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4 desafios da autopromoção de grupos minoritários no mercado profissional

A diversidade tem influência nos negócios: 53% das empresas têm melhor desempenho em empresas com mulheres na diretoria e 35% têm melhor resultado financeiro em empresas com diversidade racial/étnica. Além disso, a falta de inclusão tem consequências reais: 47% dos funcionários LGBTQIA+ já enfrentaram discriminação no ambiente do trabalho e US$ 64 bilhões é o custo anual para as empresas por terem de substituir funcionários que se desligaram por conta de discriminação.

Apesar de dados como esses, os grupos minorizados ainda têm dificuldades de se “autopromoverem” e mostrar para pares, chefes e até pessoas de seu ciclo social suas conquistas. Visando empoderá-los, o Google criou o #IamRemarkable.

A iniciativa global foi desenvolvida para que todos, principalmente os grupos minoritários, comemorem as próprias conquistas no ambiente de trabalho e além dele. Em um workshop, as pessoas aprendem sobre a importância da autopromoção na vida pessoal e profissional e tem acesso a ferramentas para desenvolver essa habilidade.

Melina López, gerente de marketing e diversidade do Google Cloud, em uma edição do workshop em Salvador, falou um pouco mais sobre o assunto:

A autopromoção é importante

Para ter sucesso, é essencial mostrar nosso valor e falar sobre ele. Se não fizermos isso, correremos o risco de perder mercado para os colegas que se autopromovem.

“É importante nos comunicar senão as que pessoas que sabem como se autopromover vão tirar uma certa vantagem sobre a gente. Mas as mulheres socialmente são mais punidas pela autopromoção. E não apenas por homens, mas entre as mulheres também”, diz Melina.

Outros recortes

Raça, gênero, idade, deficiência e outros estereótipos relacionados a identidade podem influenciar a percepção sobre a competência e a capacidade de uma pessoa. Isso leva a preconceitos implícitos que podem passar despercebidos.

“Considerando isso, a gente pode pensar em como criar essa mudança e que não seja apenas as pessoas que estejam em ‘diferentes grupos’ se apoiando, a gente precisa furar essas bolhas”, alerta a especialista.

Regiões são importantes

Além disso, cada comunidade minorizada tem uma experiência diferente com relação à autopromoção. O Brasil é tão grande que a gente pensa com um viés do Sudeste, por exemplo, mas é preciso entender diferentes realidades.

Línguas distintas

A barreira do idioma: pessoas com habilidades limitadas no idioma nativo do local de trabalho ou que têm um sotaque forte estão mais sujeitas à discriminação, constrangimento e assédio.

No workshop realizado em Salvador, feito com enfoque em mulheres pretas, Melina realizou um exercício para que todas escrevessem em um papel “Eu sou incrível porque…” para que elas pudessem se entender e mostrar a si mesmas suas maiores qualidades e conquistas.

Ela também revelou outros exercícios de acompanhamento:

  1. Quarta-feira especial: incentive um grupo de amigos ou colegas de trabalho a compartilhar uma conquista todas as quartas-feiras
  2. Praticar e aperfeiçoar: mencione duas ou três conquistas profissionais para amigos, colegas de trabalho ou gerente
  3. Acompanhar as conquistas: mantenha um registro das suas conquistas para usá-las quando necessário
  4. Agir a analisar: compartilhe suas conquistas em uma situação profissional real, analise o desempenho e use isso para melhorar
  5. Definir uma meta de longo prazo: use suas capacidades de autopromoção ara alcançar uma meta profissional

Barreiras além das conquistas

No fim do evento, Lisiane Lemos, especialista em recrutamento e diversidade do Google Cloud, conversou sobre os principais desafios no mercado corporativo. “Enquanto mulheres pretas, a gente sempre se prepara para o pior, mas nunca para o melhor. Se a oportunidade da vida de vocês aparecer agora, quem está com um plano de negócios pronto? Quem está com o pitch ou o currículo pronto? Eu via muito as pessoas estando preparadas para serem demitidas, mas não para serem promovidas.”

Inglês também é uma barreira discutida exaustivamente, principalmente no Brasil que têm apenas 5% da população que fala inglês e 3% que fala fluentemente. No caso do Google, ela frisa, é necessário falar o idioma por ser uma empresa estadunidense e a experiência do colaborador será ruim por não acompanhar o time. Para sanar esse problema, a empresa está realizando programas de capacitação em que também são oferecidos cursos de inglês.

“Quando a gente fala de inglês fluente é sobre se comunicar. O que é fluente pra uma pessoa não é o mesmo pro outro. Então o recrutador precisa estar balizado. Para nós, inglês fluente é: conseguir fazer apresentação de negócios, realizar a entrevista e escrever e ler com plenitude”, comenta Lisiane.

Ao ser perguntada o que mudaria se pudesse falar com a Lisiane que está começando sua jornada profissional, ela disse. “Quando eu comecei a carreira, me disseram que precisava, de tradutores – alguém que entendesse do negócio e traduzisse para a área técnica. E isso está fazendo cada vez mais sentido. O que eu faria hoje é entender para onde o mercado está indo, qual será o futuro, quais são as tendencias, quais são os sinais fracos, o que eu já tenho de habilidades e quais eu preciso construir. E ver qual a meta de curto, médio e longo prazo.”

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