Quem ignora a cultura de dados perde usuários

Estamos vivendo um momento em que podemos ter acesso a qualquer serviço com apenas um toque. Basta baixar um aplicativo para aquilo que deseja e você terá acesso àquilo que precisa. Simples e fácil. Segundo dados da empresa israelense Appsflyer, somente em 2021 cerca de 20 mil apps foram baixados por minuto no mundo. Essa estatística revela um cenário com um alto potencial de conectividade entre as empresas e seus públicos-alvo por meio de dispositivos móveis.

Mas ainda existe um desafio a ser superado: 57% dos aplicativos são desinstalados logo nos 30 primeiros dias de uso no Brasil, o que nos traz o questionamento de como o quarto maior mercado de apps, conforme a Data.ai, e líder em horas diárias em que as pessoas ficam conectadas a um celular, tem alto número de desinstalação de aplicativos em um período tão curto, mesmo com grande investimento em publicidade pelas empresas desenvolvedoras.

Se de um lado há um mercado extremamente aquecido no desenvolvimento de aplicativos para solucionar as necessidades dos usuários – arrisco dizer que há dezenas de apps que entregam soluções semelhantes – do outro, temos a falta de uma segmentação de público eficaz, que acaba falhando no mapeamento dos aspectos comportamentais e de usabilidade.

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Um dos campos de estudos que temos para encontrar soluções para este problema é o marketing analytics, que nos permite desdobrar os desafios cotidianos enfrentados por negócios presentes no universo digital. Recentemente, participei do Encontro Internacional de Mobile e Apps (MAMA), em São Paulo, onde foi muito debatida a falta de uma cultura orientada por dados para nortear o desenvolvimento e manutenção das funcionalidades. Significa que comportamentos, perfis e preferências ainda são compilados superficialmente, ou muitas vezes nem mesmo levantados, o que afasta oportunidades de promover uma jornada de sucesso ao usuário.

No cenário atual, em que temos mais de 21 milhões de apps nas duas maiores lojas, Google Play e Apple Store, é ainda mais necessário oferecer uma boa experiência, desde a navegação e ativação, como os onboardings e tutoriais, até a retenção – com estratégias de fidelização e entrega de novidades. Além disso, é de extrema importância um trabalho para reconhecer os pontos de fuga dos usuários e de aproveitar as tendências e inovações que ajudem no entendimento de comportamento e consumo, potencializando o alcance dos apps e reduzindo o alto índice de desinstalações.

Podemos usar como exemplo de tendência a chegada do 5G ao Brasil, que já permite testar atrativos como realidade virtual e aumentada com o pequeno público que já com acesso à conexão, possibilitando a garantia de uma experiência única do ao consumidor e resultando na redução de custo de aquisição por usuário, além de aumentar valor monetário e de marca para as empresas.

Sabemos que os desafios do marketing mobile surgem à medida que esse mercado cresce, e o Brasil tem enorme potencial de surfar na onda dos aplicativos e até de subir nesse ranking. Mas entender e vencer esses desafios só depende do quanto você dá atenção à cultura de dados.

* Daniel Konskier é gerente de Business Analytics da DP6

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