Como ocorre a passagem do conhecimento nas organizações
Olá Pessoal,
primeiramente, gostaria de desejar-lhes um novo ano de muita saúde para enfrentar os novos desafios e que os projetos sejam realizados.
No artigo anterior falamos um pouco do conhecimento Tácito e Explícito (se não leram ainda, aqui está o link: https://itforum365.com.brcategoria-colunas/gestao-conhecimento-organizacional/nova-coluna-gestao-do-conhecimento/.
Um dos grandes desafios organizacionais é a passagem entre estes dois tipos de conhecimento. Para que isto seja feito de forma suave, assertiva e com resultados competitivos para as empresas, deparamos com o que ficou conhecido como Espiral do Conhecimento dos autores Nonaka e Takeuchi (referência abaixo).
Precisamos falar sobre isto neste post!
A Espiral do Conhecimento é direcionada pela intenção das organizações em relação a suas metas, assumindo a forma de estratégia dentro de um contexto organizacional. Na obra destes autores, a criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua, dinâmica e cíclica, entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Tal interação é moldada pelas mudanças entre diferentes modos de conversão, que são a socialização, a externalização, a internalização e a combinação.
Esses quatros modos constituem o motor do processo de criação do conhecimento. Três desses quatro tipos de conversão do conhecimento – socialização, combinação e internalização – foram tratados sob várias perspectivas na teoria organizacional. Por exemplo, a socialização liga-se às teorias dos processos de grupo e da cultura organizacional, a combinação tem suas raízes no processamento de informações e a internalização está intimamente relacionada com o aprendizado organizacional.
Já a externalização é a chave para a criação do conhecimento, pois elabora conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito. Observa-se, portanto, a possibilidade de retenção da informação e do conhecimento na externalização, quando o conhecimento tácito é articulado em conceitos explícitos, expressos em forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos, utilizando, inclusive, ferramentas de Tecnologia da Informação para o armazenamento do conhecimento retido e posteriormente disseminado.
Resumindo:
- Socialização: com a socialização (passagem do conhecimento tácito para o tácito) inicia-se a espiral com o processo de compartilhamento de experiências a partir da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Os indivíduos podem adquirir conhecimento tácito diretamente de outros. No contexto dos negócios, o treinamento prático utiliza este princípio.
- Externalização: é um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. O modo de externalização da conversão do conhecimento é visto no processo de criação do conceito e é instigado pelo diálogo, treinamentos, aulas ou reflexões coletivas.
- Combinação: esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimentos explícitos, como documentos (físicos ou digitais), produtos, formulários, procedimentos, dentre outros.
- Internalização: finda o ciclo da espiral com o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito do indivíduo. A leitura ou estudo de um material (físico ou digital) é o exemplo mais clássico. Finda-se um ciclo da espiral e dá-se início a um novo ciclo com a socialização.
Como podemos ver, se conseguirmos colocar em prática a passagem do conhecimento utilizando os conceitos da espiral do conhecimento, com certeza as organizações terão muito mais valor agregado em seus processos, bem como no capital humano dos seus colaboradores, e o conhecimento não se diluirá ao longo do tempo.
No próximo post daremos continuidade ao assunto.
Abraço,
Zaidan
Referências
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
ZAIDAN, FERNANDO H. Retenção do conhecimento no processo de desenvolvimento de sistemas. Saarbrücken – Alemanha: Novas Edições Acadêmicas, 2017.