SaaS para exportação: software acelera setor de TI da Nova Zelândia

Setor recebe novo investimento para impulsionar desenvolvimento ao redor do SaaS. Principais empresas de TI hoje oferecem software como serviço

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9:39 am - 09 de junho de 2022
Imagem: Shutterstock

O setor de tecnologia na Nova Zelândia tem crescido em média 77% mais rápido do que a economia geral desde 2015. Parte importante deste crescimento tem sido puxada por empresas que desenvolvem software como serviço (SaaS, Software as a Service), um mercado praticamente inexistente há dez anos.

Reconhecendo que o setor pode contribuir exponencialmente para a economia local, além de gerar empregos de alto valor e receita de exportação, o governo da Nova Zelândia anunciou recentemente US$ 20 milhões adicionais ao orçamento dedicado à indústria de tecnologia com foco em desenvolver a comunidade SaaS e também para divulgar a NZ Tech Story, uma campanha lançada neste ano para apresentar o crescimento do ecossistema de tecnologia no país.

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E há muitas oportunidades para empresas que já operam no mercado e para aquelas que ainda estão por reinventar modelos de negócio. Globalmente, o setor de SaaS está caminhando para superar os US$ 702 bilhões até o ano de 2030. Em 2021, juntos, o mercado neozelandês e australiano cresceram 17,5%, segundo o IDC, um salto quando comparado ao crescimento de 8,5% em 2020.

Neste cenário, as áreas-chave de investimento incluem empresas que desenvolvem plataformas de gerenciamento de relacionamento com clientes, de colaboração, de produtividade e de segurança. Com a intensa migração de serviços para o digital, é de se entender porque os gastos das empresas em CRM (Customer Relationship Management) no mercado mencionado cresceram 20,3% em 2021.

Entre as empresas mais valiosas da Nova Zelândia estão aquelas que cresceram ao redor do desenvolvimento de software. A Xero, baseada em Wellington, revolucionou o universo da contabilidade para PMEs porque seus fundadores estavam frustrados com a falta de eficiência no compartilhamento de dados financeiros com os programas disponíveis há cerca de 15 anos. Hoje, a empresa está avaliada em US$15 bilhões.

Essas oportunidades que reconhecemos não se distanciam muito daquelas que startups e grandes companhias encontram quando olham para o mercado brasileiro. Prova disso é que algumas das empresas de software da Nova Zelândia operam no Brasil. A Education Perfect é uma plataforma de educação, que usa insights de dados de seus usuários para personalizar o ensino de diferentes matérias, de idiomas à matemática. Escolas no Brasil já adotam a plataforma para aprimorar o ensino presencial.

A neozelandesa Seequent oferece software para o setor de mineração, com gerenciamento de dados geográficos. Com estes dados, a Seequent consegue oferecer uma visão mais clara da subsuperfície, o que permite tomar decisões melhores tanto para os negócios quanto para as pessoas. Já a 11Ants Analytics chegou ao Brasil em 2019 de olho no gigantesco mercado de varejo brasileiro. A companhia, que assessora mais de 4.000 estabelecimentos, 600 dos quais presentes no Brasil, transforma a base de dados de compras dos clientes em insights sobre segmentação, cesta de compras, impacto promocional, gestão de categorias, rentabilidade e ROI para tomada de decisão através de Dashboards.

O poder da análise dos dados é o que também sustenta a ADInstruments, que conta com hardware e software de análise para ensino e pesquisa científica já muito utilizado no Brasil por diversas universidades. Reconhecida mundialmente, a indústria de entretenimento da Nova Zelândia também tem acompanhado a transformação digital. A Serato é um dos exemplos. Referência na indústria musical global, a empresa desenvolve software premium de áudio para DJs e músicos.

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Essas histórias de sucesso precisam ser compartilhadas com outros empreendedores do setor, pois acredito que também possam impulsionar novas ideias e conexões. E não só isso, compartilhar os inúmeros desafios desde desenvolver propriedade intelectual a contratação de talentos e outras experiências, pode acelerar a entrada em novos mercados. Em 2017, em parceria com a Callaghan Innovation e a NZTE foi lançada a KiwiSaaS, uma comunidade para fortalecer o desenvolvimento de software na região aproximando empreendedores, pesquisadores e investidores desse ecossistema.

Sabemos o quão complexo pode ser o desenvolvimento de tecnologia. Mas também sabemos o quanto ela é movida por empreendedores apaixonados e generosos com o que fazem. Abrir e aproximar essas histórias pode mover ainda mais a comunidade SaaS no Brasil e na Nova Zelândia. Para saber mais sobre como a comunidade de SaaS kiwi está revolucionando diferentes indústrias, acesse e participe.

*Chris Metcalfe é comissário de negócios da NZTE (New Zealand Trade and Enterprise) para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e vice-cônsul da Nova Zelândia em São Paulo. Anteriormente, foi Gerente de Desenvolvimento de Negócios para a NZTE na Europa, onde por mais de cinco anos apoiou a entrada de negócios da Nova Zelândia nos mercados da Espanha e Portugal. Antes de entrar na NZTE, Chris morou na Espanha onde atuou como palestrante e coach, trabalhando com grandes multinacionais. Graduou-se na Waikato University, na Nova Zelândia, em Recursos Humanos e Relações Industriais. É casado e pai de duas meninas espanholas, mas que considera praticamente brasileiras.

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