‘Química verde’: a estratégia da BASF para a sustentabilidade na América do Sul
A BASF aposta na bioeconomia e em soluções para transformar a química e a sustentabilidade em aliados
No centro de experiências científicas e digitais da BASF, o onono, em São Paulo, Ornella Nitardi, head de Inovação Aberta e Ecossistemas Digitais da empresa, apresenta o que parece ser uma reconfiguração do papel da América do Sul no cenário global de inovação em bioeconomia. “Criamos química para um futuro sustentável”, diz a executiva, resumindo em uma frase a proposta da empresa.
A bioeconomia surge aqui como a pedra angular da estratégia de negócios da BASF na região. A meta é ambiciosa: transformar o Brasil e a América do Sul em um “green powerhouse”, uma referência global em soluções sustentáveis.
A bioinovação, conforme definida pela BASF, é “qualquer tecnologia inovadora baseada em recursos biológicos que gere benefícios sociais, ambientais e desenvolvimento econômico sustentável”. Esse conceito é traduzido em números. A BASF planeja uma redução de 25% das emissões de CO2 até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. A empresa não se limita a fixar metas; há uma área global dedicada exclusivamente a acelerar esse processo, que agora conta com uma diretoria específica na América do Sul.
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Ornella enfatiza que “não é uma escolha entre química e sustentabilidade, produtividade ou sustentabilidade”. Ela observa que há uma percepção coletiva, reforçada pela comunicação tradicional, de que as duas coisas são incompatíveis. “Quando você fala em química, muitos pensam em uma caveira ou em uma fábrica com fumaça”, ela diz. Mas, na BASF, a ideia é integrar produtividade e sustentabilidade: “Não é ‘ou’, é ‘e’.”
A transição para um modelo sustentável envolve um processo de mensuração rigorosa. A empresa criou uma ferramenta que calcula a pegada de carbono de todos os seus produtos, de modo que não apenas a BASF, mas também seus clientes e outras empresas possam utilizar essa métrica como um padrão. Esse esforço está alinhado com o que Ornella chama de “bioeconomia circular”, um movimento que conecta startups e grandes empresas em busca de soluções para um futuro mais verde.
O onono é o espaço onde essas ideias ganham forma. Mais do que um hub de inovação, ele é descrito como um “catalisador de negócios”. No local, os desafios são analisados, soluções são testadas e parcerias são criadas. “Testar, entender, escalar” é o mantra que guia as atividades do centro. A ideia é clara: fortalecer a pesquisa e desenvolvimento, promover políticas públicas, incentivar a cooperação entre os setores e conscientizar a sociedade.
Entre as frentes de inovação, está o uso de tecnologia digital para melhorar processos industriais e reduzir o impacto ambiental. A BASF, segundo Ornella, foi uma das primeiras a adquirir um supercomputador de computação quântica, utilizado para simulações que visam desenvolver novos produtos com menor impacto ambiental. A tecnologia também está presente no campo, com o uso de drones para pulverização de agroquímico de forma mais precisa, evitando desperdícios e minimizando os riscos ao meio ambiente.
Entretanto, o caminho para a sustentabilidade não é simples. Ornella destaca que existem produtos que não estão no topo das práticas sustentáveis, mas que há um “plano de transição” para esses produtos. “Não podemos negar”, ela admite, “temos produtos que não são tão sustentáveis originalmente, mas estamos evoluindo”.
Em um cenário global onde as questões de sustentabilidade ganham cada vez mais relevância, a BASF parece apostar no Brasil e na América do Sul como laboratórios para essa transformação. A bioeconomia, nesse contexto, não é apenas uma tendência, mas uma estratégia robusta que mistura tecnologia, inovação e um olhar atento para o futuro. Como Ornella resume, “nosso papel é ser um facilitador, criar química para um futuro sustentável”.
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