Sanjay Brahmawar quer reinventar a Software AG

Executivo quer empresa focada em sua excelência em integração de ambientes e mira venda de produtos como serviço

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10:17 am - 26 de março de 2019

No ano em que completa 50 anos de sua fundação, a Software AG tenta reinventar-se. Palavra esta que se tornou algo bastante comum entre os tradicionais provedores de tecnologia diante de tantas transformações e mudanças até mesmo na forma de comercialização. Essa reinvenção passa não apenas por uma revisão da estratégia, mas por avaliar o portfólio, entender e aceitar quais são suas fortalezas, rever os movimentos de aquisições e focar. Muita coisa para uma companhia alemã sediada na pequena Darmstadt. Tal reviravolta, no entanto, tem nome e sobrenome: Sanjay Brahmawar, que há oito meses se tornou o primeiro executivo não alemão a presidir a fabricante.

Aos poucos ele tenta imprimir seu ritmo e estilo à companhia que, ao longo de seus 50 anos, habituou-se a propagar o estilo germânico. Mais informal que seu antecessor e vindo de quase 15 anos de IBM, Brahmawar tem tido carta branca para trabalhar sua visão, dentro daquilo que ele entende que pavimentará os próximos 50 anos da Software AG. Como parte de suas ações, ele lançou um plano estratégico batizado de Helix, que ataca de forma bastante resumida três prioridades: crescimento sustentável, portfólio focado em áreas de crescimento, como IoT, e esforços de vendas e marketing centrados em mercados onde a empresa pode gerar grande impacto.

“Não olho os 50 anos passados como legado, mas como um tesouro que ajuda a pavimentar os próximos 50. E ao longo de nossa história nos reinventamos muito. Se você traz essa habilidade de mudar em seu DNA, a transformação acontece”, comentou, antes de abordar sua visão de transformação para a companhia. “Assim, nossa estratégia está baseada em produtos fortes e temos vários deles. Essa força em produto é essencial para o sucesso da companhia. O segundo ponto é o financeiro. Diversas empresas têm tido dificuldades em entregar resultados e nós entregamos, analisei muito os números antes de entrar aqui e empresa que não dá resultado não atrai bons talentos.”

Em termos de produto, a palavra foco surgia a todo momento. Em vez de ser uma empresa que amplia muito o portfólio, Brahmawar entende que o ideal é centrar esforços naquilo que eles têm excelência, e, assim, poder lutar por uma participação de mercado maior que a atual. Outro ponto débil que ele enxerga é a venda por parceiros, hoje muito abaixo da média do mercado e que ele entende como essencial para seu plano de aceleração.

Tudo como serviço

O Helix, aliás, trata muito desse crescimento sustentável e lucrativo, trazendo um compromisso de investimento de 50 milhões de euros, sendo mais de 20 milhões em novos investimentos, como contratações, e pelo menos metade em realocação de verba, para iniciativas mais focadas em áreas estratégicas para o novo momento da companhia. Até por isso, aquisições continuarão no foco, mas desde que sirvam para acelerar a estratégia.

Do ponto de vista operacional, o CEO quer uma companhia mais leve e simples para, no médio prazo, mudar o modelo de negócio na ponta, numa transição de venda de licença para assinaturas, algo que tem sido cada vez mais comum no mundo da tecnologia e, no entendimento do executivo, permitirá criar um novo modelo de relação com cliente, trazer mais previsibilidade à receita e facilitar a gestão.

Internet das coisas e toda a integração necessária para esse mundo está mais que nunca no radar. Ainda é um negócio pequeno perto da receita total, mas que, em 2018, já mostrou potencial de crescimento, quando encerrou o ano com avanço de mais de 100%, saindo de algo em torno de 17 milhões de euros para mais de 30 milhões, com previsão de dobrar novamente este ano.

“Qual maior desafio das empresas? Capitalizar em cima dos dados que elas possuem e boa parte está internalizado. E não se esqueçam de que diversos outros dados são gerados diariamente pelos smartphones, sensores de IoT. E essas informações estão espalhadas por aplicações, banco de dados, nuvens, tudo sem qualquer integração. Integração de aplicativos, cloud, devices e dados é o que fazemos, lideramos esse cenário e entendemos que é isso o que ditará nosso futuro. Temos que estar mais focados em nossa excelência. Queremos ser um provedor essencial, que luta pelas primeiras posições de mercado e não apenas mais um”, avaliou.

Sobre os investimentos em geografias, a ideia não é expandir, mas focar em mercados que, de acordo com suas análises dos últimos meses, Brahmawar entende que a companhia tem potencial que gerar um impacto maior. Surpreendentemente o Brasil não está na lista, embora ele reconheça que se trata de um mercado onde a empresa possui uma das maiores bases de clientes e que, no ano passado, estava entre os focos para a crescente vertical de IoT.

“Geografia é estar nos mercados corretos e onde podemos gerar impacto. 30% do nosso mercado está na América do Norte e, por isso, temos de nos esforçar. Mesmo na Alemanha poderíamos fazer muito mais”, ressaltou o executivo, ao elencar ainda França, Reino Unido, China e Japão como os mercado que receberão atenção especial.

*O jornalista viajou a Darmstadt a convite da Software AG

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