Não é novidade que o mundo está enfrentando uma das maiores crises de saúde da história. A luta no combate ao coronavírus, iniciada há sete meses, transformou-se também em um gigante desafio econômico e de adaptação para as empresas, que hoje têm que lidar com uma digitalização para a qual, muitas vezes, não estavam preparadas.
A plenária de encerramento do primeiro dia de IT Forum@Home, com o tema “O papel da tecnologia em tempos difíceis”, recebeu especialistas para debaterem o assunto. Participaram João Bosco de Oliveira, Médico-cientista, CEO na Genomika Diagnostics; Silvio Meira, cientista chefe na The Digital Strategy Company e professor na Cesar School, e Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. O debate foi mediado por Vitor Cavalcanti, sócio-diretor da IT Mídia.
Para João Bosco, a pandemia trouxe à tona o quão analógica é a experiência em saúde hoje no Brasil, além de expor a necessidade urgente de digitalização de processos neste setor. A jornada de uma consulta médica tem raras intervenções tecnológicas. Na maioria das vezes, as solicitações para exames, resultados e receitas ainda são em papel. “A telemedicina foi o que sofreu a maior pressão para ser implementada durante a pandemia. É necessária, mas não tinha sido nem regulamentada. Agora foi aprovada de última hora e forçou muita gente a utilizar, mas ainda não é feito em escala no Brasil“, lembra o CEO.
A demanda por soluções em telemedicina mostra a necessidade do mercado. Plataformas como PlusCare e Amwell, por exemplo, registraram crescimento de 70% e 158% durante este período, respectivamente. “É uma demanda interessante, principalmente para o Brasil, um país de dimensão continental, porque temos dificuldade de distribuição de profissionais qualificado em regiões do Brasil, especialmente as mais afastadas de grandes centros.”
A utilização de Inteligência Artificial na saúde vai além da democratização de acesso a tratamento médico. Robôs de assistência em cirurgias podem poupar até US$40 bilhões. Enfermeiros virtuais, por sua vez, podem ajudar a economizar até US$20 bilhões na área da saúde. “Inteligência artificial não vai substituir o médico, mas o médico que não souber usar IA vai ser substituído“, explica.
O Brasil é um dos países que registra o maior número de infectados por Covid-19 hoje, juntamente com Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Índia e Espanha. “Já são mais de 7 milhões de casos de Covid-19 no mundo. Agora é hora de olhar para frente e discutir tecnologias na pandemia”, diz Silvio Meira.
Silvio convida o público a imaginar o que pode mudar a partir de agora, em um cenário pós-coronavírus, e repensar estratégias e tecnologias que serão necessárias para um novo convívio em sociedade e experiências de consumo. “Será que sairão de cena os touchscreens, por questões sanitárias? Será que perderemos o hábito de tocar em aparelhos públicos? Pode ser que os cardápios saiam do papel e entrem de vez no meu celular”, questiona.
“No Brasil, os supermercados de alimentos e bebidas darão lugar à revolução online dos últimos dois meses? Houve um crescimento de 295% em alimentos e bebidas no e-commerce em abril e 334% em maio. Não acredito que o supermercado físico vá acabar, mas quem não conseguir articular o físico, o digital e o social, vai desaparecer“, diz Silvio.
Para ele, é hora das marcas repensarem a relações de produtos e serviços com o novo consumidor. “Em abril, os pedidos em e-commerce cresceram 133% e a receita subiu 127% em maio. Ainda este ano também entra em vigor o PIX. O que a gente chama de TED hoje vai ser feito em tempo real, sete dias por semana, 24 horas. Isso vai ser o fim do dinheiro físico“, alerta. “Um mundo físico, digital e social. Se você não articular as três facetas, você tem problema imediato no seu mercado. Isso depende de dados, informação e a relação entre eles.”
Tânia, presidente da Microsoft Brasil, falou sobre os esforços da companhia em acompanhar seus clientes na mudança cultural repentina causada pela pandemia. “Um pouco antes da covid-19 apresentamos dados estatísticos, e 86% dos CIOs diziam que tinham transformação digital na agenda, mas menos de 20% diziam que viam benefícios nela. Como provedores de tecnologia, víamos medo dos clientes na adoção da transformação digital”, conta a executiva.
Para ela, a base dessa transformação é, essencialmente, na cultura da empresa. “Trabalhamos a crise em três fases: resposta à emergência, retomada econômica e reimaginar o futuro”, diz. “Precisamos desmistificar o problema cultural, mostrando que é possível acelerar [a transformação digital]. Com o salto do e-commerce nos últimos meses, vemos que as empresas que tinham zero maturidade digital, hoje veem seu faturamento cair para zero também. Estamos vivendo dez anos em três meses! A tecnologia está aí e é preciso abraça-la. É a única forma de imaginarmos um mundo menos desigual“, completa.
Para acompanhar outros conteúdos que já passaram pelo evento, acesse aqui. Continue acompanhando o IT Forum 365 para a cobertura completa do IT Forum@Home.
No mundo do empreendedorismo, onde cada passo é uma jornada de descobertas e superações, as…
O Google DeepMind e a Isomorphic Labs revelaram o AlphaFold3 nesta quarta-feira (8), uma inovação…
O TikTok anunciou nesta quinta-feira (9) que implementará um sistema de rotulagem automática para identificar…
A Inmetrics e o Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), gerido…
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul não afetaram apenas pessoas, mas também milhares…
Toda semana, o IT Forum reúne as oportunidades mais promissoras para quem está buscando expandir…