Setor financeiro se mobiliza para acompanhar avanço da Inteligência Artificial
Banco Central, que mantém uma agenda robusta voltada à inovação, criou o Centro de Excelência em Ciência de Dados e Inteligência Artificial

Por Claudia Amira*
Diante dos intensos debates globais acerca dos impactos da Inteligência Artificial na economia, no mercado de trabalho, na produção intelectual e até mesmo nos relacionamentos, alguns setores têm liderado iniciativas que buscam alinhar o uso da tecnologia com base nas melhores práticas registradas até o momento. Caso do segmento financeiro que, não por acaso, destaca-se como um dos mais atentos às possibilidades e implicações do emprego da IA.
Para se ter uma ideia, de acordo com a 27ª edição do estudo Global CEO Survey, realizado anualmente pela PwC e divulgado no fim de janeiro, 74% dos participantes do setor de serviços financeiros no Brasil afirmaram acreditar que a Inteligência Artificial generativa iria melhorar a qualidade dos produtos ou serviços das empresas nos 12 meses seguintes — o percentual foi de 64% em outros setores no país, enquanto no recorte global de serviços financeiros chegou a 59%.
Reflexo da relevância do tema para o ecossistema, o Banco Central, que mantém uma agenda robusta voltada à inovação, acaba de anunciar a criação de seu Centro de Excelência em Ciência de Dados e Inteligência Artificial. Segundo a autoridade monetária, a medida, de caráter consultivo e propositivo, objetiva contribuir para a evolução e o uso da ciência de dados e da IA na instituição.
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“A iniciativa se alinha ao objetivo estratégico de aprimorar o BC por meio de inovações, tecnologia, uso eficiente de recursos e alinhamento às melhores práticas internacionais, e ao Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação 2020-2025 da instituição, que estabeleceu o objetivo de ‘Aprimorar a capacidade analítica e preditiva do BC’”, destaca o texto do lançamento.
No mercado de crédito digital, no qual a Inteligência Artificial se destaca pela capacidade de aprimorar operações, a tecnologia já é largamente empregada na modelagem e na avaliação de risco para determinar a elegibilidade do consumidor aos recursos financeiros e também as taxas mais adequadas a serem cobradas. Com a chegada dos recursos da IA generativa, no entanto, a automação de processos tem se tornado a bola da vez, com foco em funções direcionadas ao atendimento do usuário, o que tende a aperfeiçoar a interação entre as empresas e seus clientes e ainda melhorar a produtividade.
Em pleno movimento, o avanço da Inteligência Artificial deve seguir a passos largos por aqui e em todo mundo, fomentando o estabelecimento de regulações, como o pioneiro regulamento do Parlamento Europeu, aprovado em março deste ano.
E, no que depender das fintechs de crédito brasileiras, essa aceleração pode ser mais rápida do que se espera. Conclusões da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada pela Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e pela PwC Brasil, revelam que 53% das empresas do setor planejam investir no recurso nos próximos dois anos, impulsionando ainda mais a transformação digital financeira e consolidando a IA como ferramenta estratégica para as empresas do setor.
*Claudia Amira é diretora-executiva da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital)
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