Do byte ao business: Pfizer aposta em BI e gestão de dados

Ao longo de 2020, companhia digitalizou jornada de contato com público médico e lança ferramenta de BI para auxiliar na toma de decisão das lideranças

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8:00 am - 02 de dezembro de 2020
Divulgação/Pfizer

Após a instalação do home office e medidas iniciais de prevenção à Covid-19, cada setor precisou se adaptar de forma a continuar com os negócios mesmo com os impedimentos apresentados pelo vírus. Para grande parte das empresas da indústria farmacêutica, um dos desafios era como substituir a relação do propagandista com o médico, que acontecia quase que 100% presencialmente. 

O caminho foi acelerar as iniciativas de digitalização, como explicou Andrea Pereira, que atua como Diretora de Tecnologia da Pfizer. “Com essa mudança de hábitos, nós investimos muito mais nos portais, que se tornaram o nosso contato com o médico a o médico”, afirma a executiva.  

Um dos exemplos mencionados por Pereira foi o projeto de “makeover” do site voltado ao público médico, tocado entre o final de março e maio. Nessa época, a empresa reformulou o Pfizer Portal Pro, incluindo uma ferramenta virtual de uma empresa parceria que agora permite aos médicos acionar, via site, a força de vendas da empresa, por meio de mensageria — recurso que foi habilitado de forma integral na primeira quinzena de outubro. 

“Essa ferramenta permite ao representante [de vendas] demonstrar materiais e conteúdos da Pfizer de uma forma gráfica, compartilhando telas. E o sistema integra automaticamente com uma ferramenta que mede os resultados desse representante: quantas vezes ele fez uma visita no mês, a duração dessas visitas, se houve alguma dúvida médica etc.” 

Inteligência (real) de negócios 

Outra iniciativa implementada recentemente — mas que vinha sendo trabalhada pela companhia desde o ano passado foi a criação de um sistema de BI que recolhe e integrasse as informações de cerca de quarenta fontes de dados utilizados pela empresa, resolvendo de uma única vez dois problemas significativos que existiam no negócio: a incerteza sobre a qualidade dos dados utilizados para basear a tomada de decisão das lideranças e a falta de um sistema capaz de rastrear a jornada de interação entre a Pfizer e o público médico. 

“O sistema busca diariamente e de forma automática as informações espalhadas nesses quarenta sistemas. [As lideranças] que o acessam podem saber, por exemplo, como foi a venda da vacina Prevenar naquele mês, além de informações como o estoque e o número de representantes, sem dupla interpretação” resume Pereira. 

Sobre o mapeamento da relação entre a Pfizer e médicos iniciativa chamada de Pfisition Journey a diretora explica que a ferramenta, chamada de Insights 360, ajuda a marca a avaliar o plano de ação mais adequado. 

“Antes, decisões eram tomadas muito pelo feeling de ‘Eu acho que o médico psiquiatra não gosta muito de usar ferramentas digitais’. Agora, a gente tem as informações coletadas e capturadas numa base de dados e gráficos com análises analíticas avançadas para entender qual a melhor estratégia de engajamento para cada grupo. E, assim, aplicar da forma mais assertiva os recursos da companhia, que são limitados. 

Além do projeto de BI, a companhia investiu na implementação de Robotic Process Automation (RPA) em áreas como finanças e comercial, além de planos para aprimorar a FABI, a assistente virtual da empresa. 

Para 2021, um dos projetos que a empresa deseja trabalhar é uma parceria com hospitais para, com uso de tecnologias como inteligência artificial, utilizar análise preditiva que possibilite uma identificação antecipada desse risco de diagnósticos, como sepse (nome dado ao quadro de infecção generalizada).  

“[O sistema] pode fazer umas predições para o futuro. Ou seja: se tem um novo caso que repete algumas condições de algum caso antigo, ele pode dizer que existe uma chance ou um risco de um quadro que que leve ao óbito. Isso é uma coisa que foca totalmente o paciente, algo que está dentro dos nossos valores. 

Ajustes, responsabilidade e estratégia 

Falando sobre o período de trabalho remoto dos últimos meses, Pereira enfatizou a necessidade de os gestores incentivarem nas equipes a definição de uma linha entre trabalho e lazer. “Como líderes, a gente tem que se preocupar com o balanço da vida pessoal e profissional. Para estabelecer certos limites e regras.” Um exemplo de iniciativa adota na companhia foi a “quarta sem reuniões”, no qual o período da tarde para assuntos como leitura de e-mails ou mesmo outras questões.   

Outra percepção desenvolvida durante esse tempo foi a questão de entregas e reuniões dentro de uma realidade em que muitas pessoas dividem o trabalho com o ensino on-line e tarefas do dia a dia. Para Pereira, os últimos meses foram importantes para mostrar que não é possível reproduzir em casa o mesmo ambiente dos escritórios. E tudo bem.  

“O que a gente faz são acordos. Acho que temos que entender um pouco melhor que a pessoa tem que tá própria, um trabalho e não é por isso que ela que ela é menos responsável, não é por isso que ela vai deixar de fazer uma entrega. Muito pelo contrário”. 

Por fim, a gestora ressalta a mudança do papel do executivo de tecnologia causada pela pandemia. “Acredito que foi uma grande oportunidade pro CIO, de estar presente na estratégia da companhia, se envolver nos processos etc. Foi oportunidade para se aproximar [das tomadas de decisão], ser mais protagonista, trazer soluções pra mesa e puxar oportunidades.

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