FaceApp: os perigos do uso de reconhecimento facial para simular identidades
App, que utiliza selfies para sugerir versões masculinas ou femininas de usuários, voltou com força às redes; brincadeira, porém, apresenta perigos
Na última semana, as redes sociais foram tomadas pela presença do aplicativo FaceApp, que sugere transformações na face do usuário a partir de uma selfie. O motivo pela volta da marca foi a liberação gratuita do filtro “mudança de gênero”, que apresenta uma versão masculina ou feminina da pessoa.
Acontece que essa não é a primeira vez que o aplicativo vira notícia: no ano passado, o mesmo FaceApp lançou um filtro que mostrava de forma muito realista a versão mais velha do usuário, por meio da análise de uma selfie.
O problema: questões sérias de privacidade foram levantadas na época, já que a empresa poderia vender as selfies das pessoas, que estão armazenadas em seus bancos de dados, para empresas do ramo de reconhecimento facial.
No período, a situação foi levada tão a sério que o Procon chegou a notificar Apple e Google, que possuem lojas de aplicativo, para prestarem esclarecimentos sobre a política do app para questões como coleta e uso de dados dos consumidores. Com o retorno do app, essas preocupações sobre segurança voltam à tona.
Potencial para uso malicioso
De acordo com Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, o app não possui nenhum item malicioso. No entanto, pelo fato de o reconhecimento facial ser uma tecnologia usada principalmente para a autenticação de senhas, o usuário deve ter bastante cuidado ao compartilhar sua imagem com terceiros.
“Temos que entender essas novas maneiras de autenticação como senhas, já que qualquer sistema de reconhecimento facial disponível a todos pode acabar sendo usado tanto para o bem quanto para o mal”, alerta o especialista da Kaspersky.
Segundo Assolini, por utilizar IA para fazer as modificações a partir do reconhecimento facial, a empresa dona do app pode vender essas fotos para empresas desse tipo. “Além disso, é preciso ter consciência que esses dados estão armazenados em servidores de terceiros, e que também podem ser roubados por cibercriminosos e utilizados para a falsificação de identidades”, acrescenta.
Dicas de download
Ao baixar apps, a Kaspersky recomenda que os usuários:
- Tenham certeza de que o aplicativo é de confiança e está nas lojas oficiais;
- Leiam os termos de privacidade para entender que informações são solicitadas;
- Entendam o reconhecimento facial como uma senha – não saia utilizando em todos os lugares;
- Sempre verifiquem quais permissões são solicitadas, como login associado à uma conta existente em determinada rede social.