemente reutilizados podem ser escritos uma vez, mantidos em um só lugar, e todas as equipes obtêm o benefício de funções reutilizáveis bem pensadas”, diz James Fairweather, Vice-Presidente Executivo e Diretor de Inovação.

Olhe para fora

As APIs não podem ser usadas apenas para dar suporte a todos os tipos de processos de negócios de back-office; elas também podem ajudar a habilitar serviços externos que agregam valor comercial ou aprimoram a experiência do cliente.

Além de promover a reutilização, outro dos principais objetivos da Pitney Bowes com sua estratégia de desenvolvimento de APIs é criar novos serviços externos que clientes e parceiros possam acessar e integrar em seus próprios aplicativos e sistemas.

“Os metadados sobre o uso de APIs podem ser uma fonte interessante de sinais para direcionar ações para antecipar ou remediar problemas”, diz Fairweather. “Os padrões de uso de uma API e quais dados são acessados criam oportunidades para aprimorar a experiência do cliente”.

Por exemplo, se uma API está sendo chamada para rastrear um pacote específico com mais frequência do que o normal, isso pode indicar que o pacote é de alto valor para o destinatário, atrasado ou até perdido, diz Fairweather. “Podemos então tomar medidas rápidas para localizar o pacote e nos comunicar com o cliente”.