Correndo com um computador no pulso, parte 1

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12:35 pm - 15 de janeiro de 2012

Esportistas amadores, desde os mais fanáticos aos mais “relax”, de uma forma ou de outra adoram acompanhar a evolução de seu desempenho. Este é o meu caso. Gosto de correr já faz um longo tempo. Registrei meus dados de corridas em tabelas (papel), depois planilhas e por fim cheguei até a desenvolver eu mesmo uma aplicação para esta finalidade. Mas hoje em dia tudo é diferente!! A tecnologia está do nosso lado!! Há muitas alternativas a disposição!

Há mais de quatro anos descobri os “computadores de pulso”, ou melhor, os relógios para corredores. Há muitas alternativas disponíveis, marcas e modelos. Alguns com mais ou menos recursos. Mas depois de quatro anos e três relógios adquiridos a Motorola me emprestou para testes seu mais novo dispositivo de apoio a corredores, o MOTOACTV. Isso me deu a ideia de elaborar um comparativo entre as quatro gerações de relógios para corredores.

Fazem parte deste comparativo: POLAR RS200 SD, GARMIN Forerunner 405, GARMIN Forerunner 610 e MOTOROLA MOTOACTV. Minha intenção é mostrar o que cada um deles tem de bom, seus principais atributos, pontos que poderiam ser melhorados… Seria injusto compará-los todos como se fossem produtos contemporâneos. Mas como os quatro, apesar das diferenças de idade entre os projetos, estão ainda à venda, obviamente com preços distintos, penso ser este comparativo útil para a comunidade de esportistas. Com exceção do MOTOROLA, os outros três dispositivos são meus os quais usei cada um deles por um longo tempo e conheço muito bem suas virtudes e eventuais problemas.

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Na foto acima podem ser vistos os quatro “computadores de pulso” analisados.

  • Polar RS200SD
  • Garmin Forerunner 405
  • Garmin Forerunner 610
  • Motorola MOTOACTV

Nesta primeira parte do texto eu falarei do POLAR RS200 SD e o GARMIN Forerunner 405.

FUNÇÕES EM COMUM

Todos estes dispositivos têm recursos “básicos” em comum. Na verdade não são nada básicos, são funções até bem sofisticadas que disponibilizam informações valiosíssimas para o atleta amador acompanhar seu treinamento.

  • Com uso de cinta peitoral capturam os batimentos cardíacos durante o exercício. Permitem emitir alerta se a pulsação máxima determinada para a sessão for ultrapassada.
  • Armazenam o tempo de cada “volta” de forma automática ou manual, sendo que o mais comum é usar o “autolap” a cada 1 Km.
  • Dispões de “oponente virtual”, ou seja, mostra na tela o corredor está adiante ou aquém de um corredor que mantenha determinado ritmo, por exemplo, cada quilômetro em 6 minutos, informando se você está na frente ou atrás dele e quantos metros ou segundos.
  • Exibem o ritmo instantâneo de sua corrida, seja em Km/h ou minutos/Km. É análogo ao “velocímetro” do corredor. Muito útil para ajudar a manter uma cadência pré-definida. Também exibe o ritmo médio de todo o exercício até aquele momento (em Km/h ou minutos/Km).
  • Exibem a faixa de esforço naquele momento em percentual, ou seja, se o corredor está entre 60%-70%, 70%-80%, 80%-90% do esforço máximo preconizado pela idade. Isso é importante, pois durante os treinamentos, cada sessão pode exigir trabalhos em diferentes regimes aeróbicos, visando estímulos e desenvolvimento de diferentes.
  • Exibem em função de peso, altura, sexo e batimentos cardíacos, o consumo de calorias daquela sessão até o momento.
  • Há diversas “páginas” com informações sobre a corrida podem ser customizadas para cada usuário. Podem ser escolhidas quais e quantas informações em cada página. Eu prefiro usar todas as páginas e com uma ou duas informações por página, pois assim minha vista cansada agradece os dígitos grandes obtidos com esta configuração.

POLAR RS200 SD

É o mais antigo deles, mas ainda hoje um sucesso entre os corredores. Foi lançado por volta de 2007. Seu “kit” consiste do relógio, cinta para captura dos batimentos cardíacos e o “foopod” (dispositivo para ser amarrado junto ao tênis de corrida). Existe também o modelo RS200 (sem o SD) que não traz o footpod. Este “apêndice” por sua vez é responsável por medir a distância percorrida durante o exercício. Esta informação foi o grande motivador para eu comprar este relógio tempos atrás.

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Este recurso foi muito importante para mim, pois toda vez que viajava, enquanto não medisse com o carro o percurso que iria correr eu não ficava sossegado. Com um relógio que “sabe” o quanto você correu, eu posso sair por qualquer caminho e vou acompanhando a distância todo o tempo. O RS200 SD usa o “footpod”, um tipo de “pedômetro”, na verdade um “sensor inercial” conforme diz a POLAR, que percebe sua passada e contabiliza a distância. Mas as pessoas têm tamanhos distintos de passadas. Como fica isso?

Acredite, este sensor é super preciso dando resultados muito bons sem ajuste algum. Para os mais perfeccionistas um processo de calibragem pode ser feito ajustando um fato de correção entre 0.80 e 1.20. No meu caso, já com o fator 0.973 em uso, bem ajustado, descobri que quando mudava de modelo de tênis tinha que fazer novo ajuste (0.968). Mas só perfeccionistas como eu têm esta neurose por precisão. Estou seguro de que fiz um bom trabalho de calibragem. Em novembro de 2010 corri uma meia maratona e usei o POLAR RS200SD. Ele acusou 21110 metros (era para registar 21092 ? erro de 18 metros apenas!!).

Aliás eu escrevi sobre este assunto e publiquei um texto chamado “50000 fotos em 10 horas” “50000 fotos em 10 horas” que conta sobre esta prova na qual usei dois relógios, o POLAR e o GARMIN 405 (ambos citados neste texto).

O Polar RS 200SD tem alguma funções únicas, não compartilhadas mesmo pelos dispositivos mais novos. Com Polar sempre foi forte em medição de batimentos cardíacos, este relógio é capaz de fazer uma análise do ritmo do coração e inferir o índice de VO2 do atleta, ou seja, sua capacidade de absorção de oxigênio. Para isso atletas fazer o chamado exame “ergoespirométrico”. Já fiz ambos, o do Polar e o exame na academia. O Polar errou no máximo por 2 ou 3 pontos. Muito bom.

Outra exclusividade do Polar é que pelo fato de usar o footpod, um sensor inercial, pode ser usado para medir distâncias em ambientes onde o sinal de GPS (usado pelos outros 3 relógios testados) não têm sinal. Até mesmo distância percorrida em uma esteira ergométrica.

Pontos Positivos: sensor de distância (ainda melhor se calibrado pelo usuário), sensor de batimento cardíaco aprimorado (mede até o VO2 do atleta), tamanho reduzido, leve, pode ser usado como relógio do dia a dia.

Pontos Negativos : o footpod usa pilha (AAA) que acaba de uma hora para outra, as vezes deixando o atleta na mão no meio de uma corrida, embora uma pilha dure muitas semanas (até meses). Não dispõe de interface para transmitir dados para o computador do usuário com fazem os outros 3 relógios testados.

Preço referência : US$ 239 (fonte AMAZON.COM)

GARMIN FORERUNNER 405

Lançado no final de 2009, começo de 2010 foi para mim uma revolução em termos de possibilidades. Eu via pessoas que já tinham relógios de corrida com recurso para medir distâncias com GPS, mas achava que ainda não era o momento. Os relógios eram grandes, desajeitados. Não dava para serem usados como relógios do dia a dia. Vejam a foto abaixo, ilustra muito bem este ponto de vista.

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O Garmin Forerunner 405 é um “relógio”, do tipo comum e que ainda tem GPS e é um assistente para o atleta e não apenas um dispositivo para corridas. Tinha chegado a hora de eu aposentar o Polar RS 200SD e embarcar na era do GPS.

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Mas o maior atrativo desta solução foi a possibilidade de transmitir os dados para o PC e ter um banco de dados com todas suas atividades. E mais!! Usando as informações de posição do GPS, não apenas distância, tempo e ritmo a cada quilômetro, pulsação, etc. eram armazenados, mas também o MAPA do percurso!! E este mapa pode ser exportado para o GOOGLE MAPS para uma visualização ainda mais detalhada e precisa!! Isso é sensacional!

De certa forma isso passou a ser mais um estímulo para as minhas corridas. Toda vez que viajo gosto de “colecionar” percursos e novos locais, cidades ou até países no GPS. Virou uma curtição além de toda informação de apoio que o dispositivo oferece.

A forma de comunicação do relógio com o computador é por meio de um dispositivo USB, muito parecido com um pendrive, que após inserido no PC dispara automaticamente o processo de transferência. Antes o usuário deve fazer seu cadastro no site da Garmin  http://connect.garmin.com com seu perfil, usuário, senha, etc.

Se a pessoa tem um PC em casa, pode deixar o USB da Garmin sempre conectado. Assim a simples proximidade do relógio com o PC dispara o processo de transferência. A pessoa não precisa fazer absolutamente nada para que isso aconteça, é 100% automático. Uma imensa vantagem em relação a dispositivos que exigem conexões explícitas a cabos, ativação manual de software… nada disso. Com o 405 isso é “pa-pum”!!! Abaixo podem ser vistas duas telas exemplo com os dados da corrida.

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O que se vê acima é apenas uma pequena parte das informações possíveis de serem analisadas e guardadas após uma corrida. Só mesmo usando no dia a dia para se inteirar de tudo. Um exemplo legal é “elevação” (quanto o corredor subiu no percurso), neste dia não me aventurei na temível subida da Biologia da USP. Assim a variação de altitude ficou entre 723m e 750m acima do nível do mar. A análise dos batimentos cardíacos pode ser feita em valor absoluto (batimentos) ou % do batimento máximo, e assim por diante. Tem até uma tela que mostra uma animação do transcorrer do percurso. Também se vê neste gráfico que lá pelo Km 10 houve uma queda brusca da pulsação, que indica que eu devo ter parado para tomar água e isso me fez recuperar um pouco o fôlego!!

O Garmin Forerunner 405 tem um sistema de comandos do tipo “touch”, mas é um pouco diferente. Ele tem um “anel” prateado em sua volta denominado “Bezel”. Movimentos circulares no Bezel movimentam as ações dos menus ou alternam modos de visualização. O “Bezel” é um recurso polêmico, do tipo AMO ou DETESTO. Antes de comprar li CENTENAS de opiniões no Forum da AMAZON e era bem isso. Algumas pessoas não sabiam usar e falavam mal. Como o software do relógio é atualizável, o meu já veio com uma versão mais evoluída (2.4 ? já está na 2.7) na qual boa parte dos problemas da hiper sensibilidade do Bezel fora corrigida. Então eu passei a integrar o time do “eu amo o Bezel”!!

Destaco que o Bezel é sensível à água. Dedos muito suados não conseguem acioná-lo com perfeição. Ao afundar o relógio na água a luz acende, como se tivesse sido acionado o comando de luz do relógio. Com a versão atual do software o Bezel pode ser usado sem problemas, mas é conveniente destacar estes fatos todos.

Sobre sua característica “a prova de água“, devo frisar que este relógio NÃO DEVE ser usado para mergulhos. Ele pode ser mergulhado até 1.5 metros no máximo e por tempo limitado. Resiste à chuva durante a corrida, pode tomar banho com ele, mesmo que de banheira, pode mergulhar na piscina (lazer), mas não deve ser usado para prática de mergulho em maiores profundidades.

Em relação à duração de bateria, assunto importante, há comentários a fazer. Com o relógio novinho fiz um passeio de bicleta de mais de 8 horas. Pude registar com perfeição toda a aventura. 8 horas é o valor especificado para uso com o GPS ligado o tempo todo. No outro extremo usado apenas como relógio, a GARMIN afirma que ele dura cerca de 15 dias. Assim seu usuário deve plugar o cabo USB em um PC (ou na tomada diretamente com um adaptador que é fornecido) para recarregar a bateria do relógio. Eu me acustumei com isso, sem grandes problemas.

Em relação ao GPS propriamente dito, o sinal geralmente é obtido em menos de 5 minutos. Embora quando o GPS fica muito tempo sem ser usado, demora muito para obter o sinal. Já teve ocasiões que demorou mais de 15 minutos, muito incomôdo. Mas se usado com frequência fica “pronto” entre 1 e 3 minutos.

Depois de um ano usando um belo dia a bateria ficou “maluca”. Usava em apenas um treino e logo depois acusava “bateria fraca”. Descobri tratar-se de alarme falso pois conseguia fazer ao menos mais um treino com este alerta sendo exibido. Quando atualizou o software para a versão 2.7 este problema sumiu e o medidor de carga voltou a funcionar, mas percebi que a duração da bateria com o uso do GPS caíra sensivelmente, para no máximo entre 4 e 5 horas. Algo que acontece com baterias de forma geral, usadas amiúde perdem eficiência.

Com o uso intenso, bate aqui, raspa ali, o 405 fica meio descascado e perde sua beleza inicial. Embora permaneça totalmente funcional. Veja abaixo a foto do meu como ficou. Outra coisa importante, como eu nunca tirava o relógio para nada, corrida, banho, dia a dia, sol, chuva, a pulseira começou a ficar ressecada e um belo dia se rompeu. Procurei assistência da Garmin no Brasil e tive um orçamento de R$ 180 para a troca da pulseira!  Achei um absurdo! Fiz um quebra galho, literalmente amarrei com linha e colei a pulseira. Em viagem para os EUA comprei na AMAZON o kit com pulseira e ferramenta (específica) para a troca por US$ 20, um “pouquinho” mais barato que o preço cobrado aqui.

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Pontos Positivos: o modelo completo, com cinta para medição de pulsação (há modelo sem a cinta) e USB para comunicação tem um preço que na minha opinião o torna de longe o melhor CUSTO BENEFÍCIO para o atleta!! O GPS é muito preciso. O site que recebe os dados é sensacional, uma revolução na minha forma de avaliar minhas corridas. Visor possui configuração das páginas com informações super flexíveis e completas. Permite exibir entre um e quatro dados por página com dígitos maiores ou menores.

Pontos Negativos : se usado pouco o GPS pode demorar demais para obter sinal. A pulseira se não for bem cuidada pode se fragilizar e quebrar (cara para repor no Brasil). O Bezel (anel de comando via toque) pode não agradar a todos, mas funciona bem após se acostumar com ele.

Preço referência : US$ 190 (fonte AMAZON.COM) o mais barato do teste e por isso mesmo o melhor custo benefício hoje em dia.

Existe um modelo Forerunner 410 que é um 405 melhorado, essencialmente o mesmo relógio, mas com Bezel alterado. Não testei este modelo. Custa US$ 240 nos EUA.

No próximo texto, na parte 2 deste teste, falarei sobre o GARMIN Forerunner 610 e sobre o MOTOROLA MOTOACTV, ambos muito modernos, atuais e também surpreendentes. Até lá!!!

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LINKS RELACIONADOS

Correndo com um computador no pulso ? parte 1 – Polar RS200SD e Garmin 405

Correndo com um computador no pulso ? parte 2 – Garmin Forerunner 610

Correndo com um computador no pulso ? parte 3 – Motorola MOTOACTV

PS: este texto foi originalmente publicado como “Correndo com um computador no pulso, parte 1” em meu blog pessoal FXREVIEW

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