Armazenamento em grande estilo ? Iomega StoreCenter ix2 e ix4 em iSCSI
Mestre Piropo já tinha falado deste ótimo meio de armazenamento há dois anos. Ele escreveu o texto “Iomega ix2-200: excelente solução para armazenamento em rede” no qual descreveu as interessantes características deste inteligente dispositivo. Mas tenho algo a acrescentar depois de um bom tempo usando-o inclusive de formas diferentes. Também tenho uma experiência importante a compartilhar com os leitores quando pensei em ampliar sua capacidade.
Resumidamente o Iomega StoreCenter ix2 (dois discos rígidos) ou ix4 (quatro discos rígidos) são dispositivos de armazenamento de rede que trabalham de forma versátil. Discos espelhados (RAID 1 – a prova de falha) ou associados (RAID 0 ? maior desempenho) e no modelo ix4 podem associar segurança com desempenho (RAID 5 ou RAID 10 ? associados e com espelhamento inteligente). Ele é ligado à rede (cabo Ethernet) e pode ser mapeado nos computadores da rede para acessá-lo. Trata-se de um ótimo servidor de arquivos, seja para uso doméstico ou em pequenas empresas. Nesta geração há a funcionalidade “CLOUD” que provê espelhamento de dois dispositivos pela Internet realizando a sincronização de ambos, todos os arquivos em dois lugares. Há bem mais que isso. Por isso recomendo a leitura do texto do Piropo, meu grande mestre, citado acima.
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Na geração atual (2012) o ix2 ou ix4 têm um visual renovado e bonito. Mas não é sua beleza que me motivou escrever sobre este dispositivo. Sendo mais preciso eu já era usuário de um dispositivo de armazenamento de rede da marca QNAP o qual já escrevi a respeito antes (QNAP TS-209 Pro II – duas vezes mais esperto), um pouco mais antigo (2008). Mas eu andava em busca de uma solução para expandir em meu escritório meu sistema de virtualização baseado no VMware ESXi. Essa é outra história para outro texto, mas afirmo que um requerimento do VMware me levou ao Iomega ix2 e ix4. É o que vou contar para vocês agora.
Um NAS (Network Attached Storage) mais avançado permite ser acessado de outra forma que não seja o compartilhamento simples de arquivos. Esta é a forma mais fácil e natural e que 95% das pessoas usam. Mas eu (na verdade o VMware) precisava de um dispositivo do tipo iSCSI. O que é isso? Vocês se lembram de quando os discos rígidos avançados e mais rápidos eram do tipo SCSI? SCSI na verdade é a forma de comunicação entre o disco e a controladora, como se fosse um dialeto próprio e bem eficiente. Isso, além da engenharia aprimorada, tornava estes discos mais rápidos e eficientes. Mas tempos depois foi criado o protocolo iSCSI que é fundamentalmente a mesma coisa, mas com os comandos trafegando por uma rede Ethernet e não cabos internos dentro do PC ou servidor.
Uma definição bem simples de iSCSI : “É um protocolo tipicamente usado no contexto de uma Rede de área de armazenamento mas que, ao contrário do Fibre channel, não necessita de uma infraestrutura especializada e dedicada, podendo funcionar sobre uma rede IP convencional“.
Falando de uma outra forma, quando um NAS é acessado pela rede para ler um arquivo via pasta compartilhada há pelo menos dois ou três níveis (como se fossem tradutores) no meio do caminho enquanto usando iSCSI a comunicação é mais direta. Mas o que se ganha? Acesso imediato e velocidade de transferência!!! Um disco acessado por iSCSI precisa ser previamente preparado e configurado para tal, bem como um software apropriado (driver) deve ser instalado no PC. Resumidamente veja as diferenças de meus testes, feitos em uma rede de velocidade Gigabit Ethernet (1000 Mbps):
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Relembro que a taxa de transferência máxima teórica na rede seria de 100 Mbytes/segundo. Sendo assim o desempenho dessa forma via iSCSI é bem próximo do ideal e sensivelmente mais rápido do que o acesso natural do NAS via pasta compartilhada.
Reconheço que a imensa maioria das pessoas que usa dispositivos do tipo NAS como o Iomega ix2 ou ix4 pode nem sentir a diferença de velocidade, mas o VMware, sistema bem mais sofisticado sente. E mais, permite que um uso muito inteligente, versátil e econômico seja feito. O custo de um ix2 com 2 TB (ou 1 TB se usado em modo espelhado) é cerca de R$ 1200. No outro extremo um ix4 de 8 TB (4 TB ou 5 TB com espelhamento ? RAID 10 ou RAID 5) custa R$ 3200. O que é bom para o uso com VMware é que de forma análoga ao uso direto com um PC, o disco não é visto pelo sistema operacional como um disco de rede e sim um disco LOCAL!!
No caso do VMware isso permite que o storage seja ligado na rede, a comunicação flua pelo protocolo iSCSI e no caso de pane do servidor de virtualização os dados estarão fora do equipamento danificado e não operacional. Isso permite que qualquer outro computador que tenha capacidade de receber uma instalação de VMware possa se conectar via iSCSI ao ix2 ou ix4 e em questão de minutos as máquinas virtuais estarão de novo no ar processadas por um novo servidor ou servidor de contingência, partindo do exato ponto que estavam quando a pane ocorreu. ESTE é o grande diferencial e grande atrativo para mim.
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Isso tudo que descrevi não tem nada de novidade. Sistemas de virtualização há muito tempo se valem de storages como repositório das máquinas virtuais. O que tem de novidade é que estes dispositivos simples e de custo bem acessível não tinham sido ainda testados por mim desta forma mais “séria” e eu atesto que funcionam maravilhosamente bem. Inicialmente eu coloquei em operação em meu próprio escritório um ix2 com minhas máquinas virtuais. Fiquei tão impressionado com o resultado que já implantei em mais três empresas de 100 a 150 usuários com a versão ix4 de 8 TB.
Verdade seja dita. Se usado um storage “de verdade”, um daqueles da EMC, HP ou outra marca já consagrada neste mercado, o nível de desempenho, principalmente a taxa de transferência de dados seria bem maior, pois a comunicação com os discos não se dá pela rede Ethernet e sim por meio de um cabo ótico (fibre channel) e placas HBA. Mas neste nível de utilização que fiz o resultado foi fabuloso e precisando de um investimento que é bem mais baixo. Estes storages mais sofisticados serão sempre melhor principalmente se a demanda de tráfego na rede for muito alta. Caso contrário o Iomega ix2/ix4 são ótimas soluções.
A saber, o modelo ix4 dispõe de duas interfaces Ethernet, que permite dobrar a velocidade de comunicação do storage com o VMware. Ainda não tão rápido quanto os storages “de gente grande”, mas ainda mais adequados a várias situações conforme descrevi.
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Expandindo a capacidade do ix2 ? um grande susto!!
Como usuário de um ix2 de 2 TB usado como 1 TB (discos espelhados) um belo dia achei que precisava de mais espaço. Tomei os devidos cuidados. Fiz uma cópia das máquinas virtuais que ali residiam. Eu as transferi para serem executadas em outro disco (do próprio servidor). Transferi as pastas compartilhadas para outro local. Deixei tudo pronto para que o ix2 recebesse novos e maiores discos.
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Comprei dois HDs de 3 TB dessa forma triplicando minha capacidade de armazenamento. Removi os discos de 1 TB e substitui ambos pelos discos novos. Liguei o ix2 e… não funcionou. Uma luz branca piscava incessantemente e nada de iniciar o storage. Após consultar alguns fóruns de suporte li referências à “luz branca da morte”!! Relatos indicavam que esta luz piscando sem parar era sinal de que o dispositivo se encontrava em pane geral sem possibilidade de recuperação. Gelei!!
Depois de um bom tempo tentando em vão desligar e ligar o equipamento, reinstalar os HDs, tive a ideia de instalar os discos originais de 1 TB. Funcionou!!! Que coisa estranha. Voltei a pesquisar sobre o assunto até que descobri um relato contando história parecida e havia uma explicação bastante plausível.
Aparentemente o software do Iomega ix2 reside parte em firmware e parte no próprio HD que já vem pré-instalado de fábrica. Os HDs novos obviamente não tinham este software. Deixei na posição HD1 do ix2 o HD original de 1 TB e montei um dos HDs novos de 3 TB como HD2. Deu certo, mas ao entrar na tela de gerenciamento do ix2 apareceu a informação “HD2 sendo sincronizado”. Claro! Disco novo, na modalidade espelhado todo disco de 1 TB estava sendo replicado para o disco de 3 TB. Isso demorou cerca de 2 horas. Desligado o ix2, montei o disco de 3 TB recém sincronizado como HD1 e montei o outro disco de 3 TB como HD2. Liguei o ix2 e… SUCESSO! Ele ligou e começou a sincronizar os dois HDs novamente. Mais 2 horas de espera e ambos os discos de 3 TB estavam com o software da Iomega instalado e operacionais. Ou quase. Por conta de o processo ter sido originado com os discos de 1 TB todos os dados estavam lá. Eu não perdera arquivo algum. Mas a capacidade total do ix2 permanecia como 1 TB total (pós espelhamento). Nesse momento usando as funções de gerenciamento apaguei o volume de 1 TB espelhado e criei novo volume com 3 TB. Nesta hora perdi os dados, mas como tinha feito o backup de tudo, restaurei uma a uma as pastas e ficou tudo como antes, mas com 3 TB de espaço e retornei as VMs para a partição iSCSI do ix2. Missão cumprida!!
Conclusão
Mestre Piropo se encantou com a simplicidade de uso e a funcionalidade de “nuvem” e sincronização remota do ix2. Essencial para quem trabalha em mais de um lugar. Nem vou detalhar as varias outras funcionalidades deste storage que vai de monitorar câmeras de segurança a fazer download de arquivos, passando por servidor de mídia e repositório de TimeMachine para quem tem Apple na rede. Por outro lado eu me encantei com a presença de protocolo iSCSI no dispositivo que me permitiu criar uma solução de VMware mais storage por um custo bastante baixo, principalmente quando comparado com storages “formais” que custam, para começar, cerca de 10 vezes mais caro.
É correto frisar que não se trata do mesmo nível de desempenho, mas implantei servidores de virtualização em empresa de 100 a 150 pessoas, com 4 ou 5 VMs rodando simultaneamente, com pleno sucesso e desempenho totalmente satisfatório.
Fica a dica para usuários mais exigentes e mais técnicos, usar iSCSI para acesso ao ix2 é mais eficiente (embora exija uma configuração um pouco mais detalhada) para acesso a pastas e arquivos. A segunda dica é que para ampliar a capacidade destes dispositivos, sem envolver assistência técnica da Iomega, fazer da forma que eu descrevi. Um disco de cada vez.
E por fim a grande revelação, a possibilidade de usar o VMware ESXi conectado via iSCSI no ix2 ou ix4 e usufruir dos benefícios de um storage na sua implantação de VMware sem ter que gastar muito mais por um storage baseado em cabos óticos (de fato mais rápido), e mesmo assim ter um desempenho adequado a muitos tipos de aplicação. A saber, a empresa IOMEGA é hoje em dia parte do grupo EMC, maior fabricante mundial de storages. Assim o grupo tem solução de entrada de ótima qualidade com os produtos Iomega e produtos de alta tecnologia e desempenho com as linhas da EMC.
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PS: este texto foi originalmente publicado como “Armazenamento em grande estilo ? Iomega StoreCenter ix2 e ix4 em iSCSI” em meu blog pessoal FXREVIEW