O futuro da área tributária está na tecnologia

As oportunidades para o uso de tecnologia na área tributária

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por ABES
10:00 am - 28 de maio de 2024
Imagem: Shutterstock

No Brasil, em 2023, foram criadas mais de três milhões e oitocentas mil novas empresas (AGENCIAGOV). Todas essas empresas possuem algo em comum: impostos. Apurar, pagar e declarar tributos passa a ser uma atividade importante do negócio destas empresas, para que possam crescer de forma segura e eficiente.

Empresas brasileiras chegam a gastar entre 7 mil e 43 mil horas, por ano, para poder realizar as atividades de apuração, declaração e pagamentos dos tributos. Esse dado é da pesquisa da Deloitte, denominada “Tax do Amanhã”, na qual avalia diversas questões, relacionadas ao ambiente tributário, que estão na pauta dos executivos de empresas brasileiras e internacionais. E, apesar do expressivo gasto de horas com a conformidade tributária, ainda é necessário gerir uma quantidade significativa de litígios tributários. A tabela abaixo apresenta os dados da pesquisa.

Grafico IT Forum O futuro da área tributária está na tecnologia

Em média, 60% do tempo é gasto para os processos pré-pagamento dos tributos, sendo 30% dedicado a atividades pós-pagamento. Isto representa altos custos para a manutenção de uma estrutura empresarial no Brasil. O estudo do Banco Mundial, denominado Doing Business, aponta que a média de horas gastas por empresas da OCDE é de 160 horas por ano.

O uso de tecnologia para a redução dos custos de conformidade tributária, por meio da automação e simplificação do processo de apuração e declaração de tributos, se torna essencial. Surgem, nesse contexto, novas competências para o profissional que atua nessa área, bem como um novo campo de aplicação de conceitos como Inteligência Artificial, Machine Learning, Big Data, Computação em Nuvem, Low Code e Microsserviços. O relatório de transparência fiscal da empresa Via, publicado para o exercício de 2022, demonstra que a empresa entregou mais de 40 mil obrigações acessórias, através dos portais dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Esse número não considera a quantidade de arquivos de notas fiscais eletrônicas transacionadas e, tampouco, os documentos de pagamento de tributos, apenas os arquivos de declaração exigidos pela legislação vigente.

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Mais da metade dos executivos globais acreditam que, para os próximos três a cinco anos, a área tributária demandará por profissionais com habilidades para analisar dados e apresentar insights estratégicos, conforme aponta o estudo Tax Transformation, da Deloitte. Essa percepção é reflexo da crescente importância da tomada de decisões baseada em dados, diante do aumento dos requisitos governamentais para acesso direto aos dados fiscais das empresas. A pesquisa destaca, ainda, a relevância sobre a segurança da informação, que tem ganhado pauta nas preocupações de empresas nacionais e internacionais.

O volume de dados também é impressionante, portanto, tecnologias como Machine Learning, Big Data e armazenamento em nuvem, para lidar com a imensidão de dados manipulados pelas empresas, se tornam um diferencial competitivo. Para lidar com toda essa massa de dados, é necessário o desenvolvimento de aplicações robustas capazes de converter os dados em informações de forma rápida e eficiente, sem que o usuário seja impactado com lentidão nas ferramentas. Conceitos como Otimização de Algoritmos, Paralelização e Distribuição, Arquitetura de Microsserviços e o uso eficiente dos recursos computacionais devem ser empregados pelo time de tecnologia. Isso tudo sem deixar de lado a usabilidade das ferramentas.

Conhecimentos de programação computacional são apenas uma parte do vasto espectro dessa transformação. Observa-se, portanto, que as oportunidades não se limitam apenas aos que querem “botar a mão no código”. Há oportunidades para diversos perfis quando se trata do uso de tecnologias no setor tributário.

Por fim, ressaltamos que a Reforma Tributária está longe de diminuir a importância ou o escopo de atuação da tecnologia; na verdade, consolida ainda mais sua relevância no cenário atual. O recente texto aprovado pelo Senado não apenas mantém, mas amplia a visibilidade e a carga de trabalho para aqueles envolvidos no ambiente tributário. Em vez de representar um obstáculo, essa reforma se revela como uma fonte robusta de oportunidades para o futuro da tecnologia tributária.

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Vinicius Oliveira (esquerda) é Bacharel em Sistemas de Informação, co-fundador e DPO da Tax Strategy. Helder Santos é Pesquisador do Think Tank – Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação, mestre e doutorando em Contabilidade e Controladoria pela USP, co-fundador e CEO da Tax Strategy. As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, os posicionamentos da Associação.

 

 

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