O Corporate Venture Capital (CVC) e as startups

Quais as implicações para as startups dada a presença cada vez mais intensa de iniciativas de CVC no mercado brasileiro

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10:15 am - 30 de novembro de 2021
sucesso startup destaque

O tema Corporate Venture Capital (CVC)  que ainda era pouco explorado pelas corporações aqui no Brasil, com honrosas exceções, ganhou tração nos últimos tempos. Empresas, principalmente, fora do Brasil já discutem o tema entre seus executivos e nos Conselhos de Administração (CAs) há mais de três décadas. Vimos alguns exemplos promissores em diretorias de Inovação e Novos Negócios que, nos extremos mais positivos de sucesso, se tornaram quase que empresas independentes e novas linhas de negócios. As grandes do setor de tecnologia fazem isso “desde sempre”, é parte de seus modelos de negócio e crescimento.

Segundo o Corporate Venture Capital Report 2021 elaborado pela Distrito, nos últimos 20 anos, houve 162 rodadas de investimento envolvendo CVCs no país (212 contando as rodadas sem valores revelados), totalizando US$ 1,3 bilhão. Ainda segundo o mesmo relatório, somente nos sete primeiros meses deste ano, o volume de investimentos de CVC no Brasil chegou a US$ 622 milhões, praticamente metade do total e o triplo do valor investido em 2020. Aproximadamente, 70% desses investimentos estão concentrados nos estágios iniciais: Seed e Pré-Seed

Estes dados, em especial a menção referente a serem empresas no estágio Seed e Pré-Seed são mais que suficientes para dedicarmos não um mas dois artigos seguidos para o tema.

Startups, em seus estágios iniciais, agem como nós quando estamos com muita fome e somos colocados em frente a um buffet. Por terem um “apetite” enorme por aprendizado e necessidade de caixa, podem acabar colocando mais comida no prato do que são capazes de digerir.

As grandes corporações que buscam inovação aberta nas startups nascentes, agéis e com soluções disruptivas, oferecem aprendizado em larga escala, mas acompanhado de ritos, protocolos e complexidades (ou mais popularmente chamados de burocracias) que podem por tudo a perder para os dois lados.

Daí a importância de estruturar o CVC nas grandes corporações. Essas áreas devem ser independentes e com autonomia para tomarem decisões sem seguir os ritos da organização que estão por detrás. Isso pode ser feito por meio de comitês de investimento agéis e com poder de decisão. E no caso da governança requerida das investidas (startups) deve ser leve, com visão de negócio e atenção redobrada ao estágio de vida da investida, esteja ela na fase de Ideação, Validação, Tração ou Escala (estágios conforme a publicação Governança Corporativa para Startups e Scale-ups).

Defrontados com as abordagens de CVCs, founders devem estar aptos a avaliar os prós e contras de se optar pelo caminho dos Venture Capital tradicionais (VCs) ou dos CVCs. Uma distinção fundamental entre VC e CVC é o objetivo do investimento. Enquanto as gestoras de VC se esforçam para obter retornos financeiros acima da média, as unidades de CVC, além disso, buscam objetivos estratégicos alinhados à corporação que as patrocina.

Importante salientarmos que não há certo e errado nesta decisão. Afinal, se por um lado VCs podem pressionar por um crescimento dos números agressivamente rápido (como os conhecidos “double digits” e T2D3), por outro lado os CVCs podem pressionar por uma restrição de mercado para proteger uma vantagem competitiva.

Cabe ao founder avaliar qual dos caminhos trará para o negócio mais possibilidades de sucesso e, em especial, qual o melhor alinhamento com a governança da startup. E entenda sucesso com uma brincadeira que costumo dizer: “transformar energia potencial em energia cinética”.

No próximo artigo iremos nos aprofundar no tema e debater um pouco mais os prós e contras mencionados aqui. Aguarde!

* Giancarlo Berry é sócio da AcNext Capital, investidor anjo e membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

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