Real Digital deve ser lançado em 2024, estima BC

Executivo do Banco Central falou sobre planos para moeda digital em evento realizado pela Febraban

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8:50 am - 31 de maio de 2022
reais, dinheiro, moeda Imagem: Shutterstock

O lançamento do Real Digital – moeda digital que está sendo desenvolvida pelo Banco Central (BC) – deverá acontecer em 2024, após um “lift” até o fim desse ano e pilotos entre 2023 e 2024. As declarações foram dadas por Fábio Araujo, economista do BC, em evento realizado na última segunda (30) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“A gente tinha a intenção de começar os pilotos [testes] talvez ainda no final desse ano, mas a greve atrasou bastante o cronograma. De toda forma, em 2023 e, em boa parte de 2024, a gente vai ter os pilotos rodando e as condições de ter certeza do lançamento da moeda digital na segunda metade de 2024”, disse Fábio em debate virtual sobre o tema.

O especialista explicou que, diferente de um criptoativo, o Real Digital é uma expressão do real tradicional em um ambiente mais moderno. “É mais uma ferramenta para o BC poder operar no mercado e trazer as vantagens que as novas tecnologias trazem para uma parcela maior da população, para que as pessoas possam usar as tecnologias sem se expor aos riscos que acontecem hoje em dia”.

A moeda digital será garantida pelo BC e trará possibilidades como contratos inteligentes, pagamentos em outros países e uso de IoT.

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Segundo o BC, as pessoas interessadas em usar o Real Digital deverão obter uma carteira virtual de um agente autorizado (como um banco ou uma instituição de pagamento). A versão inicial da moeda digital será uma opção adicional ao uso de cédulas convencionais, e poderá ser convertida para qualquer outra forma de pagamento hoje disponível – como depósito bancário convencional ou em real físico.

No ambiente jurídico, Fábio explicou que essa é mais uma ferramenta para lidar com informações e para prover liquidação. “Temos que garantir a LGPD e temos o paralelo com o Real Oficial e outras operações digitais feitas no setor financeiro. Isso está estritamente ligado à lavagem de dinheiro. A gente acha que é muito importante garantir a privacidade e a prevenção à lavagem de dinheiro e aderir a todos os acordos internacionais e o arcabouço legal brasileiro”, frisou.

Além disso, ao pensar no ambiente de moeda digital, há uma preocupação em relação a prover liquidez e crédito – algo ainda bastante amarrado aos sistemas bancários. Ao inserir o Real Digital, se ele for a única maneira de prover liquidez ou dominar as outras, coloca-se um potencial de migração de depósitos para essa nova forma. Só que, em paralelo, haveria o problema de como o crédito seria gerido nesse ambiente.

Para o BC, quando o ambiente de blockchain estiver disponível, os bancos também poderão oferecer suas moedas privadas. Fábio dá um exemplo: se um cliente tem uma conta no banco A e gostaria de fazer uma transação digital para comprar um carro, ele precisará de uma moeda digital. Ele poderia ir ao banco e pedir o Real Digital ou o banco pode oferecer benefícios para usar outras moedas digitais que ele trabalhe.

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