A rotina de um headhunter

O que é preciso para selecionar o talento perfeito para aquela vaga? Headhunter também deve aliar expectativas da empresa e do profissional

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11:36 am - 15 de junho de 2021

Ao longo dos mais de 15 anos trabalhando como headhunter jamais tive a oportunidade de escutar de um colega de profissão algo como “eu sempre quis ser headhunter”.

 

Arrisco-me a dizer que esta não seria uma opção de carreira das mais votadas em um ranking, mas definitivamente sou fã do que faço e por várias razões: a possibilidade tangível de proporcionar um impacto positivo na vida das pessoas, de conhecer muita gente interessante, de conhecer vários setores e várias empresas e de aprender sobre muitos assuntos.

 

Como consultor de uma consultoria global de Executive Search, meus clientes são empresas que precisam contratar um novo executivo e minha tarefa é a de identificar o profissional adequado para ocupar a função.

 

Basicamente, para que haja o entendimento de que um profissional é adequado para uma determinada posição é necessário que aquela pessoa atenda à diversos critérios.

 

Alguns são mais objetivos, como a fluência em determinado idioma, a disponibilidade para morar em uma determinada cidade ou o conhecimento técnico em um certo assunto. E outros nem tanto, como o potencial de aprendizado, as habilidades de comunicação, a capacidade de liderança. Quanto mais critérios houver e quanto menos flexibilidade no julgamento dos critérios, mais difícil.

 

Mas identificar corretamente o profissional adequado é apenas a parte inicial do desafio. É fundamental, claro, que o profissional tenha também interesse pela empresa/posição. E nem sempre isso acontece em um primeiro momento. Por isso, quando pertinente, cabe ao headhunter mostrar ângulos complementares e nem sempre óbvios sobre a oportunidade e suas perspectivas, de forma a gerar a interpretação de que ela pode ser interessante.

 

Além disso, devido a importância da decisão, tanto para a empresa quanto para o profissional, com a aproximação de um acordo entre as partes é natural que se reforcem dúvidas, receios, medos. Neste momento entra-se no mundo intangível das conjecturas e suposições e cabe novamente ao headhunter procurar esclarecer todas as questões e apoiar ambos os lados para que se atinja a melhor decisão.

 

Tais interações empresa-profissional, quando vistas individualmente, são particulares, pois as empresas são diferentes, cada profissional difere um do outro, o contexto faz aumentar ou diminuir o nível de exigência das partes mas, na essência, se repetem.

 

Uma mudança profissional é um evento de forte impacto mas tende a ser raro na vida da grande maioria das pessoas. Afinal, quantas vezes se muda de trabalho na vida? Bom, cada vez mais, podemos falar sobre isso outro dia. Mas participar de tais momentos é a rotina do headhunter.

 

Por isso, ao longo de nossas conversas, espero compartilhar uma pouco mais desta experiência e contribuir com dicas e sugestões sobre o que fazer, e sobre o que não fazer, quando se encara a possibilidade ou o desejo de uma transição profissional.

 

*Leonardo de Souza possui mais de 15 anos de experiência nas atividades de Executive Search e de Management Consulting. Formado em Engenharia de Produção pela UFRJ, possui pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela FGV e MBA na Fundação Dom Cabral com extensão na Kellogg School of Management. Atualmente, é sócio da Boyden

 

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