Metaverso: expectativa x realidade

Possibilidades são inúmeras, mas só podem se tornar realidade com o compromisso de que o metaverso veio para agregar experiências positiva

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6:59 pm - 06 de fevereiro de 2023
desenvolvedor, metaverso Foto: Shutterstock

O metaverso foi um dos assuntos mais comentados entre o final de 2021 e o primeiro semestre de 2022. Isso porque esse conceito vem sendo tratado como algo muito inovador e disruptivo, capaz de criar formas diferentes de se conectar virtualmente. Por muitos meses, o tema foi amplamente debatido por especialistas de tecnologia, e criou muitas expectativas na população e no mercado como um todo.

A Meta, dona de marcas como Facebook, WhatsApp e Instagram, é uma das maiores entusiastas do metaverso: ela já investiu US$ 15 bilhões na tecnologia, e a ideia é que esse número chegue a US$ 100 bilhões nos próximos anos.

De acordo com relatório produzido pela consultoria McKinsey & Company, é esperada uma movimentação de US$ 5 trilhões com os projetos relacionados ao metaverso até 2030. Isso coloca a ferramenta como uma das principais tendências tecnológicas, ao lado das NFTs, 5G, inteligência artificial, Web3 e blockchain.

Nesse cenário, houve muita especulação sobre as possíveis aplicações da tecnologia, e já tivemos algumas empresas promovendo iniciativas nesse universo, como a Heineken, que lançou uma cerveja virtual, e a Nike, que desenvolveu um espaço dentro do jogo Roblox no qual é possível adquirir produtos da marca para personalizar os personagens.

Além disso, setores como saúde e beleza já estão notando impactos positivos a partir da adoção da tecnologia, que deve promover uma verdadeira revolução na telemedicina ao possibilitar a realização de consultas, tratamentos e cirurgias com o auxílio da realidade virtual e aumentada de uma maneira nunca antes vista. Nesse sentido, a Aster DM Healthcare, cadeia de hospitais nos Emirados Árabes Unidos, lançou a primeira instalação médica no metaverso, e seu foco é proporcionar experiências remotas para os médicos e pacientes mais imersivas e aperfeiçoadas.

Outros dados de um levantamento da CoinWire, empresa focada no mercado de cripto, realizado com mais de dez mil investidores de cripto mostra que 69% deles apostam que o metaverso irá transformar o estilo de vida social ao trazer novas abordagens para o entretenimento, e 65% creem que essas mudanças se estenderão também para as atividades sociais.

Porém, mesmo com as promessas e os investimentos na ferramenta, que elevaram o hype, seu conceito não está totalmente claro e ainda restam dúvidas sobre o que é de fato executável no metaverso, quais setores vão adotá-lo e como ele vai atender as necessidades dos consumidores.

Embora ele esteja pouco a pouco fazendo parte da rotina das pessoas e haja expectativa de que no futuro ele será largamente utilizado, é preciso colocar os pés no chão e entender exatamente o que é possível realizar com ele e o que sua ampla utilização vai significar para o desenvolvimento pessoal dos usuários.

Portanto, o interesse das companhias em investir no metaverso precisa vir acompanhado da disposição para explicar para os consumidores do que se trata a tecnologia, e também educá-los quanto ao seu uso, que precisa ser feito de uma maneira consciente e equilibrada. As possibilidades que ele deve trazer são inúmeras, mas só podem se tornar realidade com o compromisso de que ele veio para agregar experiências positivas, e não atrapalhar a socialização da população.

*Gustavo Caetano é fundador da Sambatech e Samba Digital

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