Tecnologia Bevap contribui para sustentabilidade de seu bem mais precioso: a água

Usina bioenergética de cana-de-açúcar cria sistema para controle do consumo de água e reduz desperdícios na irrigação de 30 mil hectares

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7:30 pm - 24 de novembro de 2021
Fábio André Ramos, diretor-executivo da Bevap Fábio André Ramos, diretor-executivo da Bevap Foto: Divulgação

Diferente de tradicionais usinas bioenergéticas de cana-de-açúcar, a Bevap, localizada no município de João Pinheiro (Minas Gerais), é a única do País que mantém sua lavoura 100% irrigada, o que torna o seu desafio ainda maior, especialmente em períodos de estiagem.  A água, portanto, é vital para a sustentabilidade do negócio e seu uso responsável é essencial também para a saúde do planeta e da sociedade.

A preocupação cada vez maior com desperdícios desse bem tão precioso motivou a Bevap a mergulhar no desenvolvimento de um projeto que recebeu o nome de Gestão e Automação de Recursos Hídricos, inscrito no prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI 2021, promovido pela IT Mídia, com o qual se sagra vencedora na categoria Agronegócio e Serviços Relacionados.

De acordo com Fábio André Ramos, diretor-executivo da Bevap, neste ano a estratégia da companhia está voltada para sustentabilidade, liderança e segurança dos colaboradores. “No pilar de sustentabilidade, avaliamos o nosso ponto crítico, ou seja, o que impacta nosso negócio se um dia faltar? Sem dúvida, a água. Caso falte, não temos como irrigar, porque aqui praticamente não chove. Então, o negócio não sobreviverá”, relata.

A irrigação se dá por meio de pivôs lineares, rebocáveis, centrais e gotejamento. Ao todo são mais de 30 mil hectares irrigados, e captação de água de três rios diferentes somando um volume de mais de 32 milhões de metros cúbicos por mês, ou seja, seis vezes o consumo da cidade de São Paulo.

O projeto, que teve início em agosto de 2020 e finalizado em setembro de 2021, nasceu da necessidade e preocupação com a sustentabilidade e preservação do meio ambiente, além de redução de custos, melhoria de produtividade e ainda para atender à legislação dos órgãos ambientais do setor, que estão a cada dia mais ativos.

A cada milímetro de água que passa pelo hidrômetro, essa informação é enviada ao órgão regulador Agência Nacional de Águas (ANA). É uma parceria, diz o executivo, porque para eles é um projeto-piloto que provavelmente será expandido para seu modelo administrativo de fiscalização e controle.

Colhendo frutos

Com a melhoria da gestão, a Bevap conseguiu redução de 35% no uso de água. Além de aumento de eficiência da irrigação em 32% e de produtividade da lavoura em 9%. “Em todas as regiões Norte e Noroeste de Minas e uma parte de SP, nenhuma outra empresa atingiu esses índices, fornecendo dados em tempo real para o órgão fiscalizador sobre o consumo de água. É uma iniciativa da empresa facilitar essa fiscalização”, afirma Ramos.

Entre os principais ganhos, além da evolução da gestão, a automação possibilitou a eliminação do trabalho manual. Antes, era necessário que colaboradores circulassem pelo campo para ligar e desligar pivôs de irrigação. Hoje, essa tarefa é realizada pelo Centro de Operações Agrícolas (COA).

Todos os comandos de irrigação são acionados remotamente. E isso trouxe eficiência operacional e redução do número de acidentes. Essa manobra contava com cerca de 200 pessoas e 60 motos circulando 24 horas para garantir o controle da irrigação. Esses colaboradores foram direcionados para atuar em outras atividades e tudo isso trouxe ganhos importantes para a empresa, como redução de custos, e aumento de produtividade.

O projeto possibilitou gestão inteligente em tempo real para mais de 30 pontos de captação de água, monitoramento e alertas dos volumes captados x aplicação, utilizando Inteligência Artificial (IA) e machine learning, com painéis de automação nos pivôs, permitindo que as operações sejam realizadas remotamente com tecnologia IoT, que conta com sensores para uma irrigação automática.

Responsabilidade social e ambiental

A Bevap vem se alinhando a cada dia mais na agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), que traduzido do inglês significa Governança Ambiental, Social e Corporativa. É uma avaliação da consciência coletiva de uma empresa em relação aos fatores sociais e ambientais.

Na parte social, entre outras estratégias, a empresa se preocupa em realocar os colaboradores que deixaram atividades manuais, e agora avança para uma ação ainda maior: desenvolver os empresários locais para atender à Bevap com serviços.

“Hoje, estamos a 700 km de Ribeirão Preto, que é o polo de usinas. Cerca de 80% dos nossos serviços são contratados por lá. Agora, queremos desenvolver a região. Nossa força de trabalho está aqui. Vamos desenvolver a cidade”, promete Ramos, que soma 25 anos atuando em tecnologia, com passagens por empresas como Cosan e Raízen.

O executivo, que enxergou muito cedo a importância da tecnologia se integrar ao business no modelo de parceria, em 2018 conquistou o cargo de diretor-executivo da Bevap, que exerce atualmente.

Essa jornada, que teve início como gestor de TI há oito anos, foi aprimorada com base na equação tecnologia + pessoas+ visão de futuro. Hoje, ele está totalmente imerso no negócio, liderando todas as áreas da empresa, de olho na humanização e nas responsabilidades sociais e ambientais. E, claro, tendo a tecnologia como forte aliada para viabilizar projetos vencedores como este.

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