A digitalização e o risco de ataques cibernéticos
Digitalização desorganizada durante pandemia acabou resultando em maior exposição de dados sensíveis, que ficaram à disposição dos criminosos virtuais
O avanço da transformação digital nas grandes e médias empresas, que ocorreu principalmente após a pandemia de covid-19, alterou diversas dinâmicas e trouxe diferentes temas e preocupações para o centro dos negócios.
Se por um lado ela permitiu o desenvolvimento e evolução dessas companhias, que precisaram se reinventar e investir tanto na melhora dos processos internos quanto na criação de produtos e soluções que atendessem e previssem cada vez mais as necessidades e dores dos consumidores, por outro acabou as deixando mais dependentes da tecnologia e propensas a ataques cibernéticos.
Na pressa em realizar esse processo e não ficar atrás da concorrência, muitas organizações adotaram a digitalização de forma desorganizada e pouco planejada, e pior: sem a realização de testes de segurança para averiguação de proteção dos sistemas. Isso acabou resultando em uma maior exposição dos dados sensíveis, que ficaram à disposição dos criminosos virtuais.
Segundo a pesquisa Tendências e Ameaças LATAM 2022, elaborada pela ESET, empresa de segurança da informação, atualmente a implementação de ferramentas de segurança digital, como antivírus, VPN e autenticação de dois fatores ainda é baixa nas instituições. Cerca de 30% delas disseram não estarem preparadas para lidar com os ataques, enquanto 70% revelaram que, após a pandemia, estão mais alertas para a proteção de dados.
O que observamos é que, após alguns casos de vazamentos de grandes empresas como Renner, JBS e Fleury, que geraram enormes prejuízos e desconfianças por parte dos consumidores, esse assunto de fato passou a receber mais atenção das empresas. A partir daí, vimos um investimento maior em cibersegurança e na conscientização sobre o cuidado com as informações dos funcionários e clientes, como indicam os insights do relatório Inside Cybertech Report, realizado pela Distrito, plataforma de inovação aberta, que mostram que nos últimos dois anos o setor das cybertechs recebeu US$ 282 milhões em aportes.
Por mais caro que possa parecer investir nessa proteção, é um gasto extremamente necessário para a sobrevivência dos negócios tanto a curto quanto a longo prazo e certamente muito menor do que o despendido para se recuperar após um ataque do tipo. De acordo com informações da Cybersecurity Ventures, empresa de pesquisa especializada nesse mercado, a previsão é que até o final deste ano o total de danos causados pelos crimes cibernéticos atinja US$ 6 trilhões globalmente.
Com o avanço constante das tecnologias, a tendência é que os golpistas encontrem diferentes formas de burlar as plataformas e ter acesso às informações confidenciais dos negócios. Porém, não há nenhum segredo para vencer a luta contra as investidas desses criminosos. A maioria das empresas já entendeu que a solução passa por educar e treinar os colaboradores para que fiquem atentos e não caiam em estratégias como links em e-mails, mensagens e outros meios, e também nos investimentos em ferramentas e profissionais voltados a garantir esse cuidado e preservação dos sistemas.
* Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e da Samba Digital