Pautas de tecnologia ligadas à sustentabilidade devem não só ser prioritárias, mas um caminho para empresas deixarem a crise ao longo de 2021, defendeu o diretor financeiro da SAP no Brasil, Paulo Mendes, em um webinar promovido pela empresa nesta quinta-feira (21).
Para o executivo, o tema já está aquecido em discussões entre bancos, investidores e empresas diversas há tempos, e não tem mais como ser ignorado por companhias que estão pensando em continuar fazendo negócios a “longo prazo”.
“Um problema sanitário ou ecológico que aconteça em qualquer parte do mundo pode afetar o seu negócio aqui no Brasil”, afirmou. “Eu acho que a sustentabilidade é uma pauta de volta da crise. Como toda crise é uma oportunidade, quem souber alavancar melhor e se antecipar neste sentido vai sair na frente”.
Além de ocupar a direção financeira da SAP, Mendes é um dos sponsors internos do comitê de sustentabilidade da companhia no Brasil. A iniciativa tem como objetivo ser exemplo interno de ações ligadas à pauta ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês) e de promover estas iniciativas junto a clientes da empresa.
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Na leitura do CFO, o tema da sustentabilidade já entrou na agenda de seus pares tanto por uma questão de necessidade, já que todos os participantes da discussão financeira – de clientes a fornecedores – já abordam o tema, quanto por transformações que foram aceleradas pela própria pandemia da Covid-19.
“Aquela dicotomia entre retorno financeiro e cuidar do meio ambiente, cuidar da sustentabilidade em longo prazo, não existe mais. Tá aí a pandemia para mostrar isso para a gente: se a gente não cuidar do meio ambiente, ele vai interferir no retorno financeiro. As duas coisas têm que andar de mãos dadas daqui para a frente”, declarou.
O tema foi abordado por Mendes durante a apresentação da startup vencedora da edição 2020 do Social Innomarathon. A iniciativa premia empresas de grande potencial de impacto social, em consonância com alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A brasileira Safe Drinking Water For All (SDW), fundada por Anna Luísa Beserra Santos, foi a escolhida.
A SDW tem como objetivo promover a democratização do acesso à água potável e ao saneamento básico através do Aqualuz, um dispositivo que torna a água potável usando radiação solar. A solução possui diferenciais como facilidade de uso e manutenção prática, e tem vida útil estimada em 20 anos.
Apesar de ter dado os primeiros passos com sua tecnologia em 2013, a SDW só começou a trazer sua solução para o mercado há dois anos, quando passou a apostar em parcerias com empresas através de um modelo de responsabilidade social corporativa. Hoje, a iniciativa alcança mais de 400 famílias em três estados do Brasil e mostra também um impacto econômico positivo.
No modelo, companhias ajudam no financiamento de implementação da SDW em comunidades ao redor de seus empreendimentos, e, como contrapartida, recebem o relatório de impacto e retorno social da iniciativa na região. De acordo com a criadora da iniciativa, cada real investido no Aqualuz pode gerar, em média, 14 reais de retorno para a sociedade.
“Quando a gente fala que água é tudo é porque o impacto que a gente leva com água não é só água. É saúde, é educação, é economia, e as parcerias que a gente gera com esse ecossistema para fazer tudo acontecer e sensibilizar mais a sociedade”, explicou Santos.
Vice-presidente do SAP Concur na América Latina, Valéria Soska alerta, no entanto, para o fato de que qualquer ação de sustentabilidade deve ser uma “jornada” para empresas, não algo que se cria da noite para o dia. A SAP, por exemplo, começou suas primeiras iniciativas há mais de uma década, e seguiu implementando novas metas desde então. Uma das mais recentes, de 2017, é atingir a neutralidade de carbono em 2025.
Essa jornada, é claro, inclui a coleta e análise de dados que permitam encaminhar e elaborar políticas que avancem a temática ESG dentro das companhias – além de aperfeiçoá-las com o tempo.
Um exemplo prático da SAP Concur veio de sua operação espanhola: analisando dados da rota aérea entre Madrid e Barcelona, uma ponte aérea comum do país, a empresa percebeu que reduziria em 70% sua emissão de carbono com viagens corporativas se conseguisse transformar 30% delas em viagens de trem. Desde o ano passado, a escolha do trem passou a ser opção premiada, e privilegiada quando possível.
“Os gestores estão sedentos por informações para fazer escolhas melhores para que possam começar a educar o time de colaboradores, e que possam, assim, ter uma política relacionada ao tema dentro da organização”, pontuou.
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