As múltiplas realidades que permeiam a educação
Entender termos como Realidade Virtual e Realidade Mista é essencial para explicar como é o aprendizado atualmente – e como ele será no futuro

Apesar de ter ficado um tanto ofuscada com o boom da Inteligência Artificial em 2023, é impossível ignorar a crescente influência da Realidades Estendida (XR, sigla em inglês) em nosso dia a dia. Hoje, as fronteiras entre o real e o virtual tornam-se cada vez mais tênues e oferecem experiências sensoriais únicas. Nesse caminho fascinante, que impacta o futuro da aprendizagem e da interação humana, nos deparamos com um mix de termos como Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR), Realidade Mista (MR) e Ambientes Virtuais (AV). Nesse artigo, convido-os a desvendar cada uma dessas tecnologias e suas aplicações gerais e no universo da educação.
Começando pela Realidade Virtual (VR) que, como o próprio nome indica, é um ambiente virtual que permite ao usuário se inserir como se realmente estivesse fisicamente presente. No entanto, tudo não passa de um sistema computacional com efeitos visuais e sonoros que nos deixam totalmente imersos no cenário criado, com experiências desafiadoras para os limites da imaginação. Porém, embora cativante, essa experiência possui pouca conexão com o ambiente físico ao seu redor. E é aí que entra a Realidade Aumentada (AR) – que, com o auxílio de dispositivos como smartphones e smart glasses, sobrepõe informações digitais ao mundo real, enriquecendo a percepção e a interação com o entorno. Um exemplo muito conhecido disso é o jogo Pokemon GO, no qual as personagens eram caçadas no mundo real, mas só eram vistas na tela dos celulares. Os filtros das redes sociais, além de aplicativos voltados a educação, como Mondly AR, Microsoft HoloLens e 3D Bear, também são exemplos de realidade aumentada.
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A Realidade Mista (MR) é a opção que viabiliza a verdadeira integração. Ela combina elementos do mundo virtual com o mundo real, permitindo interações mais sofisticadas – a exemplo de hologramas capazes de interagir com objetos físicos. Nos Ambientes Virtuais (AV), os participantes compartilham espaços virtuais em tempo real e criam uma experiência colaborativa que transcende fronteiras geográficas. De acordo com um relatório da Mordor Intelligence, o mercado de Realidade Virtual na educação deve crescer cerca de 34.03 bilhões até 2028, tendo a América do Norte como maior mercado e de mais rápido crescimento.
Principalmente durante a pandemia da Covid-19, a tecnologia VR ganhou amplo reconhecimento e adoção, inclusive na educação, e o motivo é bastante coerente: ela oferece aos alunos uma experiência imersiva na qual se pode aprender temas complexos através de um mundo virtual que imita a realidade. Nesse universo, é possível se mover, conversar, tomar decisões e interagir com os ambientes ao redor, além de fornecer informações que são, em sua maioria, inacessíveis aos alunos em ambientes escolares tradicionais.
O Virtuali-tee, da empresa Curiscope, é um exemplo da adequação do VR às ferramentas e princípios práticos da educação. O produto consiste em uma camiseta atrelada a um aplicativo cuja finalidade é desvendar o corpo humano. Para que a “mágica” aconteça, basta um indivíduo vestir a camiseta enquanto o outro opera o app VR através de um smartphone. Dessa forma, os aparatos permitem revelar e explorar as várias camadas do corpo sob a peça de roupa.
É dessa maneira que as realidades estendidas têm o poder de transformar a educação. Em salas de aula virtuais, estudantes podem explorar lugares distantes, interagir com modelos tridimensionais e participar de simulações realistas. A integração dessas tecnologias pode, inclusive, democratizar o acesso ao aprendizado a alunos com deficiências e outras barreiras físicas, intelectuais e geográficas. Por vezes, essa “gama de realidades” oferece oportunidades que transformam a maneira como os alunos aprendem e, consequentemente, torna o processo cada vez mais envolvente, dinâmico e personalizado.
Os professores, por sua vez, assumem o papel de guias em mundos imaginários e são convidados a desbloquear potenciais educacionais inexplorados. Mediante essa reflexão, vejo a Realidade Estendida como uma ferramenta essencial para capacitar aprendizes, transcender antigas barreiras e amplificar o potencial da tecnologia na educação. Ainda temos muito a criar e produzir a partir dessa sopa de letrinhas de realidades. Hoje, sabemos que todas são possíveis e imagináveis.
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