ASG e sustentabilidade: moda ou motor para as startups

Empregar e continuar praticando ASG é puramente moda para sua startup ou será um motor para chamar a atenção de mais investidores?

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por IBGC
7:05 pm - 26 de fevereiro de 2021
ESG

Para você investidor, critérios ambientais (como as agendas ambientais, sociais e de governança – ASG ou ESG, na sigla em inglês) são relevantes para sua escolha de onde vai investir? Varejo físico ou e-commerce com rastreamento da cadeia desde a origem até o consumidor final, transparência na composição dos ingredientes, produtos e embalagens, prevenção de futuros impactos ambientais no destino e descarte de resíduos, busca de eficiência energética e conhecimento das emissões em toda a jornada dos produtos da empresa é fashion ou fundamental em seu critério de escolha do investimento?

Quanto a você, empreendedor, as questões ambientais estão moduladas no seu mindset e dentro de sua startup como relevantes ou são somente critérios secundários? E você realmente acredita que fatores sociais podem transformá-la, torná-la mais inclusiva e sustentável?

Outro ponto são as questões referentes a perspectiva social. Tratamento igualitário sobre gênero, condição social, opção sexual tanto dos colaboradores quanto dos clientes e outras partes, estão evidenciados como motores na sua prática de governança? Infelizmente, dúvidas ainda persistem se a cultura, estrutura, políticas e procedimentos podem trazer valor empresarial para uma startup, que tem tantas outras prioridades…

Enganam-se os que ainda acreditam que negócios que não dialogam com todas as partes interessadas, que não empregam olhando para a diversidade e inclusão, que não se posicionam sobre questões de cunho racista e que não interagem com atividades filantrópicas podem ter vida longa. Esse tipo de organização tende a ser vista de maneira cada vez menos favorável por uma legião cada vez mais crescente e exponencial de consumidores, especialmente os jovens.

Empreendedores e líderes engajados defendem culturas empresariais saudáveis e, também, são capazes de articular e evidenciar junto aos investidores-alvo, que fomentam uma cultura positiva, monitoram o moral e o grau de satisfação com a startup, na qual, via de regra, o alto envolvimento e a satisfação dos funcionários indicam uma governança sólida e com base em princípios éticos e de diversidade socioambiental. Uma simples política transparente e justa de pró-labore e de dividendos para cofundadores e/ou de remuneração para os gestores e colaboradores também se enquadra em fatores de governança positivos e inclusivos.

O investidor ou empreendedor consciente sabe que remuneração fora dos padrões de mercado e sem regras incentivam negativamente em impacto social, no ambiente de trabalho e de negócios! Por outro lado, pagamentos equitativos para diferentes gêneros e raças indicam boas práticas e evidencia uma governança sintonizada com a ética, pluralidade e inclusão.

Apesar de muito comentada, não há um consenso sobre a intensidade com que uma startup deve incluir em sua governança os aspectos ASG em suas diferentes fases. Obviamente são mais evidenciados no estágio pós-tração, quando já uma scale-up a governança corporativa torna-se mais responsiva além de responsável, enraizada no mindset dos cofundadores, germinando dentro de conselhos consultivo ou de administração recém-formados, ou mesmo já exaustivamente discutida em conselhos maduros e em pleno funcionamento.

Conselhos maduros e no seu pleno exercício alertam a administração e os gestores sobre decisões difíceis, dão rumo, promovem a transparência e ajudam a proteger os interesses da empresa e de todas as partes interessadas. Um grande avanço por exemplo, seria começar com um simples relatório ASG e Sustentabilidade com metas, métricas e monitoramento, subindo a régua na linha do tempo.

Afinal, empregar e continuar praticando ASG é puramente moda para sua Startup? Ou será um motor para chamar a atenção de mais investidores, aumentar sua capacidade de atração e retenção e melhorar sua reputação e sustentabilidade?

No final do dia, o que todos devem buscar é ganho de valor empresarial e perenidade!

*Mauro Oscar Cardoso é sócio da MC Consultoria, Governança & Investimentos, Conselheiro de Administração Empresarial e membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

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