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Seremos ciborgues, imortais ou ciberpunks

“Hoje vivemos a hegemonia americana. Se a estrutura de causa e efeito não se alterou, o passado é boa evidência de futuro. E em 2065 teremos uma guerra de transição, que durará aproximadamente 30 anos, e uma nova potência surgirá”. Assim começou a palestra O Futuro em Quatro Atos do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente, no IT Forum 2014, convidando todos a refletirem sobre os caminhos de nossa sociedade.
O professor menciona os ciclos de potências hegemônicas que se sucederam desde 1492, na época das grandes navegações. Uma potência – àquela época em Gênova, com os Habsburgos – permanece no topo por período de aproximadamente 120 anos, que é quebrado com uma guerra de transição e então outra potência surgirá.
Esse ciclo acontece acompanhado de tecnologias. Assim Desde a mecanização inicial (1770-1820), passando por vapor e ferrovias (1820-1870), eletricidade e engenharia pesada (1870-1930) até chegar, enfim, a telemática e internet (1980-2030). Não é à toa que a web nasceu com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em uma época de rupturas e incertezas frente a uma guerra de desestabilização – uma vez que havia a necessidade de manter-se a comunicação caso a Guerra Fria se tornasse real com batalhas nucleares.
O caminho para a tecnologia, segundo a aposta de Vicente, é o que se chama de HET, sigla para Human Enhancement Technologies. Trata-se da incorporação de biotecnologia, unindo TI e até mesmo alta tecnologia médica, para melhoria da qualidade de vida e, quem sabe, a imortalidade. “Vocês acham isso estranho? Quem aqui nessa sala usa óculos ou lentes de contato? Quem aqui nessa sala já foi injetado com um microcomponente chamado vacina?”, provoca o professor.
Vicente conta que, no Sudeste Asiático, já existe sinais de “coopetição”, ou seja, união de profissionais de diferente áreas para responder a esse desafio com cooperação antes da competição com nações rivais. “A pressão de competição é muito superior. Assim, eles cooperam para fazer a tecnologia agir mais rápido. E nós vamos aos poucos nos ‘ciborguisando’, só que até hoje achamos tudo normal. A tecnologia irá chegar ao corpo e daqui a alguns anos, isso vai ficar cada vez mais frequente”, projeta.
O que ele quer dizer é que a tecnologia é um dos caminhos inevitáveis que irão ajudar a trilhar a próxima potência do futuro para resolver o problema mundial atual: preservação do meio ambiente, controle populacional e erradicação da pobreza. Hoje, com os recursos disponíveis, só é possível resolver dois deles, permanecendo a evidência de um conflito iminente. Irão sobreviver os sistemas (tanto tecnológicos como políticos) mais flexíveis e descentralizados, em detrimento de regimes centralizados e não flexíveis.
Nesse sentido, há três correntes para o futuro do ser humano: ciborgues, com aproveitamento de partes tecnológicas no corpo humano; ciberpunks, com pequenos atributos tecnológicos no corpo; e imortais, cuja própria definição está no termo. E isso já está acontecendo, segundo Vicente. Ele menciona os telômetros artificias que, em uma explicação simplista, é a recolocação de partes do nosso DNA que perdemos com o passar dos anos e que causam o envelhecimento.
Essa tecnologia já existe e já foi testada em ratos, trazendo um aumento na expectativa de vida. Assim, nos humanos, a promessa de evolução é a melhora física e o retardamento da velhice. “Os pessimistas dizem que o primeiro ser humano a viver 135 anos nasceu na década de 60. E o primeiro a viver quase mil anos nasceu nos anos 90. Quem aqui tem filho que nasceu nessa época?”, conclui o professor, provocando a audiência – que encerrou a manhã com muito mais perguntas do que respostas.

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